A investigação que levou a buscas numa academia de futebol em Riba de Ave, no concelho de Famalicão, num contexto de eventual tráfico de seres humanos, começou em 2020, disse hoje o ministro da Administração Interna.

“Esta é uma entre muitas operações. As práticas de crimes que atentem contra a dignidade de todo o ser humano merecem um combate sem tréguas que tem que ser feito. Esta investigação começou em 2020, antes dos alertas do sindicato [dos futebolistas]”, afirmou José Luís Carneiro, no Porto, à margem da apresentação do programa Verão Seguro.

A afirmação do governante surgiu quando confrontado com as declarações à Lusa, na quinta-feira, do presidente do sindicato dos futebolistas, Joaquim Evangelista, que deu conta que, em 2021, o sindicato alertou o então secretário de Estado da Juventude e do Desporto, João Paulo Rebelo, para o problema, explicando que esta “é uma função do Estado”.

Segundo o sindicalista, foram convocadas as organizações diretamente ou indiretamente envolvidas neste caso, nomeadamente o Serviço de Estrangeiros e Fronteiras (SEF), a Segurança Social, o Ministério dos Negócios Estrangeiros”, “houve uma reunião”, mas “nada mais foi feito”.

“As operações relativas à investigação sobre tráfico de seres humanos e os tempos e os termos estão na dependência do Ministério Público (MP), o Serviço de Estrangeiros e Fronteiras (SEF) atuou sob alçada e coordenação do MP e sobre isso mais nada lhe posso dizer porque está em segredo de justiça”, explicou José Luís Carneiro.

Segundo o ministro, “as investigações têm o seu tempo, tem o seu curso, precisam de estabelecer conexões de causalidade (…) esta começou em 2020 e agora está a ficar concluída para que se possa fazer justiça aqueles que tenham sido vítimas de tráfico de seres humanos”.

As buscas aconteceram numa academia de futebol em Riba de Ave, Vila Nova de Famalicão, no distrito de Braga, e estenderam-se ainda à casa do presidente da Mesa da Assembleia Geral da Liga Portuguesa de Futebol Profissional, Mário Costa, ligado àquela academia, que, entretanto, renunciou ao cargo.

O Governo, através do secretário de Estado da Juventude e do Desporto, já classificou a situação como “inaceitável, chocante e condenável", e garantiu que irá apresentar, no próximo Conselho Nacional do Desporto, um conjunto de propostas, algumas delas de caráter legislativo, para que se responda "com força e com brevidade a um flagelo que teima em não abandonar o nosso território e mais concretamente o desporto”.