Portugal entrou no Mundial 2018 com um empate a 3-3 diante da Espanha, e logo com uma 'mão cheia' de novos recordes para Cristiano Ronaldo. O capitão da seleção portuguesa voltou a dizer 'presente' quando a sua equipa mais precisava, e com uma exibição de luxo impediu uma derrota no jogo de estreia do Campeão da Europa na Rússia.

Os grandes jogadores da história entram no panteão dos imortais ao não vacilarem nos momentos cruciais, e Cristiano Ronaldo provou, mais uma vez, com os três golos que marcou à Espanha, que merece estar ao nível dos melhores de sempre.

Primeiro, porque foi o primeiro jogador a marcar um 'hat-trick' à Espanha em fases finais de grandes competições, um feito assinalável tendo em visto o histórico dos confrontos entre os dois países.

Depois, porque Cristiano Ronaldo é neste momento o único jogador da história a marcar pelo menos um golo em nove fases finais seguidas de grandes competições de seleções. Mas os recordes alcançados por Cristiano Ronaldo frente à seleção espanhola não se ficaram por aqui.

O capitão da seleção portuguesa também igualou o húngaro Ferenc Puskas como segundo melhor marcador de sempre ao nível de seleções com 84 golos, mas há mais. Cristiano Ronaldo é agora o terceiro jogador português a marcar três ou mais golos num Mundial, depois de Eusébio e Pauleta, e converteu o terceiro penálti mais rápido de sempre da história dos Mundiais aos 134 segundos.

Para além disso, Cristiano Ronaldo marcou tantos golos ontem no Mundial 2018 como aqueles que tinha marcado nas anterios edições de campeonatos do Mundo (2006, 2010 e 2014), e para além disso fez ainda o seu quinto 'hat-trick' ao serviço da seleção nacional.

Em Sochi, Portugal entrou melhor no jogo contra Espanha. Fernando Santos apostou numa equipa com Bruno Fernandes a titular e logo nos primeiro minutos criou a primeira ocasião de golo pelo inevitável Cristiano Ronaldo. O número 7 de Portugal foi travado na área por Nacho quando se dirigia para a baliza de De Gea e não vacilou na decisão dos onze metros com um remate colocado para o fundo da baliza.

O golo de Portugal obrigava Espanha a reagir de imediato e carregar no 'acelerador' do 'tiki-taka' para assumir o controlo da posse de bola. Portugal aguentou a pressão do adversário e até desperdiçou algumas ocasiões de golo para ampliar a vantagem em lances contra-ataque, nomeadamente num lance em que Gonçalo Guedes tinha obrigação de fazer melhor aos 22' minutos.

A desvantagem tangencial no marcador abria boas perspectivas à seleção espanhola para chegar ao empate, e num lance polémico, entre Diego Costa e Pepe, Espanha faz o empate. O avançado hispano-brasileiro aproveitou o espaço concedido por José Fonte e Cédric Soares para 'bailar' na área de Portugal e rematar para o fundo da baliza de Rui Patrício. O árbitro da partida validou o lance apesar das imagens televisivas mostrarem que houve efectivamente uma falta de Diego Costa sobre Pepe.

Com o jogo empatado, a equipa de Hierro ganhou confiança para atacar a 'remontada' e Portugal sentiu muitas dificuldades para travar as trocas de bola frenéticas entre os jogadores espanhóis. As características mais temíveis da seleção espanhola tornaram-se mais evidentes neste período de jogo, mas o esférico acabou por não entrar na baliza de Rui Patrício apesar de duas boas oportunidades criadas por Isco e Iniesta.

Já em cima do intervalo, e quando tudo indicava que o jogo ia para intervalo empatado, Cristiano Ronaldo voltou a aparecer no jogo para fazer a diferença. Com espaço para rematar enquadrado à baliza, o capitão de Portugal não vacilou e voltou a bater De Gea com um remate forte, aproveitando alguma insegurança do guardião espanhol, que ficou 'mal na fotografia' no lance.

A vantagem de Portugal ao intervalo dava confiança à equipa de Fernando Santos para encarar a segunda parte, mas no segundo tempo algumas falhas defensivas permitiram à seleção espanhola materializar o seu domínio e dar a volta ao marcador. Aos 55' minutos, Gonçalo Guedes não consegue fazer uma marcação eficiente a Busquets, que consegue assistir Diego Costa para o 2-2. Três minutos depois, a Espanha volta a balançar as redes da baliza de Rui Patrício e passar para a frente do marcador pela primeira vez no jogo com um grande remate de Nacho após um ressalto na área de Portugal.

A vencer pela primeira vez no jogo, a seleção espanhola entrou com mais tranquilidade no seu 'habitat natural' de posse de bola, o que iria obrigar Portugal a 'correr' contra o resultado. Fernando Santos viu-se obrigado a mexer na equipa e com duas substituições procurou refrescar o ataque de Portugal. Primeiro entrou João Mário para o lugar de Bruno Fernandes, seguindo-se depois a substituição de Bernardo Silva para a entrada de Ricardo Quaresma. Hierro respondeu a Fernando Santos e lançou no jogo Thiago Alcântara para o lugar de Iniesta.

Apesar do domínio de jogo da formação espanhola, Portugal voltou a criar algum perigo junto à baliza de De Gea aos 79' minutos. Cédric assistiu Cristiano Ronaldo e o capitão de Portugal tentou o desvio, mas o guardião espanhol chocou com Piqué e deixou fugir a bola para Quaresma que tentou dominar a bola, mas acabou por ver o lance interrompido por tocar no esférico com o braço.

Aos 80' minutos, Fernando Santos fez a última substituição de Portugal com a entrada de André Silva, para o lugar de Gonçalo Guedes, mas quem continuava a dominar o jogo era a seleção espanhola. Perto do final do jogo Piqué fez uma falta desnecessária à entrada da área da baliza de De Gea e praticamente estendeu uma passadeira para que Cristiano Ronaldo pudesse brilhar, mais uma vez, no jogo.

Cristiano Ronaldo chamado à conversão voltou a não vacilar e bateu o livre de forma irrepreensível para assinar o seu primeiro 'hat-trick' num Mundial e deixar o mundo a seus pés, mais uma vez.

Estatística do jogo Portugal - Espanha (GoalPoint)

Estatísticas de Cristiano Ronaldo no jogo contra a Espanha (GoalPoint)