Os protagonistas da edição 2023/24 da I Liga portuguesa de futebol de A a Z:

A – ÁNGEL DI MARÍA

De regresso à Luz, 13 anos depois, o argentino campeão mundial foi um dos melhores do Benfica, mostrando que, aos 36 anos, continua a ter uma qualidade à parte, alicerçada num pé esquerdo capaz de colocar a bola onde quer, e uma presença marcante.

Esteve em 28 jogos, nos quais somou nove golos, incluindo dois penáltis e um livre direto, e 10 assistências, número que poderia facilmente ter dobrado se os companheiros de equipa tivessem sabido aproveitar tantos e tantos passes ‘açucarados’.

B – BANZA, SIMON

O avançado congolês foi a grande figura do Sporting de Braga, graças à grande capacidade de finalização demonstrada, para um recorde pessoal de 21 golos, número que, num ‘pequeno’, ninguém conseguiu há quase três décadas – Hassan, no Farense, em 1994/95.

Mostrou um grande poderio sobretudo no jogo aéreo, ao apontar 10 golos de cabeça, máximo da prova, e foi sobretudo efetivo na primeira volta, com 14, não mantendo o nível após a presença, em janeiro e fevereiro, na Taça das Nações Africanas (CAN2023).

C – COATES, SEBASTIÁN

Na 10.ª época ao serviço do Sporting, voltou a ser o ‘capitão’ e líder da defesa, atuando preferencialmente no meio, no inamovível ‘3-4-3’ de Rúben Amorim, sem ‘esquecer’ as suas ‘obrigações’ ofensivas.

Contabilizou 29 jogos, 26 dos quais como titular, e apontou quatro golos, todos na segunda volta, incluindo um inusitado ‘bis’ no 8-0 ao Casa Pia e, como não podia deixar de ser, um golo como ponta de lança, para evitar o desaire em Vila do Conde (3-3).

D – DIOGO COSTA

Apesar de ter vivido uma época algo atribulado, incluindo uma expulsão no Estoril, num desaire por 1-0, foi o guarda-redes titular (em 33 ocasiões) da defesa menos batida (27 golos sofridos), o único ‘troféu’ do FC Porto neste campeonato.

Aos 24 anos, e já no terceiro ano como dono da baliza dos ‘azuis e brancos’, não fez, longe disso, a melhor época na baliza dos ‘dragões’, mas também não foi por ele que o FC Porto não foi capaz de lutar, verdadeiramente, pelo título.

E – ESSENDE

O Vizela esteve desastrado sob o comando de dois treinadores espanhóis (Pablo Villar e Ruben de la Barrera), depois do 11.º lugar de 2022/23, e desceu de divisão, mas a culpa não foi, certamente, do avançado Samuel Essende.

O jogador francês de 26 anos, recrutado ao Caen, terminou a prova com 15 golos, grande parte dos 36 apontados pelo penúltimo classificado, isto apesar de não ter concretizado qualquer grande penalidade – falhou a única que tentou.

F – FRANCISCO CONCEIÇÃO

Não começou a época como titular, mas foi aproveitando os minutos que o pai, Sérgio Conceição, lhe foi dando para mostrar qualidade, e irreverência, para terminar a época como um dos indiscutíveis do ‘onze’ e um dos mais desequilibrantes.

As exibições que fez valeram-lhe mesmo a primeira internacionalização ‘AA’ e, ainda que seja difícil, pode sonhar com um lugar nos 26 eleitos lusos para o Euro2024. Comportamento, porém, a rever (nove amarelos e um vermelho por acumulação).

G – GENY CATAMO

Foi o maior ‘joker’ lançado por Rúben Amorim em 2023/24, depois de duas épocas de empréstimo sem grande destaque a Vitória de Guimarães e Marítimo, um elemento inesperado que acabou por ser determinante na conquista do título pelo Sporting.

Titular em 17 dos 27 jogos em que participou, o moçambicano de 23 anos foi a revelação da época e entrou para a ‘lenda’ ao decidir o jogo do título, quando, à 28.ª jornada, marcou dois golos ao Benfica, incluindo o 2-1 final, aos 90+1 minutos.

H – HÉCTOR HERNÁNDEZ

O Desportivo de Chaves caiu, depois do brilhante sétimo lugar de 2022/23, mas a culpa não foi certamente de Héctor Hernández, que, na segunda época no clube flaviense, dobrou os sete golos da época passada e finalizou o campeonato com 14.

O avançado espanhol, de 28 anos, foi o ponta de lança que a equipa precisava, marcando quase 50 por cento dos tentos do conjunto de Trás os Montes, isto apesar de não ter feito uma segunda volta (cinco golos) ao nível da primeira (nove).

I – INÁCIO, GONÇALO

Cumpriu a terceira temporada consecutiva como titular indiscutível na defesa a três de Rúben Amorim e foi importante na conquista do título pelos ‘leões’, apesar da marcante expulsão na Luz, que conduziu à derrota com o Benfica por 2-1.

