Onze vitórias em 11 jogos foi o pecúlio de Ruben Amorim enquanto treinou o Sporting na edição 2024/25 da I Liga portuguesa de futebol, num arranque perfeito até dizer adeus e rumar ao Manchester United.

Neste arranque da quinta época, quarta desde o início, sob o comando do ex-jogador do Benfica, o ‘leão’ foi, talvez, o mais impactante pós ‘cinco violinos’, desde que, sobre o final da década de 40 do século passado, Peyroteo, Vasques, Travassos, Jesus Correia e Albano ‘arrasaram’ nos relvados lusos.

Se, inicialmente, a ambição era o ‘bis’, a revalidação do título, que para os lados de Alvalade só aconteceu entre 1946/47 e 1948/49 e entre 1950/51 e 1953/54, o ‘onze’ de Ruben Amorim parecia destinado a consegui-lo, tal a forma como a ‘máquina’ estava ‘oleada’, um verdadeiro ‘rolo compressor’.

O registo após 11 jornadas diz quase tudo, com 39 golos marcados e apenas cinco sofridos, num conjunto imparável ofensivamente, num ataque liderado pelo ‘todo poderoso’ sueco Viktor Gyökeres, e igualmente competente na defesa, capaz, por exemplo de fazer sete ‘clean sheets’ consecutivas (terceira à nona rondas).

Com os 11 triunfos a abrir a prova, os ‘leões’ igualaram o seu recorde histórico, que tinha sido estabelecido em 1990/91, sob o comando do treinador brasileiro Marinho Peres, ainda que com um mais modesto registo goleador (28-4).

Nessa época, há 34 anos, os ‘verde e brancos’ não foram, porém, testados de início pelos outros ‘grandes’, com os quais, aliás, viriam a perder – 0-2 nas Antas, à 14.ª ronda, e 0-2 na receção ao Benfica, à 16.ª -, numa edição que fechariam no terceiro lugar.

Desta vez, isso parecia ‘impossível’ de acontecer, tal a competência que a equipa mostrava, a forma como ‘passeava’ a sua superioridade, e a qualidade que a equipa mostrava, muito acima da dos seus adversários diretos na corrida ao título.

O Sporting até entrou para a prova algo ‘incrédulo’, cerca de uma semana depois de uma ‘estranha’ derrota por 4-3 com o FC Porto, na Supertaça, em Aveiro, onde os ‘leões’ chegaram aos 25 minutos a vencer por 3-0 e a ameaçar uma goleada de outros tempos.

De forma mais do que surpreendente, e sem se perceber muito bem como, o jogo virou e o troféu perdeu-se, mas os ‘leões’ não acusaram o ‘toque’ na estreia na I Liga 2024/25, vencendo por 3-1 o Rio Ave, em Alvalade.

Se o arranque foi tranquilo, o Sporting começou, depois, a mostrar-se ‘intratável’, com goleadas nos redutos do Nacional e do Farense, por 6-1 e 5-0, respetivamente.

A formação de Ruben Amorim mostrava uma grande forma e, à quarta jornada, no primeiro grande teste na prova, foi muito melhor do que o FC Porto, em Alvalade, vencendo por 2-0, para ‘vingar’ o desaire na Supertaça e instalar-se como líder isolado.

Depois, seguiram-se três triunfos pelos mesmos 3-0, em Arouca e, depois de uma estreia bem-sucedida na Liga dos Campeões (2-0 ao Lille), na receção ao AVS e no Estoril, neste último encontro sem golos de Gyökeres, após 10 nos primeiros seis jogos.

Em outubro, pouco se jogou na I Liga, mas o Sporting somou mais dois triunfos sem sofrer golos, na receção ao Casa Pia (2-0) e em Famalicão (3-0), entre dois jogos na ‘Champions’ (1-1 com o PSV e 2-0 ao Sturm Graz, ambos fora), um na Taça de Portugal (2-1 em Portimão) e outro na Taça da Liga (3-1 ao Nacional).

Sobre o final do mês, o neerlandês Erik ten Haag ‘caiu’ do cargo de treinador do Manchester United, e, desde a primeira hora, Ruben Amorim foi o nome apontado à sucessão, começando rapidamente a ‘temer-se’, para os lados de Alvalade, que fosse para ‘já’.

Amorim ficou a prazo, mas os resultados continuaram a ‘fluir’, com o Sporting a chegar ao 10.º triunfo na I Liga, em 10 jogos, na receção ao Estrela da Amadora, por claros 5-1, num embate em que Gyökeres ‘brilhou’, com um ‘póquer’.

No dia desse encontro, em 01 de novembro, Sporting e Manchester United confirmaram a transferência e, após o jogo, Amorim explicou o porquê do adeus imediato, ou quase, pois o acordo foi para ainda ficar mais uns dias a orientar os ‘leões’.

O adeus a Alvalade aconteceu na ‘Champions’ e não poderia ter sido mais empolgante, com o Sporting a golear o Manchester City por 4-1, com um ‘hat-trick’ de Gyökeres, incluindo dois penáltis, depois de os ingleses se adiantarem logo aos quatro minutos.

No campeonato, o último jogo foi em 10 de novembro, em Braga, e foi, salvaguardando o poder dos oponentes, ainda mais épico, com os ‘arsenalistas’ a chegarem a meio do encontro com dois golos de vantagem, face a um ‘bis’ de Ricardo Horta.

Amorim mexeu, porém, na equipa e o Sporting acabou por vencer por 4-2, com três golos vindos do banco, de Morita (58 minutos) e Harder (89 e 90+4), e um tento pelo meio do capitão Hjulmand (81), num final verdadeiramente apoteótico.

O que seguiu, não estava, certamente, no horizonte nem do mais pessimista dos adeptos ‘leoninos’.