A Associação de Futebol de Angra do Heroísmo considerou hoje ser uma "tremenda injustiça" a decisão da Federação Portuguesa de Futebol sobre as subidas à II Liga de futebol, após a suspensão dos campeonatos devido à covid-19.
"Ficamos incrédulos com essa decisão. Quanto à decisão em si, para nós é de uma tremenda injustiça e sem qualquer tipo de coerência. Também estranhamos a rapidez com que foi tomada, sem ouvir as associações, sem ouvir os clubes", disse à agência Lusa o presidente da Associação de Futebol (AF) de Angra do Heroísmo, Paulo Gomes.
A Federação Portuguesa de Futebol (FPF) anunciou no passado sábado, através de comunicado, que vai indicar o Vizela e o Arouca para a subida, alegando o "mérito desportivo", já que foram os "dois clubes com maior número de pontos".
De fora da decisão da FPF, ficou o Praiense, líder da série C e clube federado na AF de Angra do Heroísmo.
O presidente daquela associação referiu que esteve ao longo dos últimos dias em contacto com as associações dos oito primeiros classificados das quatro séries do Campeonato de Portugal, de modo a que pudessem "contribuir para uma solução" junto da FPF.
"Os meus colegas [presidentes de outras AF] foram todos surpreendidos todos com esta decisão. Achamos que teria sido muito mais benéfico se a FPF tivesse ouvido as associações e todos em conjunto podíamos tentar arranjar outras formas de promover mais clubes", destacou.
O presidente da AF de Angra do Heroísmo disse ter conhecimento do "protocolo" entre a Liga e FPF, que apenas permite a subida de dois clubes ao segundo escalão do futebol português, mas referiu que "excecionalmente" deveriam subir os quatro primeiros classificados de cada série.
"Entendo que se houvesse uma pressão, conversas entre a FPF, a Liga e até com o próprio governo para, excecionalmente esta época e para não prejudicar ninguém, pelo menos os quatro clubes que estavam em primeiro terem a hipótese de disputar a II liga", defendeu.
Paulo Gomes disse ainda existir "um bocadinho de hipocrisia" pelas únicas "duas entidades que concordam" com a decisão da FPF, os beneficiários Vizela e Arouca, frisando que "não pode haver comparação entre séries".
O Praiense promoveu hoje uma conferência de imprensa onde o presidente do clube Marco Monteiro se fez a acompanhar pelo presidente da Câmara Municipal da Praia da Vitória, Tibério Dinis, que endereçou "total solidariedade" para com o clube do concelho.
Na ocasião, Marco Monteiro avançou que, antes da decisão da FPF, o diretor daquele organismo, Carlos Lucas, manteve "contacto informal" com os clubes, informando-os de que se deveriam preparar para disputar um play-off para decidir quais os dois clubes que subiriam à II Liga.
Após a decisão, o Praiense, juntamente com os outros cinco clubes (Lusitânia de Lourosa, Real, Fafe, Benfica de Castelo Branco e Olhanense), solicitaram uma reunião com presidente da FPF, Fernando Gomes, não tendo dito resposta "até ao momento".
Marco Monteiro referiu também que o clube está a trabalhar numa "situação judicial" face à "injustiça" da decisão da FPF.
Até à conclusão da competição, o Praiense era líder da série C do Campeonato de Portugal, com 11 pontos de vantagem (53 contra 42) sobre o segundo classificado, o Benfica de Castelo Branco, com 25 jogos disputados.
Vizela (Serie A, com 60 pontos), Arouca (B, com 58) e Olhanense (D, com 57) são os outros líderes.
O Campeonato de Portugal é composto por 72 clubes, dividido em quatro séries, cada uma com 18 equipas, sendo que os dois primeiros classificados de cada série são apurados para um ‘play-off' que determina a subida de dois clubes à II Liga.
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