Data de Nascimento: 24/06/1987
Nacionalidade: Argentina
Presenças em Mundiais: 5 (2006, 2010, 2014, 2018, 2022)
Jogos em Mundiais: 25
Golos em Mundiais: 11
Títulos em Mundiais: 0
Quando entrar em campo este domingo, para defrontar a França na final do Campeonato do Mundo de 2022, no Qatar, Lionel Messi vai tornar-se no jogador com mais partidas disputadas em fases finais de Mundiais (26) deixando para trás o registo histórico de Lothar Matthaus.
Será mais um marco histórico numa carreira que dispensa apresentações. Visto por muitos como o melhor futebolista de todos os tempos, graças à sua qualidade técnica, incríveis jogadas, velocidade, habilidade do seu pé esquerdo e invulgar capacidade de finalização, Messi poderá vincar essa posição com a tão ambicionada conquista do ceptro mundial – talvez o grande troféu que lhe falta - naquela que será a sua segunda final de um Campeonato do Mundo. Mas, independentemente do desfecho do encontro, pelo que já fez (neste Mundial e não só), Messi será sempre um dos Cromos da História dos Mundiais.
O verdadeiro herdeiro de Maradona
Lionel Andrés Messi Cuccittini nasceu em Rosário, em junho de 1987. Desde muito novo revelou enorme interesse pelo futebol, mostrando cedo uma magia ímpar com a bola nos pés. Começou por jogar no Abanderado Grandoli, um clube humilde que ficava perto de sua casa, quando tinha apenas quatro anos. Aos sete anos mudou-se para o clube do seu coração, o Newell´s Old Boys, mas aos 11 anos foi-lhe detetado um problema hormonal que retardava o crescimento.
Messi teve de se submeter a um tratamento que consistia em tomar injeções alternadas, todas as noites, em cada perna, mas tal não impediu que em 2000, com 13 anos e apenas 1,40 metros de altura, rumasse ao Barcelona, apoiado pelo mesmo agente - Josep María Minguella - que 18 anos antes havia levado Diego Armando Maradona para Camp Nou.
Ao mesmo tempo, ia quebrando recordes de golos e deslumbrando todos os que o viam jogar ao serviço das camadas jovens do Barça. A estreia oficial pela equipa principal do Barcelona deu-se aos 17 anos, em 2004. O primeiro golo surgiu em maio de 2005. E não tardou a afirmar-se como uma das figuras da equipa, mesmo nela pontificando jogadores como Ronaldinho Gaúcho, Deco ou Samuel Eto'o, estrelas ao lado das quais conquistou a primeira de quatro Ligas dos Campeões que já tem no seu palmarés, em 2005/06.
Depois de ultrapassar a dezena e meia de golos em 2006/07 e 2007/08, partiu em definitivo para o estrelado em 2008/09, quando ajudou o Barcelona a alcançar a tripleta, com a conquista da Taça de Espanha, da Liga espanhola e da Liga dos Campeões. Nessa temporada, com 22 anos, Messi marcou 38 golos em 51 jogos, ganhando a sua primeira Bola de Ouro. Esses 38 golos pareciam algo de notável, mas nas dez temporadas que se seguiram, até 2018/19, Messi fez sempre melhor (em 2011/12 chegou mesmo aos 73 golos e em 2012/13 aos 60), travando uma épica rivalidade com Cristiano Ronaldo (então jogador do Real Madrid) pelo meio.
Ao todo, nas 17 épocas em que envergou a camisola do Barcelona, 'La Pulga' (alcunha que trouxe ainda da Argentina, dada a sua pequena estatura) ganhou tudo o que havia para ganhar em termos coletivos e atingiu o topo dos topos do futebol a nível individual. Conquistou quatro Ligas dos Campeões, dez ligas espanholas, três Campeonatos do Mundo de Clubes, três Supertaças Europeias, sete Taças do Rei, sete Supertaças de Espanha e sete Bolas de Ouro.
No verão de 2021, inesperadamente, Lionel Messi deixou o Barcelona e transferiu-se para o Paris Saint-Germain, por quem soma já um título de campeão francês. Um palmarés notável. Mas falta a glória suprema com a camisola da Argentina...
Sonho adiado em 2014 para cumprir no adeus a Mundiais, em 2022?
Ao serviço da seleção principal do seu país, Messi é já, de longe, o melhor marcador de todos os tempos, com 96 golos em 171 internacionalizações. Conquistou a Copa América em 2021 e ainda a Finalíssima Intercontinental. Foi campeão mundial de sub-20 em 2005 e campeão olímpico em 2008. Mas o sonho de ganhar um Campeonato do Mundo sénior foi fugindo. Um sonho que poderá concretizar agora, no Qatar.
