O presidente da Confederação dos Treinadores de Portugal mostrou-se hoje “preocupado” com a acusação de fraude ao Sporting na inscrição de Rúben Amorim pela Liga Portuguesa de Futebol Profissional, lamentando que a imagem dos técnicos fique prejudicada.

“Vejo [este caso] com alguma preocupação, porque, face aquilo que tive acesso, parece que é um processo que vem de um passado e que, entretanto, há muita coisa que se alterou. Acho estranho, agora, darem importância a isto e não se ter dado na altura”, começou por dizer Pedro Sequeira, em declarações à agência Lusa.

Na segunda-feira, o Sporting anunciou que iria contestar a acusação deduzida pela Comissão de Instrutores da Liga de clubes, na sequência de uma participação efetuada pela Associação Nacional de Treinadores de Futebol (ANTF), em março de 2020.

Para o dirigente, a alegada fraude na inscrição “não é benéfica para os treinadores e, acima de tudo, para o futebol”, uma vez que “já existe uma nova lei em vigor”.

Apesar de considerar que a “justiça anda muito devagar”, Pedro Sequeira apela a uma “reflexão e revisão” dos regulamentos das próprias federações, relativamente à formação dos treinadores e exemplifica: “No caso do futebol, a Federação Portuguesa de Futebol (FPF) tem, normalmente, uma excelente regulamentação e documentação, mas, depois, tem uma Liga profissional que algumas coisas têm autonomia e outras não.”

Casos semelhantes nas restantes modalidades “não acontecem tanto”, mas, quando ocorrem, existem formas para ultrapassar, segundo o presidente do organismo.

“Treinadores com habilitações, que depois de alguma forma estejam a treinar equipas que não podem, estão previstas exceções e formas como podem ser ultrapassadas. Parecem-me, desde há muito tempo, que o futebol já devia ter feito algumas coisas nesse sentido”, observou.

Por fim, Pedro Sequeira, que toma posse como presidente da Comissão de Métodos da Federação Europeia de Andebol em 24 de abril, lamenta que a imagem dos treinadores fique mal vista, dando a entender que se “tenta enganar os clubes e a FPF”, e apela ao “esclarecimento”.

Rúben Amorim, de 36 anos, chegou ao emblema de Alvalade em 05 de março de 2020, proveniente do Sporting de Braga e com o terceiro nível de treinador, num compromisso válido por três épocas e renovado na quinta-feira por mais um ano, até junho de 2024.

O Conselho de Disciplina da Federação Portuguesa de Futebol dispõe de 45 dias, contados a partir da autuação do processo, para deliberar sobre a acusação, que estão suscetíveis de evoluir para 75, em contextos fundamentados de complexidade da causa.

Se o processo não for arquivado, Sporting e Rúben Amorim poderão recorrer ao Tribunal Arbitral do Desporto, ao Tribunal Central Administrativo do Sul, ao Supremo Tribunal Administrativo e, em última instância, se for caso disso, para o Tribunal Constitucional.

Após 22 jornadas, os ‘leões’ lideram invictos a I Liga, com 18 vitórias e quatro empates, traduzidos em 58 pontos, mais 10 do que o campeão FC Porto, 12 acima do Sporting de Braga, que defronta hoje o Vitória de Guimarães, e com 13 de avanço sobre o Benfica.