A chama dos Jogos Olímpicos Paris2024 apagou-se hoje, após 16 dias de competição, com a ‘cidade das luzes’, do amor, da história e dos monumentos a passar o testemunho à Los Angeles das estrelas.
Pouco mais de duas semanas depois da inédita cerimónia de abertura, que pela primeira vez saiu de um estádio e foi vivida ao longo das margens do rio Sena, o Stade de France, com a icónica pista roxa praticamente tapada, tornou-se um teatro, onde se agradeceu aos atletas pelas conquistas e pelas emoções.
Na ideia do coreógrafo francês Thomas Jolly, também responsável pela cerimónia de abertura, ‘Recordes’, o título dado para a despedida dos terceiros Jogos de Paris, serviu também para fazer um tributo ao renascimento dos Jogos Olímpicos, mas também ao regresso do público aos estádios, depois de recintos ‘às moscas’ em Tóquio2020, devido à covid-19.
A Paris do amor, dos monumentos, da história foi homenageada logo a abrir a cerimónia, com a cantora Zaho de Sagazan, que já tinha inaugurado o festival de Cannes, e o coro da Academia Haendel-Hendrix a cantarem, nos Jardins dos Tuileries, onde esteve desde 26 de julho acesa a pira olímpica, a famosa canção Sous le ciel de Paris (Sobre o céu de Paris).
A partir daí, a chama olímpica parte em direção ao Stade de France, com nadador francês León Marchand, que conquistou quatro medalhas de ouro em Paris2024, a levantar uma candeia, com a pira olímpica a extinguir-se definitivamente.
O presidente francês, Emmanuel Macron, e o presidente do Comité Olímpico Internacional (COI), Thomas Bach, entraram, então, no Stade de France, tal como a bandeira francesa, com A Marselhesa a ser interpretada apenas musicalmente.
Em total comunhão, os porta-estandartes das várias nações, entre os quais os portugueses Iúri Leitão e Patrícia Sampaio, presentes entraram no estádio, numa derradeira homenagem aos heróis dos Jogos da XXXIII Olimpíada, passando junto a uma medalha de ouro gigante num palco, transformado, de forma simbólica, num planisfério.
As bandeiras uniram-se à volta do mundo, num sinal de união, com os restantes atletas a juntarem-se a eles, numa algo caótica entrada, mas terminando todos juntos, em redor do palco, numa amálgama perfeita de cores.
Nos primeiros Jogos paritários, as últimas medalhas foram entregues às três heroínas que cumpriram os 42,195 quilómetros da maratona na frente, num momento seguido por uma homenagem aos voluntários, que antecedeu o início do verdadeiro espetáculo, com o Stade de France finalmente tornado num teatro, já sob a escuridão da noite.
De repente, vindo dos céus, um viajante dourado aterra no centro do Stade de France, acompanhado por um jogo de luzes claro e escuro, num regresso ao início da humanidade.
Já depois de se ter ouvido o hino da Grécia, país fundador dos Jogos, e um espetacular jogo de luzes, que simulava o Baer do coração ou um atleta a correr, o viajante dourado continua a sua caminhada e encontra a deusa grega da vitória, Nike, antes de uma voz do passado ecoar e recorda o renascimento dos Jogos da Era Moderna.
Numa homenagem àqueles que fizeram renascer os Jogos, enormes aros ganham vida, num enorme número de dança, protagonizado por dezenas de bailarinos, enquanto o pianista Alain Roche, suspenso verticalmente no ar, toca o Hino a Apolo, o mais antigo hino grego conhecido e que foi tocado pela primeira vez em 16 de junho de 1894, num congresso que procurava recriar os Jogos.
O final da jornada do viajante dourado acontece quando os cinco anéis olímpicos são levantados no ar, por cima de uma torre humana, então o centro do Stade de France torna-se então uma festa, com os atletas a tomarem conta dele, em excesso, acabando por ser expulsos, a muito custo, do palco, antes da entrada em cena da banda francesa Phoenix, que antecedeu os discursos do presidente do comité organizador, Tony Estanguet, e de Thomas Bach.
A bandeira olímpica passa então das mãos da autarca de Paris, Anne Hidalgo para Bach, que entrega a responsabilidade dos Jogos de 2028 à ‘mayor’ de Los Angeles, Karen Bass, com a cantora H.E.R a cantar o hino dos Estados Unidos, já com a ginasta Simone Biles com a bandeira na mão.
Qual filme de Hollywood, com Tom Cruise a descer do topo do estádio, a bandeira olímpica parte rumo a Los Angeles de moto conduzida pelo ator, que a vai entregar, após algumas manobras à Missão Impossível, a alguns nomes do olimpismo, como a ciclista de montanha Kate Courtney, o skater Jaeger Eaton e o ‘mítico’ velocista Michael Johnson, junto com muitos anónimos junto aos mais conhecidos locais da ‘cidade dos anjos’, sempre ao som dos Red Hot Chili Peppers, que tocaram em Venice Beach, tal como Billie Eilish.
Com grande parte dos atletas já em debandada, apareceu nos ecrãs uma das figuras destes Jogos, mesmo que seja fora das áreas de competição, o também californiano Snoop Dog, figura praticamente omnipresente em Paris, depois de ter transportado a chama olímpica a poucas horas da cerimónia de abertura.
Então, já perto da meia-noite na capital francesa, a chama, ainda transportada por Marchant, é apagada e apenas voltará a ser acesa em 2028, em Olímpia, antes de começar nova longa travessia até chegar à Costa Leste dos Estados Unidos.
Comentários