O canoísta português Fernando Pimenta é sexto na final de K1 1000 metros, isto depois da prata em K2 1.000, com Emanuel Silva, em Londres2012, e do bronze em K1 1.000, em Tóquio2020. Há três anos o luso tinha sido bronze. Procurava a prenda mais desejada, a dois dias de chegar aos 35 anos, mas não consegue entrar na história, ao tornar-se no primeiro português com três medalhas em jogos. O luso arrancou muito forte, mas não conseguiu resistir, e acabou por lhe faltar gás no metros finais. O checo Dostál venceu o ouro, o metal que Fernando Pimenta mais queria.
Pimenta terminou a final em 3.29,59 minutos, a 5,52 segundos do novo campeão olímpico, o checo Josef Dostal (3.24,07), e não somou a terceira medalha olímpica, depois da prata em K2 1.000, com Emanuel Silva, em Londres2012, e do bronze em K1 1.000, em Tóquio2020.
Ao pódio juntaram-se os dois húngaros, grandes rivais de Pimenta, com Adam Varga (3.24,76) a conquistar a prata e Balint Kopasz (3.25,68) o bronze. O atleta de Ponte de Lima mantém-se como um dos seis portugueses com duas medalhas olímpicas, juntamente com Carlos Lopes, Fernanda Ribeiro, Rosa Mota, o cavaleiro Luís Mena e Silva, além de Pedro Pichardo, que conquistou prata na sexta-feira no triplo salto.
No espelho de água de Vaires-sur-Marne em França, tinha na pagaia o sonho de todos os portugueses, e a última grande oportunidade de Portugal tentar saborear dourado em Paris 2024. Ao longo da competição tinha dado sinais de conforto, consistência e de muita segurança. Mas numa final a oito, com os melhores do mundo em prova, todos lutam pelo 'metal', tudo podia acontecer. Ao ser segundo nas meias-finais, Fernando Pimenta resguardava-se para a final, onde daria tudo, e iria fazer tudo para subir ao mais alto do pódio. A competição era como sempre de peso. O húngaros Ádám Varga, Kopasz, que tinham sido primeiros na série do português e ainda o checo Dostál. Havia ainda o alemão Thordsen, que iria lutar por um lugar ao sol em Paris. Mas para quem está numa final tem sempre aspirações, e o resultado é uma incógnita e estavam em confronto os melhores o mundo, e em que as medalhas são decididas por detalhes, ao longo dos 1000 metros percorridos de canoa.
O início do sonho
Temos que voltar várias décadas atrás para falar do início da história da canoagem portuguesa em Jogos Olímpicos. Vivia-se o ano de 1988, Seul para se ser mais preciso. José Garcia deixava pela primeira vez para as cores lusas uma marca na modalidade em jogos. O português foi às meias-finais, mas não conseguiu chegar à final, mas desbravava caminhos para quem viria a seguir.
Em Sidnei 2000, Emanuel Silva fazia outra brilharete para a canoagem portuguesa, ao chegar à primeira final olímpica nos seus primeiros jogos. Feito notável para o então jovem de 18 anos. Chega então depois mais tarde a primeira medalha para Portugal, com a prata em k2 1000 metros nos Jogos Olímpicos de Londres em 2012, a primeira para a canoagem portuguesa.
Fernando Ismael Fernandes Pimenta nasceu em 1989, em Ponte de Lima. Em 2012, transformou em metal um dos seus sonhos, juntamente com Emanuel Silva. Veio depois o desejo de competir a solo, no K1.
Como disse, em entrevista recente, nas mãos cheias de calos "assentava bem uma medalha de ouro", um percurso brilhante, e sempre no topo do mundo, enquanto campeão mundial e campeão europeu, mas acabou por não conseguir esse objetivo.
Desde cedo que demonstrou grande aptidão para a modalidade e rapidamente demonstrou ter um talento superlativo Deu nas vistas pela primeira vez em 2010, quando conquistou a sua primeira medalha em mundiais de canoagem. No Campeonato do mundo de velocidade de Poznan, na Polónia, Pimenta e Emanuel Silva venceram o bronze no K1 1000 metros, marcando assim o início de uma parceria de sucesso.
Começou então o seu domínio em competições em individuais, destacando-se também pela sua versatilidade, talento, mas também pela capacidade de sacrifício elevada. Habituou-nos a vê-lo no mais alto lugar do pódio. Por isso nestes jogos, o sonho era o ouro não há como escondê-lo.
Em Tóquio, trouxe a medalha de bronze para casa, ao ser terceiro em K1 1000 metros, confirmando os predicados como um dos melhores do mundo. O currículo é pejado de conquistas. Campeonato do Mundo, da Europa, Taças do mundo. A característica principal de Pimenta talvez seja a consistência, dedicação e capacidade de superação. É apesar de tudo a grande figura de Portugal nestes Jogos, apesar da desilusão que certamente deve estar a sentir. Ainda assim, este resultado não mancha em nada o seu percurso que enche de orgulho os portugueses espalhados pelo mundo fora.
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