O Conselho Fiscal e Disciplinar (CFD) do Sporting decidiu hoje expulsar de sócio 26 dos envolvidos no ataque à Academia de futebol do clube e suspender quatro, anunciou o órgão social ‘leonino’, em comunicado.
Bruno Jacinto, antigo Oficial de Ligação aos Adeptos (OLA) do clube, foi o único dos 31 associados alvos de processo disciplinar que escapou a sanção, com o arquivamento do procedimento contra si.
Além dos 26 expulsos, o CFD ‘verde e branco’ suspendeu um sócio por um ano, outro por seis meses e dois por três, detalha o mesmo comunicado.
“As infrações disciplinares cometidas são especialmente graves, e, para a maior parte dos sócios visados, consubstanciam uma quebra da relação de confiança irremediável, absoluta e inultrapassável, entre o visado e o Clube, pelo que não restou alternativa ao CFD do que aplicar penas de expulsão a 26 dos 31 sócios visados”, justificou o órgão liderado por Joaquim Baltazar Pinto.
O CFD acrescenta que “os sócios visados foram notificados da decisão final, tendo sido comunicado que das decisões de expulsão e de suspensão cabe recurso para a Assembleia-Geral, com efeito suspensivo e devolutivo respetivamente”.
As decisões tomadas pelo CFD decorrem da análise ao acórdão do processo da invasão à Academia do clube, que data de 28 de maio último, salvaguardando “que as decisões judiciais condenatórias não transitaram ainda em julgado”.
A decisão da primeira instância judicial terminou com nove condenações a prisão efetiva, 28 a pena suspensa, quatro multas e três absolvições, entre as quais a de Bruno de Carvalho, antigo presidente do clube, Nuno Mendes ‘Mustafá’, líder da claque Juventude Leonina, e Bruno Jacinto.
O coletivo de juízes presidido por Sílvia Pires aplicou penas máximas de cinco anos, suspensas para os arguidos sem antecedentes criminais e efetivas para os arguidos com cadastro.
Além do antigo presidente, destituído do cargo em junho de 2018, foram também absolvidos Bruno Jacinto, e ‘Mustáfa’, que além da autoria moral estava também acusado de tráfico de estupefacientes.
Nas alegações finais, o MP referiu que “não se provou que os arguidos tenham agido com outra intenção que não a de agredir os jogadores e equipa técnica, não procurando intimidar outras pessoas”.
No acórdão, o coletivo considerou provado que 37 dos 44 arguidos entraram na academia “de rompante”, depois de terem “intimidado os jornalistas que se encontravam à porta”.
Segundo o acórdão, ficaram também provadas as agressões a jogadores e elementos da equipa técnica e o uso de engenhos pirotécnicos, que conduziram à aplicação de 11 penas por ameaça agravada, e 17 de ofensa à integridade física qualificada, a 37 dos 41 arguidos punidos pelo crime de introdução em lugar reservado ao público.
Entre os nove arguidos punidos com penas efetivas de prisão de cinco anos estão Elton Camará, conhecido como ‘Aleluia’, Fernando Mendes, antigo líder da claque Juventude Leonina, e Nuno Torres, o condutor do famoso BMW azul que entrou na academia pouco depois do ataque.
Dos 41 arguidos condenados, apenas quatro foram punidos com penas de multa. As penas cuja aplicação fica suspensa por cinco anos, impostas a 28 arguidos, variam entre os três anos e 10 meses e os quatro anos e 10 meses.
Após a leitura do acórdão, a juíza recorreu à linguagem desportiva para se dirigir aos arguidos: “Quem leva hoje pena suspensa não deve esquecer-se de que a bola está do vosso lado, vejam como querem jogar. Agarrem esta oportunidade que vos está a ser dada”.
Sílvia Pires disse ainda ter esperança de o tempo que a maioria dos arguidos esteve detida preventivamente, que em alguns casos chegou aos 15 meses, “os tenha feito abrir os olhos”.
Mesmo no final da 38.ª e última sessão do processo, que pertencia ao tribunal de Almada, mas por razões logísticas decorreu em Monsanto, a juíza considerou que os arguidos colocaram o lema do Sporting na lama.
“O lema do Sporting foi à lama, nem esforço, nem dedicação, nem devoção, nem glória. Quem ama não bate, não ameaça, nem injuria”, afirmou.
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