Em França, os direitos televisivos foram vendidos em maio de 2018 para as temporadas de 2020 a 2024, numa altura em que a visibilidade da Ligue 1 estava a crescer, à MediaPro, que garantiu então a transmissão da maior parte dos jogos. Porém, a empresa ameaça agora não pagar aos clubes, depois de A Liga Francesa de Futebol lhe ter negado um pedido de adiamento de um pagamento de 172 milhões euros e acrescentado que tenciona distribuir essa verba pelos clubes - que aí têm a sua principal receita - até 17 de outubro, como previsto.
A Liga afirmou que "a prioridade é garantir o pagamento aos clubes dentro do prazo estipulado", depois da queda de receitas de que os clubes foram alvo durante este surto do novo coronavírus.
Esta posição da Liga francesa surge depois de o CEO da Mediapro, Jaume Roures, ter revelado a intenção de reabrir as conversações relativo ao acordo estipulado entre as duas partes e que envolve o pagamento de 800 milhões de euros por temporada pela maioria dos direitos de transmissão da Ligue 1 e Ligue 2, justificando-se com as consequências da COVID-19.
A notícia não caiu bem entre os clubes, que viram as suas finanças profundamente abaladas pela pandemia, com estudos a apontarem para perdas globais a rondar os 600 milhões de euros para o conjutno dos clubes do escalão principal, face à não conclusão da temporada de 2019/20, que em França foi dada como terminada prematuramente, em abril.
Entre as muitas reações, também já o português André Villas-Boas, treinador do Marselha, abordou a questão, mostrando-se duro para com o detentor dos direitos de transmissão dos jogos. "Nunca vi nada como isso na minha vida! Uma pessoa [Jaume Roures] apresenta-se como o grande salvador do futebol francês e, agora, não tem dinheiro para pagar o contrato. É um absurdo", começou por dizer.
"Fico surpreso por a Liga não se ter protegido com garantias bancárias", apontou ainda o técnico português, admitindo temer as consequências que tal decisão poderá trazar, perante o complicado momento encocómico que o futebol já atravessa. André Villas-Boas ironizou mesmo com a situação.
"Eu também posso sonhar com uma casa em Beverly Hills por 20 milhões de euros, mas não posso comprá-la. Portanto, não vou fazer uma oferta para a adquirir. É a mesma coisa: se não se tem dinheiro, não se participa num concurso para a compra dos direitos de transmissão do Campeonato Francês. É um escândalo!", apontou.
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