Pedia-se uma vitória, Portugal apresentou uma goleada. Pedia-se um Portugal de 'barba rija' no derradeiro encontro para vencer a difícil Espanha e carimbar o passaporte para a 'final-four' e afinal a Seleção só precisa de um empate. O que quer que Portugal tenha planeado para a 5ª ronda da Liga das Nações, correu melhor do que se esperava já que a Espanha perdeu com a Suíça em casa e entregou a liderança do Grupo A2 aos lusos que, na terça-feira em Braga, só precisam de um empate.

Além da goleada, nenhum dos sete jogadores em risco de falhar o jogo com a Espanha viram amarelo, pelo que, salvo alguma lesão de última hora, Fernando Santos terá a equipa na máxima força para o embate com 'Nuestros Hermanos'.

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O jogo: um goleador improvável em noite de grande eficácia

Fernando Santos surpreendeu com a titularidade de Mário Rui em detrimento de Nuno Mendes na lateral esquerda e, na direita, apostou em Diogo Dalot no lugar do castigado João Cancelo. As apostas viriam a ser cruciais no decorrer do jogo.

A goleada sofrida não espelha o valor desta República Checa de Jaroslav Silhavy. Arrumado em 3-4-2-1, que se transforma num 5-4-1 a defender, os checos tinham empatado na receção à Espanha a duas bolas na 2.ª ronda, num encontro onde tiveram pouco mais de 10 por cento de posse de bola mas viram a vitória fugir nos descontos.

Mas Portugal soube manietar bem as saídas dos checos para o ataque, com um meio-campo que tinha William Carvalho, Rúben Neves, Bruno Fernandes e também Bernardo Silva em processo defensivo. Patrick Schick, a principal ameaça no ataque dos checos, raramente teve oportunidades de finalizar. Os alas Coufal e Zeleny pouco se viram no ataque.

Com a mobilidade de Rafael Leão, mais descaído na esquerda, e Cristiano Ronaldo sempre fora da órbitra dos centrais, Portugal conseguiu desmontar a defensiva checa muito por culpa do avançado do AC Milan mas também de Bruno Fernandes, e pelas incursões de Mário Rui e Diogo Dalot no ataque. O médio do Manchester United aproveitava a marcação quase homem a homem dos três centrais dos checos a Ronaldo e Rafael Leão para entrar no espaço entre os cinco homens da defesa para assim surpreender.

Foi dessa forma que saíram os dois primeiros golos, o primeiro de Diogo Dalot, a ir de área a área, numa jogada que começou no lateral direito, passou pelos três corredores antes de terminar em golo.

Foi dessa mobilidade dos da frente e das incursões de Bruno Fernandes como falso 9 que Mário Rui encontrou o médio dos Red Devils para o 2-0, em dois golos quase idênticos.

Além da forma como conseguiu entrar na defensiva contrária, Portugal também revelou-se seguro a defender, principalmente nas bolas paradas onde os checos são muito perigosos. Houve um ou outro calafrio, mas raramente a baliza de Diogo Costa esteve em perigo.

Outro dado importante foi a forma como Portugal conseguiu defender com bola, retirando-a as checos, gerindo assim os ritmos do jogo. O 2-0 tinha nascido após uma longa sequência de passes entre os jogadores lusos. O 3-0 também, com Diogo Dalot a aparecer em zonas interiores e a rematar de fora da área, de pé esquerdo e colocado.

Houve tempo para gerir os jogadores que estavam em risco de falhar o jogo com a Espanha em caso de amarelo e de ainda Diogo Jota mostrar o seu 'faro' de golo, ao marcar o 4-0, pouco tempo depois de entrar.

Uma goleada num jogo seguro, após uma primeira parte de grande qualidade, naquela que terá sido, se calhar, os melhores 45 minutos da era Fernando Santos na Seleção, pelo que jogou e não deixou jogar.

A derrota da Espanha em casa diante frente a Suíça deixa Portugal na liderança do Grupo A2 com 10 pontos, mais dois que os espanhóis, o próximo adversário dos lusos. Na terça-feira em Braga, basta um empate para seguir pra a 'final-four' e discutir o troféu. Convém não fazer como em novembro de 2020 quando Portugal recebeu a França para vencer e apurar-se para a 'final-four' e acabou por perder na Luz e ficar afastado da prova.

Momento-chave: Schick meteu a mão de Ronaldo na bancada

O golo que poderia relançar os checos no jogo, não chegou. Após uma grande penalidade por mão na bola de Cristiano Ronaldo na área lusa aos 45+4 minutos, o avançado Patrick Schick assumiu a marcação mas rematou com força, fazendo a bola 'beijar' a parte de cima da barra e acabar nas bancadas. Portugal ia para o intervalo a vencer por 2-0, os checos sentiam que a noite não seria deles.

Os Melhores: Dalot e Bruno Fernandes

Diogo Dalot disse 'presente' e criou uma 'dor de cabeça' a Fernando Santos. Titular no lugar que é habitualmente de João Cancelo, um dos melhores  laterais direitos da atualidade (senão mesmo melhor), Dalot foi crucial no jogo, ao estrear-se a marcar e logo em dose dupla. Foi crucial no seu corredor direito, principalmente a nível ofensivo onde  entendeu-se bem com Bernardo Silva. O seu segundo golo é uma maravilha.

Bruno Fernandes mostrou que poder ser útil quando joga perto da baliza, atrás dos dois avançados. Os seus movimentos de falso 9 entre os alas/laterais e os centrais foram uma constante dor de cabeça para os checos. Esteve em todo o lado no ataque luso, criando oportunidades para os colegas e finalizando ele mesmo.

Em 'noite não': Cristiano Ronaldo e uma noite muito azarada

Há noites assim e Cristiano Ronaldo reconheceu-o. Saiu cabisbaixo do relvado após o apito final, com alguma azia num jogo que lhe correu mal. Fez penálti, saiu maltratado num lance com Vaclik onde ficou a sangrar do nariz, pouco tempo antes de levar uma pisadela que lhe resgou a meia e deixou-lhe marcas no tornozelo. Falhou dois golos cantados, em lances onde não costuma vacilar.

Esta época Ronaldo soma um golo, de grande penalidade, em nove jogos (oito pelo Manchester United), e desaires em dois dos três jogos em que foi titular em 2022/23 no seu clube.

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