Miguel Pinto Lisboa, presidente do Vitória de Guimarães, voltou a pronunciar-se sobre os insultos racistas dos adeptos vimaranenses a Moussa Marega no último domingo. Em entrevista ao jornal Record, o dirigente do emblema minhoto considera que o clube "não pode ser utilizado como bode expiatório".
"Temo que haja consequências negativas, porque, conforme já dissemos, estas situações não aconteceram só em Guimarães. Já aconteceram noutras latitudes. O que deu relevância foi o facto de o atleta visado ter demonstrado vontade de sair do terreno do jogo. É um tema que é transversal não só ao desporto, mas também a toda a sociedade. Obviamente estamos expostos. Desde o início que estivemos disponíveis para colaborar com todas as autoridades na identificação de quem possa ter praticado o ato. A incidência deve estar mais sobre quem praticou os atos de racismo e não sobre a coletividade, que não se revê neles", frisou o dirigente.
Miguel Pinto Lisboa considera que "seria injusto" castigar o Vitória, que, recorde-se, arrisca uma suspensão entre um a três jogos à porta fechada.
"Seria injusto para o clube, porque não se revê nesses atos. O Vitória pautou-se sempre pela igualdade. Temos exemplos de grandes capitães que eram de cor e temos uma história de quase 100 anos em que tivemos vários atletas de cor. Não é uma coisa que seja imposta, é intrínseca ao clube. Não há só este caso em Portugal, há 15, e nós não podemos pactuar com virgens ofendidas. O racismo não vai acabar por penalizarmos o Vitória. Não podemos ser o bode expiatório", atirou.
Miguel Pinto Lisboa admite, ainda assim, que o incidente em Guimarães foi "o ponto mais negativo" do seu mandato.
"Claramente foi um ponto negativo, sendo certo que não reflete em nada o que é o Vitória, nem os seus sócios, na sua esmagadora maioria. É um ato que poderá ser imputado a algumas pessoas. O Vitória já emitiu um comunicado em que demonstra, inequivocamente, a sua posição. Desde o início, sempre dissemos que, fosse qual fosse o ponto prévio, um ato de racismo nunca seria justificável. Entendo que racismo, violência e xenofobia têm de ser erradicados do desporto, neste caso concreto, do futebol. Sim, posso concordar que foi o ponto mais negativo que vivi como dirigente desportivo", observa.
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