No dia em que o Benfica mede forças com o Ajax na primeira mão dos oitavos de final da Liga dos Campeões, o site oficial da UEFA publica uma entrevista com Darin Nuñez na qual o avançado uruguaio das águias, de 22 anos, falou sobre as suas raízes, na sua cidade natal, Artigas, da infância difícil que teve, da importância da família na sua carreira e dos ídolos que sempre quis imitar.

Autor de 23 golos em 28 jogos disputados esta temporada pelo Benfica no conjunto de todas as competições, Darwin – actual melhor marcador da I Liga - falou também do privilégio que diz ser representar as águias.

Sobre a infância, recorda a paixão que sempre teve por jogar futebol e as dificuldades por que teve de passar junto com a sua família antes de cumprir o sonho de se tornar futebolista profissional e recompensar pais e irmão por tudo o que fizeram por ele.

"A minha cidade natal é Artigas. É uma cidade que estará sempre no meu coração. O meu sonho empre foi ser jogador de futebol. Lembro-me que quando tocava a campainha para a saída na escola a primeira coisa que eu fazia era pegar numa bola e correr para o campo para jogar com os meus colegas. Ainda hoje, quando lá volto, o que mais gosto é de estar com os meus amigos e familiares, porque me traz muitas recordações", começa por lembrar, antes de falar da sua infância e dos primeiros pontapés na bola.

"Quando era mais novo o que mais queria era pegar numa bola e ir jogar, e tive sempre muito apoio por parte dos meus avós e dos meus pais. O meu pai trabalhava na construção civil e passava oito ou nove horas a trabalhar durante o dia. A minha mãe trabalhava de manhã como empregada doméstica. Lembro-me que a primeira vez que chutei uma bola foi no campo do Piratas, onde jogava o meu irmão mais velho. Ele foi uma pessoa-chave para mim quando eu era mais novo, sempre me ajudou. Ele também chegou a ser futebolista profissional, no [Club Atlético] Peñarol, mas parou de jogar devido a problemas familiares. Ser-lhe-ei grato para sempre", refere, antes de voltar a falar dos seus pais e da alegria que sente por lhes poder, agora, retribuir tudo o que recebeu.

"Amo os meus pais por tudo que fizeram por mim quando era criança. Sempre que não havia comida suficiente a minha mãe dava-nos a dela e eu dizia sempre que quando me tornasse futebolista profissional, com dinheiro suficiente para comprar uma casa, lhe daria uma como presente. E assim que me transferi para o Almería foi o que fiz: comprei seis hectares de terra e dei-lhe", lembra Darwin.

Quanto a ídolos, o atacante do Benfica aponta um: Edison Cavani, que curiosamente esteve muito perto de assinar pelas águias antes da chegada de Darwin. "Ele tem uma estrutura física parecida comigo e somos muito semelhantes a vários níveis. Estava sempre a ver vídeos dele no YouTube. É verdade que geralmente não assistia aos jogos dele, mas via como se movimentava no YouTube, as suas diagonais. E também observei muito o [Luis] Suárez. Seguia-os com especial atenção porque são do Uruguai e são também humildes. A formação deles é parecida com a minha", sublinha.

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Sobre a vinda para o Benfica, Darwin admite que ainda está a evoluir como jogador. "A verdade é que ainda sou muito jovem. Tenho muito para aprender e tenho de continuar a ganhar experiência. Acho que vou aprendendo pouco a pouco, com o tempo, dentro e fora de campo. Ser profissional, descansar bem, comer bem. Antes eu não comia peixe, não gostava. E não gostava de salada, mas agora esses são pequenos detalhes que ajudam a melhorar o meu desempenho em campo. Estou muito feliz comigo mesmo, pois acordo todos os dias de manhã para vir trabalhar, para corrigir os meus erros, e acredito que o tempo também me ajudará", aponta.

"Desde criança que sonhava chegar onde estou hoje e agradeço a Deus por isso. É um privilégio estar agora aqui, num grande clube europeu como o Benfica. Agradeço de todo o coração à minha família por sempre me ter apoiado. No fundo, ainda sou a mesma criança. Não mudei, nem nunca vou mudar. Ainda sou o mesmo Darwin desde criança: sempre humilde e com os pés no chão", termina.