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No dérbi de domingo, na Luz, nunca o Benfica foi considerado tão favorito como agora num confronto com o velho rival.
O Sporting aborda as últimas cinco jornadas da I Liga de futebol a lutar pelo quinto lugar, que dá acesso à Liga Europa, naquela que já é a pior época da sua história, com uma equipa completamente transformada.
Apostas fracassadas a nível da aquisição de jogadores e de treinadores, uma estrutura profissional deficiente e ineficaz e um clima de instabilidade técnica e diretiva estão na origem da pior época desportiva dos “leões”, que nunca ficaram abaixo do quinto lugar no campeonato.
A perda da final da Taça de Portugal frente a uma equipa pequena como a Académica, no final da época anterior, foi a primeira “machadada” na confiança e no estado de graça de que gozava o treinador Sá Pinto, despedido após cinco jornadas, nas quais somou uma vitória, três empates e uma derrota, e na sequência de uma pesada derrota (3-0) frente ao modesto Videoton, da Hungria, para a Liga Europa.
O atual treinador, Jesualdo Ferreira, é o quarto a orientar a equipa, depois de Sá Pinto, Oceano e Vercauteren, todos com resultados negativos, que colocam o Sporting, à 25.ª jornada, em sétimo lugar, com 33 pontos - os mesmos de Rio Ave e Vitória de Guimarães -, correspondentes a oito vitórias, nove empates e oito derrotas (29-31 em golos).
A contratação do treinador belga, Francky Vercauteren, cujo conhecimento do futebol português era praticamente nulo, a meio da época desportiva, foi outro ato de gestão que se revelou desastroso.
A opção acertada por Jesualdo Ferreira, um treinador experiente e profundo conhecedor do futebol português, coincidiu com o auge da instabilidade diretiva do clube, que conduziria à queda de Godinho Lopes e seus pares, o que prejudicou e retardou os frutos do seu trabalho.
Não obstante a saída a conta-gotas de alguns jogadores titulares, como Elias, Insúa, Xandão e outros utilizados regularmente, como Pranjic, Gelson Fernandes e Izmailov, o ex-técnico do Panathinaikos conseguiu, gradualmente, subir os níveis de confiança dos jogadores, definir um modelo de jogo, estabilizar a equipa e começar a ganhar.
A saída de vários jogadores mais experientes e a necessidade de recorrer a jovens oriundos da formação, que alinhavam pela equipa B, não impediu que a equipa continuasse a crescer e a ganhar consistência, a ponto de, a cinco jornadas do fim, estar a dois pontos do europeu quinto posto, que é ocupado pelo Estoril, quando tal objetivo chegou a parecer inatingível.
Por outro lado, o recurso a jovens da formação não foi apenas uma questão de necessidade, mas, também, uma aposta do próprio Jesualdo, que tem concedido a titularidade a Llori, Eric Dier, Cédric e Bruma, em detrimento de outros jogadores mais experientes e que representaram investimentos mais ou menos avultados.
Por vezes, a equipa, cuja média de idades nos últimos jogos pouco ultrapassou os 22 anos, tem pago o preço da juventude e da inexperiência, capaz de alternar momentos de inspiração e acerto coletivo com erros individuais comprometedores, mas esse preço é, ao mesmo tempo, um investimento para o futuro do futebol do Sporting.
Se os “leões” têm como meta atingir o quinto lugar, também podem desempenhar um papel decisivo na questão do título. A estratégia de Jesualdo, em Alvalade, frente ao FC Porto, resultou parcialmente, visto que conseguiu travar o meio-campo e o ataque portista e correu o risco de ganhar o jogo, caso Wolfswinkel estivesse mais inspirado na finalização.
No dérbi de domingo, na Luz, nunca o Benfica foi considerado tão favorito como agora num confronto com o velho rival. Mas, Jesualdo Ferreira, que é uma “velha raposa”, e as características muito especiais que envolvem estes jogos, não devem ser subestimados, apesar do aparente desequilíbrio de forças.
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