Maioritariamente ao lado de Coates e Diomande, contabilizou 32 jogos, 28 dos quais como titular, com um golo marcado, na derrota em Guimarães (2-3), sendo que, aos 22 anos, e com lugar certo no Euro2024, poderá sair e render muitos milhões.

J – JHONDER CÁDIZ

Na sétima época no futebol luso, e terceira consecutiva no Famalicão, viveu, por grande margem, a sua melhor temporada goleadora de sempre, ao fechar o campeonato com 15 golos, depois de um em 2021/22 (14 jogos) e quatro em 2022/23 (24).

O avançado internacional venezuelano, de 28 anos, mostrou-se um jogador maduro e implacável dentro da área, nomeadamente no jogo aéreo (sete golos de cabeça), num trajeto marcado pelo ‘bis’ no Dragão, num empate a dois golos.

K – KÖKÇU, ORKAN

Foi uma das contratações mais caras do futebol português e, em particular do Benfica, que pagou 25 milhões de euros ao Feyenoord, mas o médio turco não rendeu o que os responsáveis ‘encarnados’, certamente, esperavam.

Sem lugar como ‘10’, ‘culpa’ de Rafa, jogou maioritariamente na dupla de médios centrais, ao lado de João Neves, e teve uma entrevista polémica a mostrar descontentamento, num campeonato em que somou sete golos e oito assistências, em 27 jogos.

L – LEONARDO, MARCOS

O avançado brasileiro, chegado apenas em janeiro, só foi titular em três ocasiões, de 14 utilizações, mas somou sete golos e acabou como o ponta de lança que mais golos marcou, superando Arthur Cabral (seis), Musa (cinco) e Tengstedt (três).

A posição ‘9’ foi, indiscutivelmente, um dos grandes problemas do Benfica em 2023/24, já que nenhum se impôs no ‘onze’, pelo que Gonçalo Ramos, que rumou ao Paris Saint-Germain, não foi devidamente substituído, como Grimaldo, na esquerda da defesa.

M – MUJICA, RAFA

O avançado espanhol formou com o compatriota Cristo González uma dupla implacável no ataque do Arouca: somaram, em conjunto, 35 golos, dos 54 apontados pelo conjunto aveirense, que ficou num mais do que honroso sétimo lugar.

O jogador de 25 anos, autor de 20 golos, já nem acabou a época na I Liga, partindo, com duas rondas por disputar, para o Al Sadd, do Qatar, em troca de 10 milhões de euros, um verdadeiro ‘jackpot’ para o clube.

N – NEVES, JOÃO

Com apenas 19 anos, foi a grande figura do Benfica, ‘enchendo’ o meio campo com a sua ‘omnipresença’, a capacidade para estar em todos os sítios e tomar, quase sempre, a decisão certa, seja a destruir ou a construir.

Disputou 33 jogos, 27 dos quais como titular, e apontou três golos, incluindo o primeiro dos dois conseguidos pelo Benfica nos descontos no triunfo caseiro (2-1) sobre o Sporting. É o ativo mais valioso dos ‘encarnados’, que, porém, não o ‘podem’ perder.

O – OUSMANE DIOMANDE

Contratado a meio da época passada ao Mafra, da II Liga, o jogador da Cota do Marfim deu boas indicações nos primeiros seis meses, para, na presente temporada, ganhar em definitivo um lugar no ‘onze’ do Sporting.

Ao lado de Coates e Gonçalo Inácio, o jovem central deu consistência ao setor mais recuado dos ‘leões’ e ainda teve tempo para somar dois golos e uma assistência, transformando-se, aos 20 anos, numa das ‘pérolas’ do clube de Alvalade.

P – PEDRO GONÇALVES

Na quarta época em Alvalade, não voltou aos níveis goleadores de 2020/21, em que foi o melhor marcador da I Liga, com 23 golos, o que também tal não era ‘possível’, face à presença de Gyökeres, mas voltou a soltar o seu ‘génio’.

Em 32 jogos, todos como titular, somou 11 golos e foi o ‘rei’ das assistências, com 12, sendo um dos grandes destaques do conjunto de Rúben Amorim, o seu elemento mais criativo.

Q – QUARESMA, EDUARDO

Depois de um empréstimo ‘falhado’ ao Hoffenheim, clube pelo qual foi pouco utilizado em 2022/23, o defesa de 22 anos regressou a Alvalade e foi, aos poucos, impondo o seu futebol e aumentando a sua importância nas contas do treinador Rúben Amorim.

Conseguiu um golo, na goleada caseira por 5-0 ao Sporting de Braga, num campeonato em foi utilizado em 20 encontros, nove dos quais como titular, apesar da concorrência de Coates, Inácio, Diomande, St. Juste ou Matheus Reis.

