O presidente da UEFA, o esloveno Aleksander Ceferin, afirmou hoje, na conferência Football Talks, que parar o cronómetro de jogo, de forma a aumentar o tempo útil, “significaria que o futebol já não seria futebol”.
Através de videoconferência, o líder do organismo que rege o futebol europeu abriu o fórum de reflexão sobre a modalidade, organizado pela Federação Portuguesa de Futebol (FPF), na Cidade do Futebol, em Oeiras, na qual abordou diversos temas, como a preocupação com o tempo útil de jogo, numa altura em que alguns defendem, por exemplo, reduzir um jogo de 90 para 60 minutos, com o tempo a parar quando a bola está fora.
“Isso seria um passo na direção errada. Por exemplo, um jogo de basquetebol europeu dura 40 minutos, mas, no entanto, demora três horas. O futebol é diferente, pois têm de jogar a 40ºC ou a -5ºC e demoraria cinco horas. Não devíamos pensar nisso, mas os árbitros deviam castigar mais quando há perda de tempo. Parar o tempo significaria que o futebol já não seria futebol”, expressou, na sessão de abertura do Football Talks.
Aleksander Ceferin admitiu também que a tecnologia no futebol “pode ser muito útil”, mas que não deve, de todo, “substituir o fator humano”, pois há decisões arbitrais que variam consoante a pessoa.
“O árbitro em campo devia ter sempre a última palavra, pois o futebol é ao vivo e cada situação é diferente. Continua a haver problemas em lances de bola na mão, ainda não é claro. Numa conferência com os principais treinadores europeus, vimos uma situação dessas e metade disse que sim e metade disse que não. É um pouco complicado ainda. A tecnologia nunca devia substituir o fator humano, mas pode ser muito útil”, afirmou.
Ceferin lembrou que, no início, “também duvidava” em relação ao videoárbitro (VAR), que, “com algumas alterações e melhorias, provou ser uma ferramenta muito boa”, e apontou agora para a introdução do fora de jogo semiautomático, já testado em jogos.
“Há muitas coisas que podem melhorar a experiência do futebol. É simplista dizer que a nova geração já não segue o futebol. Não é verdade. Não há nada comparável com um jogo ao vivo no estádio. As nossas televisões fazem mais, mas o futebol é futebol e não devia ser substituído por tecnologia”, reforçou o dirigente, no cargo desde o ano 2016.
No arranque da conversa, Ceferin aproveitou ainda para agradecer à FPF e a Fernando Gomes, presidente do órgão federativo, que “sempre foram parte” da equipa da UEFA, sobretudo no período pandémico, ao organizarem duas finais consecutivas da Liga dos Campeões, em Lisboa e no Porto, estendendo também os agradecimentos ao Governo.
O fórum Football Talks decorre entre hoje e terça-feira, na Cidade do Futebol, com um programa vasto que assenta em temas relacionados com os cinco pilares estratégicos identificados no Plano Futebol 2030 da FPF: Infância e Crescimento, Futebol para Todos e Todas, Qualidade do Jogo, Envolvimento e Sustentabilidade do Ecossistema.
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