O Benfica deixou fugir o título de campeão nacional, apesar de lutar até ao fim com o Sporting, que acabou por se sagrar bicampeão. Depois, no derradeiro jogo da época, perdeu também a final da Taça de Portugal para os leões. Uma temporada iniciada com Roger Schmidt ao leme, antes de Bruno Lage assumir o leme das águias após a quinta jornada e que acabou em deceção. Pelo meio, ainda assim, houve  a conquista da Taça da Liga e uma caminhada com algumas boas exibições até aos oitavos de final da Liga dos Campeões.

Ao todo, foram 40 os jogadores utilizados pelas águias no conjunto de todas as competições ao longo da temporada 24/25. Desses, quais foram os que mais se destacaram? Olhamos para os melhores de uma época que acabou por ser amarga para os lados da Luz.

Pavlidis: da desconfiança inicial à chuva de golos

Foi a contratação mais cara da temporada do Benfica: 18 milhões de euros pagos ao AZ Alkmaar pelo ponta-de-lança grego então de 25 anos, melhor marcador da Liga neerlandesa em 2023/24, época em que totalizou 33 golos.

E a sua missão na Luz era mesmo essa: fazer o que Arthur Cabral não tinha feito na época passada e oferecer golo ao Benfica, de forma a que as águias pudessem rivalizar com um Sporting dotado de alguém como Viktor Gyokeres.

A expetativa era grande, até porque Pavlidis mostrou veia goleadora na pré-época, mas os primeiros meses não foram fáceis. Marcou apenas dois golos (e fez uma assistência) nas primeiras nove jornadas e a desconfiança surgiu entre adeptos e comentadores. As coisas foram melhorando, mas pouco: até ao final de dezembro, no conjunto de todas as competições, Pavlidis marcou apenas 7 golos e fez 2 assistências em 24 jogos no conjunto de todas as provas

Mas, a partir do virar do ano, a música de Vangelis foi outra. Um jogo, em particular, serviu de ponto de viragem: o hat-trick na amarga derrota por 5-4 com o Barcelona. A partir daí, o grego soltou-se, enfim, e foi tão decisivo como se esperava que fosse quando chegou. Desde fevereiro (20.ª jornada), marcou 14 golos, vários deles decisivos, mostrando enorme qualidade e conquistando em definitivo os adeptos com o hat-trick em pleno Estádio do Dragão, na goleada de 4-1 ao FC Porto.

Terminou a época como segundo melhor da I Liga, com 19 golos, apenas atrás de Gyokeres, e fechou a sua primeira época de águia ao peito com 29 golos e 11 assistências em 53 jogos no conjunto de todas as provas.

Otamendi: capitão deu segurança lá atrás...e valeu golos lá à frente

Incansável (literalmente, depois de não ter tido férias para poder jogar pela Argentina na Copa America e nos Jogos Olímpicos), o capitão Nicolás Otamendi foi outra das peças-chave da época do Benfica, sendo mesmo o jogador que mais minutos jogou no conjunto de todas as provas.

Na sua quinta temporada na Luz, chegou a ser contestado, quando teve autorização para se deslocar ao seu país a meio de uma semana de trabalho, mas tudo foi sanado e a sua incomparável entrega depressa fez com que os adeptos o perdoassem.

Imperial no jogo aéreo e com inúmeros cortes determinantes, para além da experiência e estabilidade que conferiu a um setor defensivo onde António Silva nem sempre esteve no seu melhor, Otamendi acabou também por bilhar lá à frente. Numa temporada em que o Benfica se mostrou muito forte nas bolas paradas ofensivas, o veterano central argentino de 37 anos marcou sete golos ao longo da época (o seu melhor registo de sempre numa só temporada), alguns deles de grande importância.

O onze provável do Benfica-Barcelona
O onze provável do Benfica-Barcelona Defesa central: Nicolas Otamendi créditos: © 2025 LUSA - Agência de Notícias de Portugal, S.A.

Arturkoglu: Harry Potter turco teve impacto imediato e revelou-se 'uma pechincha'

Chegou mais ou menos como um desconhecido, quase em cima do fecho do mercado, contratado ao Galatasaray a troco de 12 milhões de euros para colmatar a venda de David Neres. Mas logo no dia em que a sua contratação foi anunciada deu que falar, com um hat-trick pela Turquia.