R – RAFA

Naquela que foi a sua a oitava e última época na Luz, já que termina contrato e não renovou, foi o melhor marcador do Benfica, com 14 golos, e o ‘rei’ das assistências, com 12, mas ‘desapareceu’ após a ronda 23, voltando só para a despedida.

As ‘águias’ seguiam, então, dois pontos à frente do Sporting, que tinha um jogo em atraso, e Rafa, mesmo nunca conseguindo evitar sucessivas más decisões na finalização ou no último passe, parecia querer conduzir o Benfica ao título. Falso alarme.

S – SILVA, JOTA

O jovem avançado de 24 anos foi o melhor marcador, com 11 golos, e a grande figura da época do Vitória de Guimarães, contribuindo decisivamente para o apuramento dos minhotos para as competições europeias da próxima temporada.

Contratado ao Casa Pia no defeso de 2022, por ‘meia dúzia de tostões’, melhor substancialmente a sua produção em relação à época de estreia (dois tentos na I Liga 2022/23), e conseguiu mesmo somar, em casa, a sua primeira internacionalização ‘AA’.

T – TRINCÃO, FRANCISCO

Na segunda época em Alvalade, proveniente do Wolverhampton, o também ex-extremo do FC Barcelona passou ao ‘lado’ da primeira volta, em que raramente foi presença no ‘onze’, mas efetuou uma ‘enorme’ segunda metade da prova, sendo decisivo no título.

O internacional ‘AA’ de 24 anos, que ainda corre pelo lote de 26 de Portugal para o Euro2024, acabou a prova com nove golos e seis assistências, depois de ter fechado a primeira volta com apenas dois tentos e sem qualquer passe para golo.

U - UMARO EMBALÓ

De regresso ao futebol português em janeiro, proveniente dos espanhóis do FC Cartagena, depois de muitos anos na formação do Benfica, o jovem guineense, de 23 anos, foi importante na grande segunda volta efetuada pelo Rio Ave.

Com o seu futebol criativo e em velocidade, teve o seu momento de glória à 23.ª jornada, ao marcar, logo aos três minutos, um ‘golaço’ na receção ao Sporting (3-3), no que foi o seu único tento na prova.

V – VIKTOR GYÖKERES

O avançado sueco de 25 anos, contratado ao Coventry, foi, indiscutivelmente, o maior responsável pelo título conquistado pelo Sporting, ao transfigurar o ataque ‘leonino’, com o seu poder físico e a capacidade de finalização.

Terminou a prova como melhor marcador, com 29 tentos, e foi o terceiro da equipa com mais assistências, ao somar nove, num conjunto de atuações que transcenderam até os números, tal o impacto que teve na 90.ª edição do campeonato. Vai continuar?

W - WENDERSON GALENO

Face ao ‘desaparecimento’ de Taremi, o extremo brasileiro de 26 anos, mesmo brilhando mais na ‘Champions’, foi a maior ameaça ofensiva do FC Porto, o jogador mais excitante, acabando o campeonato com nove golos e sete assistências, em 31 jogos.

Apesar de o coletivo ter funcionado muitas vezes mal, destacou-se no plano individual e teve como prémio a primeira internacionalização pelo Brasil, já depois de ter brilhado intensamente no 5-0 ao Benfica, com ‘bis’ e assistência.

X – DE EMPATE

O ‘X’ é o símbolo do empate e na edição 2023/24 falar de igualdades foi falar do Rio Ave, que bateu o recorde absoluto da história do campeonato, ao somar 19, contra os 18 de Penafiel e Sporting de Braga em 1987/88, numa prova a 38 jornadas.

A formação de Vila do Conde, que tinha como máximo registo os 17 de 2004/05, somou seis na primeira volta e 13 nos 17 jogos da segunda metade, na qual só perdeu um jogo, em Famalicão (1-2), e venceu três, nas receções a Casa Pia, Gil Vicente e Vitória.

Y – YUKI SOMA

Na segunda época ao serviço do Casa Pia, o médio japonês de 27 anos foi importante na época relativamente tranquila realizada pela equipa, que fechou a primeira parte da classificação, cumprindo 32 jogos, 22 dos quais como titular.

O ex-jogador do Nagoya Grampus foi o tercieor melhor marcador da equipa, com cinco golos, batido apenas pelos oito de Clayton, que em março rumou aos brasileiros do Vasco da Gama, e os seis de Felippe Cardoso.

Z – ZALAZAR

O médio uruguaio, contratado aos alemães do Schalke 04, foi uma das principais figuras do Sporting de Braga, conseguindo seis golos, cinco dos quais na segunda volta, ainda que cumprindo apenas 21 jogos como titular, dos 32 disputados.

Com um potente remate – marcou dois golos de fora da área, um deles de livre direto – e boa técnica, o jovem jogador de 24 anos tem ainda um grande margem de progressão e poderá ser ainda mais importante na próxima época.