Tiago Pinto, atual diretor desportivo do Bournemouth, concedeu uma entrevista ao jornalista italiano Gianluca Di Marzio, onde, para além do balanço da temporada dos 'cherries', falou também das suas passagens por Benfica e AS Roma.

Outro nome em comum com estes dois clube é Mile Svilar, jogador com que o dirigente admite ter uma relação especial desde a passagem de ambos pelos encarnados.

"Eu nunca desisto dos meus jogadores. Quando escolho um jogador, faço sempre tudo o que posso para garantir o seu sucesso. O Mile é um tipo muito especial. Todos os treinadores de guarda-redes que trabalharam com ele disseram-me que era o melhor. Todos os jogadores que jogaram com ele, todos os treinadores que o treinaram, disseram-me o mesmo. O que lhe faltava era o 'clique', porque quem o via nos treinos sabia imediatamente que ele não era normal. É um daqueles jogadores da minha carreira que ainda me emociona quando vejo as suas defesas. No Benfica, chamava-lhe 'o meu Golden Boy'. Estou muito feliz por ele, mas isto é tudo obra dele - não tenho nada a ver com isso. Para mim, era óbvio que ele se tornaria um dos melhores do mundo - era apenas uma questão de tempo", afirmou.

Sobre as diferenças entre o Bournemouth e os outros clubes por onde passou, Tiago Pinto afirmou que encontrou na Premier League algo que não teve, quer no Benfica, quer na AS Roma.

"Penso que em Inglaterra, e especialmente no Bournemouth, encontrei algo que sempre foi muito importante na minha carreira: a estratégia. Não se ganha no futebol pela emoção. Nasci em Portugal, adoro Itália, mas tenho uma mentalidade um pouco alemã. Preciso de ter uma estratégia e um plano sem mudar em função dos resultados. No Bournemouth encontrei esta capacidade de planear o futuro, de ter uma estratégia clara de recrutamento e do futebol que queremos jogar. É muito diferente da Roma e do Benfica, onde a pressão da imprensa e dos adeptos - e no Benfica também as eleições - tornam mais difícil manter uma estratégia a longo prazo", acrescentou.

Apesar de Benfica e Roma serem clubes conhecidos pelas suas feverosas massas adeptas, o dirigente português coloca os 'gialorossi' num patamar superior em termos de paixão.

"Roma é um lugar especial. Nos três anos em que estive lá, nunca fui do tipo que falava muito dos adeptos, mas sinto muita falta deles. O que vivi naquele estádio, acho que não se pode viver noutro lugar. A paixão que os adeptos têm pela equipa é de arrepiar. Tive muita sorte. Durante esses três anos, todos os dias, nas ruas, os adeptos tratavam-me como um deus. Brinco um pouco com os meus amigos do Benfica - dizemos sempre que os adeptos do Benfica são os melhores do mundo - mas digo-lhes que só dizem isso porque nunca estiveram em Roma. A paixão dos adeptos da Roma é algo de espetacular. Essa experiência ajudou-me muito a crescer como diretor desportivo. Gostei muito de trabalhar em Itália com grandes diretores desportivos como Paolo Maldini, Massara, Ausilio e Pantaleo Corvino - que é um amigo e me ajudou muito. Mas o que me faz falta é o ambiente e a paixão dos adeptos", sublinhou.