Em boa hora Fernando Santos optou por dar a titularidade a Gonçalo Ramos. O jovem avançado respondeu com três golos e uma assistência nos 6-1 à Suíça, resultado que coloca Portugal nos quartos de final do Mundial2022, nesta que já é a terceira melhor prestação de sempre dos lusos em Mundiais.
Além da titularidade de Ramos, destaque para Cristiano Ronaldo que ficou no banco e entrou aos 74 minutos, exatamente no posto do jovem avançado do Benfica. Sem Ronaldo em campo, Portugal produziu uma das melhores exibições da era Fernando Santos.
Segue agora Marrocos, nos quartos de final, em partida agendada para às 15h00 do próximo sábado. O vencedor deste jogo irá medir forças nas meias-finais com quem vencer o Inglaterra-França.
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O jogo: Uma das melhores exibições da era Fernando Santos
Como se explica a goleada de Portugal à Suíça? Mobilidade. Talento. Criatividade. Eficácia. E todos por um objetivo comum. E, claro, um Gonçalo Ramos endiabrado.
A titularidade do jovem avançado de 22 anos não foi surpresa. Surpresa foi Fernando Santos ter tido a coragem de colocar finalmente Cristiano Ronaldo no banco, depois de três jogos muito longe do que se espera do capitão. Sem ele, a equipa reencontrou-se, soltou-se das amarras e da necessidade de o procurar sempre em zonas de finalização. Sem a pressão de passar para Ronaldo, a equipa foi… mais equipa. E o resultado está à vista.
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Gonçalo Ramos veio trazer mais verticalidade, mais mobilidade na frente, mais capacidade nos duelos, melhor associação com os médios. Com ele, Portugal foi capaz de explorar o muito espaço que a Suíça lhe concedeu, principalmente quando se apanhou a perder.
Em campo aberto, veio ao de cima o talento de João Félix, a arrancar em condução, a descobrir os espaços a atacar sem bola. Apareceu a fantástica leitura de jogo de Bernardo Silva, mas também a sua capacidade para entender o que o jogo pede a cada instante (acelerando ou travando para reter a bola e pausar quando era preciso), numa tarefa onde foi ajudado por Bruno Fernandes.
Otávio deu luta, na ocupação dos espaços, na pressão e na ajuda preciosa a William, o médio mais recuado diante dos helvéticos.
Com mobilidade e liberdade, Portugal foi capaz de potenciar a subida dos laterais, decisivos também nos golos (Diogo Dalot com mais uma assistência, Raphael Guerreiro a marcar o 4-0). Com bola, Portugal foi capaz de gerir melhor o jogo, concedendo pouco à Suíça. Pepe (um golo) e Rúben Dias tiveram uma tarde tranquila, Diogo Costa raramente foi chamado a intervir, apesar de ter sofrido um golo.
VÍDEO: Veja os golos da goleada de Portugal à Suíça
Com o talento finalmente à solta neste Mundial20222, não foi de estranhar os seis golos de Portugal. O instinto matador de Gonçalo Ramos veio ao de cima, pela forma como finalizou para o 1-0 (ângulo muito apertado), para o 3-0 e para o 5-1 (grande passe de João Félix).
Ainda houve tempo para Rafael Leão entrar e fazer um golaço, fazendo a maior goleada nestes oitavos de final.
Segue Marrocos, a única seleção africana em prova. Os marroquinos eliminaram Espanha ao vencerem por 3-0 nas grandes penalidades, depois de 0-0 em 120 minutos de futebol.
O Portugal que os portugueses tanto pediam, finalmente apareceu neste Mundial. Agora já se pode sonhar mais.
Momento-chave: uma maravilha de golo no 4-0
O momento-chave podia ser o 1-0 de Gonçalo Ramos, aos 17 minutos, que acaba por derrubar a muralha helvética. Mas optamos por escolher o lance do 4-0, pela sua beleza. João Félix baixou no terreno até ao meio-campo luso para receber e tabelar com Otávio que lhe devolveu de calcanhar. O jovem extremo correu e meteu logo em Gonçalo Ramos que recebeu, enquadrou-se com a baliza e soltou na hora certa para a entrada de Raphael Guerreiro. O lateral esquerdo recebeu e bateu forte, para o 4-0. Lance fantástico!
Os Melhores: Pistoleiro Gonçalo e a melhor versão de João Félix
João Félix não marcou, mas deu a marcar em duas ocasiões. Pressionou, arranjou espaço, correu com bola, soltou no timing certo. Bernardo Silva mostrou também a sua melhor versão neste Mundial, muito próximo do Bernardo do City, sempre a gerir o jogo.
De Gonçalo Ramos, falta dizer que, além dos três golos (o primeiro a fazer um hat-trick neste Mundial2022) ainda assistiu Raphael Guerreiro no 4-0. Nada mau para uma estreia a titular num Mundial.
O jovem avançado repetiu o que Ronaldo e Pauleta fizeram em Mundiais (hat-trick) e ficou a um bolo de igualar o poker de Eusébio em 1966 em Inglaterra. Desde 1990 que um jogador não fazia três golos na fase a eliminar de um Mundial. O último tinha sido o checo Skuhravý
Em noite 'não': muitos buracos no queijo suíço
A Suíça encaixou seis golos e até podia ter sofrido mais. O 4-5-1 de Murat Yakin até estava a condicionar Portugal nos primeiros minutos, mas, após o 1-0, a equipa subiu no terreno, partiu-se e abriu espaços para Portugal explorar em campo aberto. As mexidas operadas no segundo tempo só pioraram a equipa helvética.
Uma palavra para Cristiano Ronaldo: ficou no banco onde mostrou várias facetas (festejou, mostrou cara de poucos amigos, sorriu), entrou no lugar de Gonçalo Ramos, mas nada acrescentou.
Após o apito final, e quando os jogadores portugueses iam agradecer o apoio dos adeptos, CR7 dirigiu-se sozinho para os balneários. É verdade que já tinha cumprimentado os adversários e saudado os colegas, já tinha agradecido o apoio dos adeptos, mas, depois da polémica sobre o que disse quando foi substituído diante da Coreia do Sul, esperava-se que se resguardasse e não chamasse para si o foco.
Devia ter ficado com os companheiros de equipa no relvado e sair depois com eles para os balneários. Criou mais uma polémica sem sentido.
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