A cinco meses dos Jogos Paralímpicos Tóquio2020, e ainda sem o apuramento assegurado, o nadador David Grachat cumpre um plano de preparação física em casa, a que chama “trabalho em seco”, devido à pandemia de Covid-19.
“Atualmente, não se pode ir à piscina, nem ao ginásio, por isso a preparação física é feita em casa, com treinos bidiários, de acordo com um plano do preparador físico da federação”, conta o nadador à agência Lusa.
Aos 33 anos, David Grachat quer somar a quarta participação em Jogos Paralímpicos, depois de Pequim2008, Londres2012 e Rio2016, mas assume que neste momento “tudo é incerto”, até porque a qualificação “ainda não fechou”, sabendo-se apenas que Portugal tem direito a uma quota de cinco atletas (quatro masculinos e um feminino).
A pandemia de Covid-19, que já se alastrou a mais de 170 países e territórios, obrigou a seleção portuguesa de natação adaptada a interromper um estágio em altitude na Serra Nevada, em Espanha, que durou apenas uma semana em vez das três previstas.
Ainda sem qualquer previsão de “regresso à normalidade”, David Grachat lembra que já foram canceladas três provas que deveriam decorrer antes do Europeu, agendado para meados de maio, no Funchal, Madeira, a derradeira oportunidade de apuramento para Tóquio.
O nadador, que não tem a mão esquerda, destaca a preocupação da Federação Portuguesa de Natação (FPN), que “disponibilizou trabalho em seco para os atletas estarem ativos em casa e não estarem parados”.
David Grachat admite que consegue cumprir o plano caseiro de treinos que lhe foi traçado, tendo como meta os Jogos Tóquio2020, que deverão decorrer entre 25 de agosto e 06 de setembro, mas reconhece que outros atletas com diferentes deficiências podem sentir mais dificuldades.
“É preciso que tenham um sítio adaptado onde consigam treinar”, refere, assumindo que a preparação do atual ciclo paralímpico tem sido afetada por catástrofes naturais e problemas políticos.
“Em 2017, os Mundiais que deveriam ter sido em outubro no México tiveram de ser adiados para dezembro devido a um sismo, e, dois anos depois, os Mundiais foram transferidos da Malásia para Londres, devido a problemas políticos”, lembra.
David Grachat, que soma vários títulos internacionais entre os quais um de vice-campeão mundial dos 400 metros livres S9 em 2017, considera que os organizadores terão de tomar decisões “difíceis”, mas lembra que há quatro anos também se vivia uma incerteza em relação aos Jogos Rio2016, por causa do vírus Zika.
“Há quatro anos, nesta altura havia preocupações com o Zika, como não afetava o hemisfério norte isso não teve qualquer influência na nossa preparação. Agora é diferente e mais próximo de nós”, afirma.
O novo coronavírus, responsável pela pandemia da Covid-19, infetou mais de 210 mil pessoas em todo o mundo, das quais mais de 8.750 morreram, incluindo duas em Portugal.
Comentários