Cristiano Ronaldo atravessa um período de menor fulgor na carreira. O craque português perdeu a titularidade no Manchester United, passou para segundas linhas no emblema inglês e na Seleção está longe do fulgor de outras épocas, como se viu no sábado diante da República Checa.

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Após os primeiros oito jogos da época 2022/23, a maioria como suplente utilizado no Manchester United, o avançado português, de 37 anos, conta apenas um golo marcado, e de penálti, registo que por si não foi impeditivo de ser convocado por Fernando Santos, muito por culpa do seu ‘imenso’ estatuto, de tudo o que fez num passado mais ou menos recente.

Cristiano Ronaldo, o 'rei' do golo

Aos 37 anos, o avançado é, há muito, o ‘capitão’ da formação das ‘quinas’ e também o jogador com mais internacionalizações ‘AA’ (190), a caminho de ‘inimagináveis’ 200, e o que soma mais golos (117), sendo neste capítulo o ‘rei’ ao nível de todas as seleções.

Na Seleção A de Portugal, desde que se estreou em agosto de 2003, a equipa das quinas marcou com ele em campo 387 golos, a uma média de 2,03 golos por jogo. Destes golos, 117 foram do avançado, ou seja, 30,2 por cento. Um em cada três golos da Seleção nos 190 jogos que participou foi marcado por Cristiano Ronaldo, de acordo com um levantamento feito pelo jornal 'ABola'.

Entre junho de 2012 e setembro de 2021, o avançado de 37 anos marcou 43 por cento (79 golos) dos 183 golos da Seleção de Portugal.

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Mas foi entre junho de 2018 e setembro de 2019 que marcou mais: 60 por cento (12 golos) dos 20 golos da Seleçãp lusa (três à Espanha, um a Marrocos, três à Suíça, um à Sérvia e quatro à Lituânia).

Ou seja, desde a sua estreia, um em cada três golos da Seleção de Portugal foi apontado por Cristiano Ronaldo.

O craque luso foi aprimorando a técnica do golo e, desde o Mundial2018, esteve com a mira afinada como mostram os números: 32 pela Seleção em 37 jogos e 126 por Juventus e Manchester United em 180 jogos. Ou seja, 158 golos em 217 jogos, a uma média de 0,73 golos por jogo, isso já depois dos 33 anos.

CR7: falta rebentar com a tampa do 'ketchup'

Apesar dos números, a verdade é que muita coisa mudou em Cristiano Ronaldo. Já não é o 'matador' de outrora, já não consegue as arrancadas quando, sozinho, resolvia um jogo. Falha cada vez mais, perde mais vezes golos que, noutros anos, nunca falhava. Na época passada ainda marcou 24 golos em 38 jogos pelo Manchester United, apesar da temporada para esquecer dos 'red devils'.

O muito que conseguiu, os ‘milhentos’ recordes que selou, a quantidade ‘assustadora’ de golos que marcou, tudo isso, já ninguém lhe tira, mas o presente, o seu rendimento neste início de época 2022/23, é outra ‘conversa’.

Por algo que nunca foi explicado, Cristiano Ronaldo falhou a pré-temporada do Manchester United, com as especulações a apontar para que quereria deixar o clube inglês, a disputar a Liga Europa, e rumar a uma equipa de ‘Champions’. As notícias foram ‘fluindo’ e sucederam-se as ‘negas’ à contratação do português, de Bayern Munique, Real Madrid, Atlético de Madrid, AC Milan, Inter Milão ou Nápoles, clubes em que o seu empresário, Jorge Mendes, o terá tentado colocar.

Do lado do futebolista luso, apenas silêncio, intermediado por algumas respostas nas redes sociais, uma das quais a afirmar que já tinha um “livro de mentiras” e a prometer dar uma entrevista dentro de “umas semanas” para contar “a verdade”.

Passou-se, entretanto, um mês e da boca de Cristiano Ronaldo não saiu palavra, mantendo-se no ar todas as dúvidas sobre qual era de facto a sua vontade, se queria mesmo sair, e para onde, ou ficar no United, e o porquê de ter falhado a pré-temporada.

O seu regresso aos treinos deu-se apenas em 26 de julho, 22 dias depois do arranque, mas as especulações sobre o seu futuro duraram até ao dia 01 de setembro, quando fechou o mercado e ficou definida, finalmente, a sua permanência.

Entretanto, Ronaldo começou a jogar, mas, com a preparação em atraso, não entrou de início, sendo chamado apenas aos 53 minutos na estreia do United na Premier League, saldada com uma inesperada derrota caseira (1-2) com o Brighton.

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Seis dias depois, o português, que seria ‘o remédio para todos os males’, já foi titular na segunda jornada, atuando os 90 minutos, só que as coisas não melhoraram para o conjunto de Manchester, que acabou goleado por 4-0 no reduto do Brentford.

O técnico Erik ten Hag não teve, provavelmente, o que esperava de Ronaldo e voltou a relegá-lo para o banco, de onde o português viu o United renascer, com um triunfo em casa do Liverpool, por 2-1. O internacional luso só entrou aos 86 minutos.

O neerlandês foi insistindo que contava com o português, mas, nos três jogos seguintes, o avançado luso voltou a ser suplente, em mais três triunfos dos ‘red devils’, nos redutos de Southampton (1-0) e Leicester (1-0) e na receção ao Arsenal (3-1).

Cristiano Ronaldo jogou 22 minutos em cada um dos dois primeiros jogos e 32 no último, mas continuou a zero em termos de golos, aumentando a ‘seca’ para seis jogos.

Seguiu-se a Liga Europa, com Ten Hag a resolver dar a titularidade ao português na estreia, face à Real Sociedad: Ronaldo regressou ao ‘onze’ e o United voltou aos desaires, perdendo por 1-0, culpa de um penálti de Brais Méndez.

Uma semana depois, e sem jogo pelo meio devido à morte da Rainha Isabel II, Cristiano Ronaldo foi de novo titular na segunda competição da UEFA e apontou, finalmente, o seu primeiro golo, num penálti que concretizou aos 39 minutos.

Assim, feitas as contas, Ronaldo soma um golo, de grande penalidade, em nove jogos (contando já com o encontro com a República Checa).

Fernando Santos, que nunca se cansou de enfatizar a importância do ‘capitão’ na seleção lusa, espera, naturalmente, que o ‘ketchup’ se volte a abrir e os golos de Cristiano Ronaldo, a sua grande especialidade, regressem. Mas, para isso, terá de começar a aproveitar as oportunidades, caso contrário, ficará difícil justificar a sua titularidade, tendo Portugal vários opções válidas no banco.

Esta terça-feira diante da Espanha, tem a oportunidade de, mais uma vez, calar os críticos e mostrar que, aos 37 anos, continua a ser um 'predador' de elite.

*Com agência Lusa