E no final ganharam os alemães! É uma velha máxima do futebol e que encaixa perfeitamente no jogo de domingo.
Em campo, PSG e Bayern protagonizaram um duelo muito interessante nesta final de Lisboa. Ambas as equipas entraram da forma expectável, com a equipa de Tuchel a apresentar-se no seu 4x3x3 com Neymar no corredor central e a tentar construir desde trás, em zonas próximas da sua baliza, para atrair a pressão alemã e procurar rapidamente Mbappé e Di Maria nas costas dos laterais bávaros. Já o Bayern foi a equipa que é sempre, procurando pressionar alto e agressivamente o portador da bola, tendo sempre a bola e o homem como referência. De resto, uma estratégia de pressão oposta à do PSG, que apesar de também ter procurado pressionar alto, com o bloco subido, mas de forma menos agressiva e privilegiando a interrupção de linhas de passe e obrigando o portador a ações mais complicadas por não ter opções próximas.
Durante os primeiros 20 minutos, pudemos observar um PSG a conseguir resistir bem à pressão adversária, com Paredes a mostrar-se muito tranquilo com bola e a procurar principalmente Mbappé nas costas de Kimmich. Ainda assim, o médio do PSG em maior destaque foi Herrera, com liberdade para se mostrar com bola e aparecer atrás da pressão alemã. Contudo, os lances de maior perigo da equipa francesa surgiram fruto da forma como pressionavam a construção do Bayern. Mbappé e Di Maria colocavam-se entre os centrais e os laterais do Bayern, procurando impedir a ligação entre estes.
Já Neymar tentava tapar a linha de passe dos centrais para um dos médios, esperando um passe entre centrais para se colocar entre eles e dividir o campo, obrigado o Bayern a jogar apenas numa metade do terreno. Os médios do PSG mostravam-se atentos ao duplo-pivot alemão, mas principalmente uma preocupação em impedir que Gnabry, Muller e Coman recebessem enrtrelinhas. Desta forma, existiram várias perdas de bola por parte dos alemães em posições comprometedoras, com Neymar e companhia a executarem a grande velocidade e chegarem rapidamente a zonas de finalização.
No entanto, a partir dos 20 minutos, os jogadores do Bayern começaram a perceber que os espaços disponíveis se encontravam nas costas dos extremos franceses e ao lado do trio de médios. E esses espaços encontravam-se mais facilmente acessíveis se conseguissem atrair o PSG a um dos lados para entrarem nas costas do extremo do lado oposto. Foi assim que surgiu a jogada em que Lewandowski atira ao poste da baliza de Navas. A partir deste momento começou a existir algum ascendente por parte dos bávaros, explorando os corredores laterais com maior frequência. Thiago Alcantara, o mago desta equipa alemã, mostrou, como sempre, a sua qualidade e importância na manobra ofensiva do Bayern, pela forma como permitia à equipa rodar rapidamente o centro de jogo, de um corredor para o outro.
Especial Liga dos Campeões: Acompanhe todas as decisões com o SAPO Desporto!
Na segunda parte houve um pequeno ajuste por parte do Bayern que acabou por ditar o desfecho desta partida. Os laterais, que até aqui se colocavam em zonas mais recuadas do terreno, imediatamente atrás dos extremos parisienses, passaram a estar mais projectados. Para tal também contribuiu a postura do PSG que deixou de pressionar tão alto e passou a defender com um bloco mais recuado e a procurar o contragolpe.
Hansi-Flick, que acabou por construir uma equipa fantástica entrando no decorrer da época, instruiu Kimmich para realizar trocas posicionais com Gnabry e ocupar o espaço entrelinhas, enquanto o ex-Arsenal passou a aparecer mais vezes encostado à linha lateral, onde podia aplicar o seu 1x1 frente a Bernat. E acabou mesmo por ser assim que nasceu o golo da vitória alemã. Thiago Alcântara, com um grande passe, encontra Kimmich entrelinhas. O lateral alemão combina com Gnabry e após uma sobra de bola acaba por cruzar com conta, peso e medida para Coman que aparece ao segundo poste a finalizar. O extremo nascido em Paris e formado no PSG, colocava assim, com grande ironia, o Bayern na dianteira do encontro.
Até final do jogo, o Bayern mostrou o porquê de ser um autêntico rolo compressor desde a chegada de Hansi-Flick ao cargo de treinador principal. Mesmo estando em vantagem numa final da Champions, continuou a querer ditar o ritmo de jogo, a pressionar de forma muito agressiva, refrescando inclusive os elementos da frente para que conseguissem continuar a impor a sua dimensão física face a um exausto e desanimado PSG.
Perguntem-se: quantas equipas, estando em vantagem numa final da Champions, perante uma equipa como o Paris Saint-Germain, seriam capazes de continuar a exercer uma pressão tão intensa?
Esta abordagem dos alemães acabou por ditar o fim do encontro, fazendo com que a equipa de Thomas Tuchel fosse incapaz de sair para o ataque e de criar perigo, deixando os parisienses cada vez mais nervosos e erráticos, até aos minutos finais, onde já se jogava mais com o coração que com a cabeça.
Foi uma final interessante, com lances de perigo em ambas as balizas, mas onde se notou uma superioridade alemã, capaz de se impor fisicamente, de encontrar espaços na estrutura do PSG e de ditar o ritmo da partida. Uma equipa que combina elegância e qualidade técnica, com uma dimensão física ímpar e uma velocidade de execução que os tornou difíceis de parar. Acabam de conquistar a Liga dos Campeões apenas com vitórias, atropelando pelo caminho alguns adversários como o Chelsea e o Barcelona. Uma vitória justíssima de uma das melhores equipas da época, mesmo que não tenha começado da melhor forma.
Comentários