Tony Estanguet evidenciou hoje o sucesso sem precedentes de Paris2024, recordando a ousadia do Comité Organizador e a preocupação em deixar um legado para as futuras gerações, numa jornada que descreveu como “absolutamente única”.
Ao apresentar o relatório final dos últimos Jogos Olímpicos aos delegados presentes na assembleia geral da Associação dos Comités Olímpicos Nacionais (ANOC), a decorrer no Centro de Congressos do Estoril, o presidente do Comité Organizador discorreu sobre a importância de Paris2024 para França e a “excecionalidade do ponto de vista desportivo” de um evento no qual foram batidos 125 recordes olímpicos.
Do sucesso entre os espetadores, com um novo recorde de bilhetes vendidos – mais de 12 milhões entre os Jogos Olímpicos e Paralímpicos -, ao orgulho coletivo sentido pela realização dos primeiros Jogos paritários, com vários novos máximos de audiência para jogos femininos, Tony Estanguet não se esqueceu de nenhum detalhe, defendendo que estes resultados são fruto “de um longo trabalho”.
“Identificámos desde o início uma visão para mostrar que o sucesso dos Jogos residiria em três princípios: uns Jogos espetaculares, porque as emoções dos Jogos devem ser as mais belas e inesquecíveis possíveis; depois, uns Jogos populares, com programas para envolver todas as comunidades, e o terceiro desafio era repensar o modelo de ‘entrega’, para que os Jogos fossem o mais responsáveis possível e deixassem uma herança às futuras gerações”, enumerou.
O antigo canoísta e campeão olímpico, de 46 anos, recordou que o Comité Organizador foi arrojado, nomeadamente ao realizar pela primeira vez a Cerimónia de Abertura fora de um estádio, mais concretamente no rio Sena, agradecendo aos membros da ANOC por terem apoiado Paris2024 nessa “audácia” que, assumiu, não foi “fácil de concretizar”.
Para Estanguet, era importante envolver a cidade não apenas na Cerimónia de Abertura – espetacular para quem assistiu na televisão, mas menos conseguida ao vivo, até porque choveu torrencialmente durante grande parte das quatro horas que durou -, mas no decorrer dos Jogos.
Assim, o Comité Organizador elegeu “recintos icónicos para celebrar desportos numa nova era”, com as competições a acontecerem “na base da Torre Eiffel”, nos Invalides ou no Palácio de Versailles.
“Foi muito importante oferecer os melhores recintos que temos em França para a celebração dos atletas”, reiterou, notando “a experiência única” proporcionada por Paris2024, que cuidou dos mais ínfimos detalhes e se preocupou também em promover “uma identidade francesa”.
Estanguet admitiu que a grande envolvência criada pelos Jogos, que decorreram entre 26 de julho e 11 de agosto, superou mesmo as expectativas da organização, dando como exemplo a prova de fundo de ciclismo, ganha espetacularmente pelo belga Remco Evenepoel, na qual um milhão de pessoas se reuniu em Montmartre.
O olímpico francês destacou ainda a “inovação de abrir a maratona a todos” ou a criação de um Parque dos Campeões, ponto de encontro entre atletas medalhados e o público, como ‘legados’ dos últimos Jogos.
“A última parte da nossa estratégia era termos um modelo mais responsável de organizar os Jogos. Obrigada por todos os esforços colocados em prática por todas as delegações, todos os desportos. Estabelecemos um novo limite de pegada carbónica”, afirmou.
O antigo canoísta salientou também o impacto que o evento teve em Saint-Denis, “um dos territórios mais pobres de França”, que ‘herdou’ os edifícios da Aldeia Olímpica, mas também programas para a comunidade.
“Para mim, foi uma jornada de 10 anos absolutamente única. Entrei nesta família olímpica há uma década como membro do COI. Estava a descobrir este papel depois de ter sido um atleta e queria agradecer especialmente a três categorias de pessoas: a primeira, a minha equipa”, começou por elencar, antes de agradecer “a todo o staff de Paris2024”.
Estanguet endereçou o segundo agradecimento aos membros da Associação dos Comités Olímpicos Nacionais, assumindo conhecer “todos os esforços” destes organismos, especialmente nos últimos anos, afetados pela covid-19, inflação e conflitos: “Obrigada por protegerem os valores do desporto como fazem, fizeram e continuarão a fazer nos próximos anos”.
O último agradecimento do presidente do Comité Organizador de Paris2024 foi para Thomas Bach, o presidente do COI.
“Obrigada por me teres acolhido nesta família olímpica, obrigada pela tua liderança, porque hoje em dia os desafios são maiores do que nunca. Sei que Paris2024 te deve muito no seu sucesso. Queria agradecer-te a título pessoal, mas sobretudo em nome de Paris2024. Estes Jogos foram um feito coletivo sem precedentes. Foi um prazer e uma honra trabalhar contigo”, concluiu.
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