A estreia de Messi em Mundiais deu-se em 2006, na Alemanha. acabado de conquistar a sua primeira Liga dos Campeões e já visto como uma estrela em ascensão. Começou por ser suplente no primeiro jogo, contra a Costa do Marfim, mas estreou-se no segundo jogo da fase de grupos, contra a Sérvia e Montenegro. Aí, com 18 anos e 357 dias de idade, tornou-se no quinto jogador mais novo de sempre a marcar em fases finais de Mundiais, ao assinar o último da goleada de 6-0 da seleção alviceleste. Foi titular no jogo seguinte, contra os Países Baixos (empate 0-0), saltando depois do banco nos oitavos-de-final, frente ao México, para substituir Javier Saviola já perto do minuto 90 para ajudar a Argentina a apurar-se no prolongamento. Nos quartos-de-final, porém, não saiu do banco e a Argentina acabou eliminada pela Alemanha nos penáltis.
O êxito pela seleção voltou a não surgir em 2010, altura em que Messi era já um astro à escala planetária, o que lhe valeu acusações de não conseguir render ao serviço da sua seleção o que rendia no Barça. Na África do Sul, Messi teve mesmo um desempenho bem abaixo do que se esperava. A Argentina acabou eliminada nos quartos-de-final, batida copiosamente por 4–0 pela Alemanha. Messi alinhou os 90 minutos nos cinco jogos disputados pela 'seleção das pampas', mas o melhor que fez foi uma assistência contra o México, nos oitavos-de-final, sendo esse o único Mundial em que ficou em branco dos cinco que disputou.
Voltou, mais forte, em 2014, para o Mundial do Brasil, onde ficaria bem perto de cumprir o sonho do título de campeão do mundo. Messi entrou com tudo, com quatro golos nos três jogos da Argentina na fase de grupos, frente a Bósnia e Herzegovina, Irão e Nigéria. Depois, nos oitavos-de-final, fez a assistência para o golo da suada vitória, após prolongamento, sobre a Suíça. Ficou em branco nos quartos-de-final e nas meias-finais, diante de Bélgica e Países Baixos, mas mesmo sem Messi voltar a marcar os argentinos conseguiram chegar à final. Aí, porém, a Alemanha foi mais forte e venceu por 1-0 no prolongamento. Foi, contudo (e debaixo de alguma polémica), eleito melhor jogador desse Campeonato do Mundo.
A Argentina teve, depois, de suar para chegar ao apuramento para a fase final do Mundial 2018, valendo-lhe a magia de Messi nos derradeiros jogos de qualificação. Chegados à Rússia, os argentinos tiveram também dificuldades para superar a fase de grupos: empate 1-1 com a Islândia, derrota copiosa (3-0) com a Croácia e triunfo suado, por 2-1, sobre a Nigéria, com um golo de Messi, a valer uma vaga 'in extremis' nos oitavos-de-final.
Esse golo permitiu a Messi tornar-se no terceiro argentino - depois de Diego Maradona e Gabriel Batistuta - a marcar em três Mundiais. O fim da linha chegaria, porém, logo depois, nos 'oitavos', diante da França, que se sagraria campeã: derrota por 4–3, de nada valendo as duas assistências de Messi.
E eis que chegamos ao Mundial 2022, que Messi anunciou pouco antes ser a sua derradeira presença em Campeonatos do Mundo. As coisas não começaram nada bem: apesar de Messi ter marcado, de penálti, a Argentina viu-se surpreendentemente derrotada pela Arábia Saudita no jogo de estreia e ficou desde logo em dificuldades na luta pelo apuramento. Mas Messi puxou dos galões logo a seguir, com um golo e uma assistência (é o único jogador a ter feito até à data assistências para golos em cinco fases finais de Mundiais) no triunfo por 2-0 sobre o México.
Ficou a zeros na vitória que se seguiu, por 2-0, sobre a Polónia, mas foi crescendo com o desenrolar da prova e marcou na vitória por 2-1 sobre a Austrália, nos oitavos-de-final. Somou mais um golo e mais uma assistência no sucesso sobre os Países Baixos (no desempate por penáltis), nos quartos-de-final, e na meia-final, frente à Croácia, com uma exibição de nível estratosférico, repetiu a dose, com mais um golo e uma assistência, num jogo em que igualou Matthaus com 25 jogos em fases finais de Campeonatos do Mundo
Falta, agora, jogar a final, este domingo, diante da França, campeã mundial em título. Messi tornar-se-á no jogador com mais partidas disputadas em Mundiais...e poderá enfim concretizar o sonho de levar a Argentina ao título.
E depois do Mundial?
Depois de, com cinco golos e três assistências, levar a Argentina a esta que é a sua sexta presença em finais de Mundiais, Messi mostrou finalmente ser capaz de suportar o peso da responsabilidade de ser o líder da seleção do seu país.
Independentemente do resultado da final deste domingo, este já será 'o Mundial de Messi', com a magia que demonstrou, por exemplo, no golo ao México, na brilhante assistência para o golo de Nahuel Molina contra os Países Baixos ou na fenomenal arrancada com que 'partiu os rins' a Gvadiol frente à Croácia antes assistir Julian Alvarez.
E, mesmo que a Argentina acabe por não conseguiu levar a melhor sobre a França, tal não afetará em nada o legado de Messi.
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