Tudo o que é bom tem um fim e o Sporting que o diga. Os leões não foram além de um empate na deslocação a Vila do Conde (3-3) e falharam a vitória no campeonato pela primeira vez em 2024. Falta de inspiração, aliada a uma excelente exibição do Rio Ave foram condicionantes demasiado difíceis de ultrapassar.
Embora tenha menos um jogo que o Benfica, o emblema leonino marca passo e vê o eterno rival assumir a liderança isolada da I Liga.
O jogo explicado:
O Sporting entrou em campo após um empate na quinta-feira, com o Young Boys, e Ruben Amorim sentiu que a equipa precisava de ser refrescada. Coates, Geny Catamo, Morita, Nuno Santos e Pedro Gonçalves foram chamados ao onze inicial, por troca com Eduardo Quaresma, Esgaio, Daniel Bragança, Matheus Reis e Marcus Edwards, respetivamente. O treinador leonino sentiu que seria um jogo de elevada dificuldade e lançou as peças principais para evitar surpresas... o que não conseguiu.
A equipa montou-se no habitual 3-4-3, mas o estado pesado do terreno e a chuva que se ia fazendo sentir a espaços não convidavam ao habitual jogo de posse dos leões, que tinham em Gyokeres o homem alvo sempre que os vilacondenses apertavam. O sueco era o farol que iluminava o ataque verde e branco, sendo o único da frente que pareceu minimamente inspirado para assustar os defesas da equipa de Luís Freire.
Ainda estavam a chegar os últimos adeptos e Embaló já tinha feito uma obra de arte. Lançado por Fábio Ronaldo (que mostrou uma vez mais ter muita qualidade), o camisola 11 do Rio Ave puxou para dentro e soltou uma 'bomba' do pé direito, que Adán só viu passar.
O Sporting não se deixou adormecer e reagiu de pronto. Embaló ainda reproduzia o golo na cabeça e Hjulmand fez questão de o acordar, apanhando a bola a jeito à entrada da área para fazer o empate com um belo remate, colocando o jogo no ponto de partida.
Seguiram-se minutos de pouca inspiração leonina e demonstração de coragem da parte do Rio Ave. Sentindo que a equipa de Amorim não estava nos seus dias, os pupilos de Luís Freire agigantaram-se e mostraram que há bom futebol e esplêndidos intérpretes entre aqueles que não lutam pelo título.
A boa exibição parecia ter sido traída pela desatenção de Amine, que perdeu a bola em zona proibida e viu o inevitável Gyokeres colocar o Sporting em vantagem com um remate indefensável, mas uma confusão na área leonina pouco depois, permitiu a Yakubu Aziz marcar de grande penalidade e mandar o jogo para o intervalo com um justo empate.
Após o descanso previa-se uma reação do Sporting... mas há dias em que nada corre bem. Os leões lutavam contra a desinspiração, à procura de um momento de génio para voltar a estar por cima, mas foi mesmo o Rio Ave a chegar novamente à vantagem. Adán teve uma saída desastrada aos pés de Yakubu Aziz dentro da área e na conversão da grande penalidade o avançado rioavista não tremeu e bisou na partida, para desalento do emblema visitante.
Aí, instalou-se o pânico nos leões. A equipa perdeu parte do discernimento que tinha evidenciado até então e passou a precipitar-se na tentativa de resgatar, pelo menos, um ponto. Valeu o santo Coates (a fazer lembrar os muitos golos no ano do último título) que foi ás alturas para dar o melhor destino ao cruzamento de Morita e selar o empate final.
Os verdes e brancos bem tentaram levar os três pontos para Lisboa, mas os astros sportinguistas não estavam alinhados e o Rio Ave conseguiu um (mais do que justo) ponto neste complicado embate. Assim, o Sporting quebra o registo perfeito de 2024 e perde pontos pela primeira vez neste ano. A última vez que tal tinha acontecido foi a 9 de dezembro, na derrota com o Vitória de Guimarães.
O Momento: Traição de Adán
As coisas não estavam a sair bem aos jogadores do Sporting e o resultado estava empatado a duas bolas. Era preciso aguentar o bom momento vilacondense para poder pensar em conquistar os três pontos mais à frente. No entanto, Adán precipitou-se numa saída aos pés de Yakubu Aziz e concedeu uma grande penalidade, devidamente aproveitada, que deixou o Rio Ave a acreditar que era possível pontuar. E foi mesmo!
Os melhores: Velozes e furiosos
À semelhança da popular saga de filmes de ação, Fábio Ronaldo e Embaló estiveram endiabrados. Os rápidos alas do Rio Ave foram os jogadores que mais desequilibraram a balança e conseguiram sempre por em sentido o poderoso leão. Encararam os adversários olhos no olhos e conseguiram muitas vezes levar a melhor. Sem medo de 'ir para cima' somaram bons pormenores e lances que fazem pensar que têm capacidade para outros voos, assim que limarem algumas arestas na hora da decisão.
O pior: Um artista para palcos diferentes
A qualidade de Marcus Edwards não está em questão, uma vez que o pequeno inglês já mostrou várias vezes que é um jogador diferenciado. Ainda assim, neste encontro nunca foi capaz de o demonstrar desde que entrou para substituir Francisco Trincão. Não conseguiu desequilibrar a defesa adversária, teve várias perdas de bola e defensivamente o compromisso nunca foi o esperado. A chuva que se foi sentindo e que tornou o terreno mais pesado não o ajudou, mas espera-se mais de um jogador deste nível.
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