O presidente da Agência Mundial Antidopagem (AMA) manifestou-se hoje “dececionado” com a redução para dois anos da sanção que proíbe a Rússia de participar em competições desportivas internacionais, enquanto a autoridade antidoping do país se mostrou conformada.
“Estamos dececionados porque o Tribunal Arbitral do Desporto [TAS] não concordou com uma sanção de quatro anos. Acreditamos que esta era proporcional e justa. Mas é uma decisão da mais alta instância, que temos de respeitar”, afirmou Witold Banka, presidente da AMA.
No entanto, Banka lembrou que a sanção hoje imposta pelo TAS, que afasta a Rússia de grandes competições desportivas durante dois anos, “é a mais severa alguma vez imposta a um país por questões relacionadas com doping”.
“A Rússia não poderá participar em nenhuma competição, como os Jogos Olímpicos e Paralímpicos, nem candidatar-se à organização de grandes eventos. Não se verá a bandeira da Rússia, nem se ouvirá o hino. Isto envia uma mensagem clara de que não se toleram esquemas institucionalizados para subverter as regras”, acrescentou o presidente da AMA.
Banka disse ainda que “as autoridades russas tiveram todas as oportunidades de colocar ‘ordem na casa’ e voltarem a juntar-se à comunidade mundial na luta antidopagem, mas optaram sempre por seguir pelo caminho errado, negando evidências”.
A Agência Russa Antidopagem (Rusada) admitiu não estar plenamente satisfeita com a decisão do TAS, mas classificou como “uma vitória” a possibilidade de os desportistas ‘limpos’ serem autorizados a competir sob bandeira neutra.
“A Rusada não está plenamente satisfeita com a decisão do TAS. Lamentavelmente, os árbitros do TAS declararam a nossa inconformidade com o código da AMA e fixaram um prazo de dois anos para a nossa reintegração”, refere o organismo, em comunicado.
O TAS anunciou hoje a exclusão da Rússia das grandes competições desportivas internacionais por um período de dois anos, por incumprimento das regras antidoping, o que inviabiliza a participação do país nos Jogos Olímpicos Tóquio2020, adiados para 2021, e nos Jogos Olímpicos de Inverno Pequim2022.
A decisão, tomada por três árbitros nomeados pelo TAS, representa metade da sanção proposta pela AMA, que tinha pedido quatro anos de suspensão.
Os atletas russos que nunca tenham sido sancionados por doping poderão, de acordo com a decisão, participar em competições internacionais, mas sob bandeira neutra.
A AMA anunciou em dezembro de 2019 a decisão de banir por quatro anos a bandeira russa dos principais eventos desportivos, incluindo os Jogos Olímpicos Tóquio2020 e Paris2024, além dos Jogos de Inverno Pequim2022, impedindo ainda a realização de eventos de larga escala em solo russo.
A Rusada, acusada da adulteração de ficheiros informáticos deste laboratório entre 2011 e 2015, com vista a encobrir um programa generalizado de doping no país, recorreu da decisão para o TAS.
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