A Agência antidopagem, a Rusada, foi acusada pela Agência Mundial Antidoping de adulteração de ficheiros informáticos do seu laboratório entre 2011 e 2015, com vista a encobrir um programa generalizado de doping naquele país.
Ao todo, a AMA investigou 298 processos de atletas russos, suspeitos de terem beneficiado de doping entre 2011 e 2015. A equipa de investigação da AMA informou através de um comunicado que "forneceu os dossiês detalhados a 28 organizações antidopagem, incluindo 27 federações internacionais e um organismo responsável por grandes manifestações".
Dos 298 dossiers enviados pela AMA, 145 foram afetados pela falsificação de dados, uma manipulação observada pela agência, que em dezembro de 2019 transmitiu ao Comité de Revisão de Conformidade (CRC) que a Agência Antidopagem da Rússia (Rusada) não estava em conformidade com o código mundial de antidopagem, que originou a exclusão da Rússia de grandes eventos desportivos, incluindo os Jogos Olímpicos, por quatro anos.
Conhecida em dezembro de 2019, a decisão da AMA deixava a Rússia de fora dos Jogos Olímpicos de verão em Tóquio (em 2021, adiados de 2020), dos Jogos Olímpicos de inverno de Pequim (2022) e ainda do Mundial de futebol do Qatar (2022).
Sendo assim, só atletas da Rússia que possam comprovar que estão limpos de qualquer prática de dopagem poderão competir sob bandeira neutra, como decisão sem precedentes de um litígio em curso desde há vários anos, que envolve até o ministério do Desporto daquele país.
Grigory Rodchenkov, que se refugiou nos Estados Unidos após ter sido forçado a demitir-se da Rusada, confessou em 2016 ter orquestrado um esquema de manipulação e ocultação de provas quanto a práticas de dopagem, um sistema colocado em ação nos Jogos de Inverno Sochi2014.
O antigo chefe do laboratório antidopagem de Moscovo que denunciou o ‘escândalo’ na Rússia considera que os atletas russos deverão ser todos proibidos de participar nos Jogos Olímpicos Tóquio2020, adiados para 2021 devido à pandemia de COVID-19
Em entrevista recente à BBC, Rodchenkov afirmou que a decisão da Agência Mundial Antidopagem (AMA) de excluir a Rússia de Jogos Olímpicos e competições Mundiais, deve ser total e sem exceções.
"Deve ser uma proibição total e sem exceções", afirmou Rodchenkov, o principal denunciante do esquema de doping organizado, que em finais de 2015 foi forçado a abandonar o cargo no laboratório e que se refugiou nos Estados Unidos, (sob nova identidade) de onde continuou a lançar acusações contra as autoridades russas.
Rússia defende-se com... motivações políticas
O presidente russo, Vladimir Putin, defendeu que a decisão da Agência Mundial Antidopagem (AMA) tem uma "motivação política".
"Qualquer punição deve ser individual e não coletiva", defendeu o chefe de Estado russo, dizendo acreditar que a sanção à Rússia se explica "não pela preocupação de ter um desporto limpo", mas sim por "uma motivação política".
Para Vladimir Putin, a decisão da AMA “contraria a Carta Olímpica”, o documento estruturante do Movimento Olímpico e da organização dos Jogos Olímpicos.
"Não há qualquer repreensão a fazer ao Comité Olímpico russo, e se não há nenhuma repreensão a este comité, então o país deve poder participar nas competições sob a sua bandeira nacional", declarou.
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