A Guiné-Bissau vai procurar o primeiro triunfo numa fase final da Taça das Nações Africanas (CAN) de futebol, com o selecionador, Baciro Candé, a alertar para a inexperiência dos jogadores na competição, que se disputa na Costa do Marfim.
Em entrevista à Lusa, Baciro Candé fez uma antevisão da quarta participação consecutiva da Guiné-Bissau na CAN, que vai decorrer entre sábado e 11 fevereiro, e analisou os jogos que vai realizar no Grupo A frente à anfitriã Costa do Marfim, no sábado, diante da Guiné Equatorial, no dia 18, e Nigéria, no dia 22.
“A Guiné-Bissau vai tentar marcar a sua presença pela positiva. Vamos fazer tudo para, pelo menos, ganhar um jogo e orgulhar o nosso país”, afirmou Candé, que tem também o objetivo de passar a fase de grupos.
Apesar de ser uma “seleção nova”, o selecionador guineense tem esperança no desempenho da equipa, reconhecendo que “não tem jogadores que jogam na ‘Champions’ [Liga dos Campeões]”, como outras seleções.
“70% dos jogadores que vão para esta CAN são todos novos, nunca participaram numa CAN, não sabem o que é a CAN. Temos 15 jogadores novos que nunca foram à CAN”, disse.
Baciro Candé explicou que a seleção tem estado a fazer uma reformulação lenta desde que assumiu o cargo, apontou também para o “desnível” entre jogadores, referindo que outros conjuntos têm elementos habituados a competir de três em três dias, enquanto os da Guiné-Bissau jogam uma vez por semana.
Tendo em conta todas as limitações, o técnico não aceita de bom grado as críticas que são feitas à forma de jogar da seleção.
“Se eu souber que aquela equipa é superior a mim, não vou jogar à defesa, mas vou jogar com cautelas”, vincou Baciro Candé, para quem o sistema ‘4-3-3’ utilizado pela Guiné-Bissau não é defensivo.
Candé distinguiu a uma fase final do apuramento, fase em que a Guiné-Bissau conseguiu marcar “muitos golos”, terminando o Grupo A no segundo posto, atrás da Nigéria, de José Peseiro, com 11 golos marcados e cinco sofridos nos seis jogos disputados.
Nas três participações anteriores na Taça das Nações Africanas, a Guiné-Bissau não conseguiu vencer nenhum dos nove jogos disputados, somando três empates e seis derrotas, com 12 golos sofridos e apenas dois marcados.
Apesar dos resultados, Baciro Candé vê evolução desde a primeira participação na CAN, em 2017, no Gabão, conseguindo, nessa edição, um empate frente aos anfitriões.
“O Gabão tinha o melhor avançado africano, o Aubameyang, e empatámos com eles, marcámos um golo aos Camarões que é uma potência. O golo do Piquete foi considerado quase o melhor golo do torneio”, defendeu Candé, em alusão ao golo da Guiné-Bissau na derrota 2-1, diante dos Camarões.
Na edição anterior, em 2021, no Egito, o selecionador guineense lembrou que dos 23 jogadores convocados, oito estavam infetados com covid-19 e não puderam dar o seu contributo nos primeiros jogos.
“Em todas estas participações saímos de cabeça erguida. Não ganhámos nenhum jogo, é verdade, mas ninguém nos humilhou”, observou Baciro Candé.
A Guiné-Bissau abre a CAN2023 frente à seleção anfitriã, no sábado, um jogo que Candé vai enfrentar “sem medo”, embora com cuidados, afirmando que “toda a responsabilidade” estará do lado dos marfinenses.
Esta será a primeira vez que a Guiné-Bissau enfrenta a Costa do Marfim, jogando depois diante de Guiné Equatorial e Nigéria.
A Guiné-Bissau venceu a Guiné Equatorial, por 3-0, num jogo de preparação em Óbidos, Portugal, disputado em março de 2022, resultado que Baciro Candé não valorizou, por se tratar de um contexto diferente.
Já com a Nigéria, de Peseiro, o selecionado guineense espera um “jogo de tira-teimas”, atendendo ao facto de as duas seleções se terem defrontado na fase do apuramento, com um triunfo para cada lado, ambos por 1-0, apesar de elogiar o avançado Victor Osimhen.
O selecionador da Guiné-Bissau considerou ainda Peseiro “um amigo, excelente homem e um bom treinador”, que conheceu no Sporting, apesar de já não falarem “há algum tempo”.
Em relação ao vaticínio feito pelo antigo internacional da Costa do Marfim Yaya Touré, em como a Guiné-Bissau figura entre as seleções que podem vencer a competição, Baciro Candé acredita que é o reconhecimento sobre a evolução dos ‘djurtus’ desde 2017.
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