A magia dos seus golos, festejados com o icónico agitar de uma varinha, continuou nos primeiros tempos de águia ao peito. Marcou na estreia (um golo importante, numa altura em que o Benfica estava em desvantagem, no primeiro jogo sob as ordens de Bruno Lage) e também marcou logo a seguir, para a Champions League.

Não marcou no jogo seguinte, frente ao Boavista, mas fez duas assistências, mas voltou a fazer o gosto logo a seguir e apontou um hat-trick na nona jornada, frente ao Rio Ave, à 9.ª jornada. Depois, mais duas assistências contra o Farense, à 10.ª.

A partir daí o ímpeto perdeu-se um pouco, ao ponto de a sua presença na equipa começar a ser questionada. Entre a 10.ª e a 25ª jornada só marcou um golo (e fez 3 assistências). O regresso aos golos ocorreu na 26.ª jornada, em Vila do Conde: e foi um golo decisivo, logo depois de saltar do banco, a valer uma vitória por 3-2. Desde aí marcou mais três golos e fez mais três assistências.

Apesar do período de menor fulgor por que passou, foi o segundo melhor marcador do Benfica no campeonato (10 golos) e em toda a temporada ( 16 golos) e o jogador das águias que mais assistências fez na I Liga 24/25 (11).

Carreras: espanhol revelou-se e fez esquecer compatriota Grimaldo

A lateral esquerda foi uma das lacunas apontadas ao Benfica em 23/24, quando perdeu o título para o Sporting, depois de ter visto Alejandro Grimaldo sair a custo-zero para o Bayer Leverkusen.

Álvaro Carreras até já tinha chegado a meio da temporada passada, emprestado pelo Manchester United, mas sem deslumbrar. Ao ponto de o Benfica até ter contratado mais um nome para a esquerda no Verão: o alemão Jan-Niklas Beste.

Só que Beste esteve longe de convencer e perdeu ainda mais espaço no plantel depois da saída do compatriota Roger Schmidt do leme da equipa, à quarta jornada. A posição de lateral esquerdo ficou, em definitivo, para Carreras. E o espanhol cresceu, e cresceu muito, ao ponto de fazer mesmo esquecer Grimaldo.

Alinhou em 50 jogos, 48 dos quais como titular, somando quatro golos e cinco assistências. Mostrou solidez a defender e uma enorme qualidade na vertente ofensiva. Se, no início da temporada, a dúvida era se o Benfica não estaria demasiado frágil na posição de lateral esquerdo, agora, no final da época, a dúvida é saber se o Benfica vai conseguir segurar Carreras, com vários 'tubarões' a rondá-lo.

Onzes prováveis do Benfica-Sporting da 33.ª jornada da I Liga
Onzes prováveis do Benfica-Sporting da 33.ª jornada da I Liga Álvaro Carreras @HUGO DELGADO/LUSA créditos: © 2024 LUSA - Agência de Notícias de Portugal, S.A.

Os outros: defesas de Trubin, estabilidade de Tomás Araújo, brilho de Kokçu e o Aursnes do costume

Mas houve outros elementos importantes na temporada do Benfica. A começar pela baliza. Trubin foi o  jogador com mais minutos jogados na I Liga 24/25 pelas águias e apesar de não ser dos mais amados entre os adeptos encarnados, teve algumas exibições de excelente nível, com grandes defesas. Na memória de todos fica, por exemplo, a sua atuação em Guimarães.

Na defesa, para além dos já referidos Otamendi e Carreras, houve outro homem determinante. O jovem Tomás Araújo começou por discutir o lugar no centro da defesa com um irregular António Silva e, depois, assumiu-se como titular na lateral direita, dando estabilidade àquele que muitos apontavam como sendo um ponto fraco das águias.

Um pouco mais à frente, no meio-campo, Kokçu só falhou um jogo no campeonato e deu nas vistas com alguns grandes golos e muitas assistências. Foram sete remates certeiros e outros tantos passes para os colegas marcarem na I Liga, numa segunda temporada na Luz em que Kokçu convenceu em definitivo aqueles que não tinha conseguido convencer na temporada passada.

E, ainda no meio-campo, o inevitável Fredrik Aursnes. Na terceira época de águia ao peito, o norueguês foi igual a si mesmo. Certinho como sempre, fosse a jogar onde fosse (desta vez sobretudo no miolo, mas com passagens esporádicas por outras posições). E ainda teve tempo para marcar três golos e fazer seis assistências na I Liga.