
Carlos Carvalho, chefe de segurança do FC Porto, revelou hoje que não havia um plano estruturado para a realização da Assembleia Geral de novembro de 2023 no Dragão Arena, que seria a terceira a opção para a reunião.
Na 14.ª sessão do julgamento da Operação Pretoriano, no Tribunal de São João Novo, no Porto, o funcionário dos 'azuis e brancos' reiterou que a possibilidade de mudança para o recinto desportivo, devido à grande afluência esperada, era da responsabilidade da Mesa da Assembleia-Geral (AG) e apenas lhe terá sido comunicada no dia do evento.
Inicialmente prevista para o auditório do Estádio do Dragão, onde ainda arrancaram os trabalhos, havia primeiramente uma hipótese contemplada de passar a reunião magna para a tribuna VIP do estádio, com capacidade para cerca de 800 pessoas.
"Foi às 14:35 do próprio dia da AG que recebi a notificação de que seria possível preparar a alternativa Dragão Arena. Era expectável uma afluência maior, mas não foi percebida a possibilidade de vir tanta gente. Nunca falei diretamente com Lourenço Pinto [então presidente da Mesa da AG], mas a informação da segurança e dos meios veio da parte dele", começou por relatar a testemunha arrolada pela defesa de Fernando Saul.
O depoente justificou, portanto, que não houve tempo para elaborar uma planificação adequada e apenas procurou, junto da empresa de segurança privada que prestava serviços de segurança ao FC Porto, obter o maior número possível de efetivos no local à hora da reunião magna.
Os 12 seguranças previstos inicialmente passaram para 18, uma equipa mais numerosa do que o habitual, mas ainda assim insuficiente para lidar com a grande adesão que se verificou.
Contudo, o diretor de marketing dos 'dragões', Tiago Gouveia, que também depôs na manhã de hoje, mencionou que já se teria ocupado de ordenar a montagem do sistema de som do recinto no dia anterior.
Acrescentou ainda Carlos Carvalho que se dirigiu à Mesa da AG após a primeira vaga de desacatos no pavilhão, dizendo que "não estavam reunidas condições de segurança" para o ato prosseguir, apelo que se revelou vão.
João Begonha Borges, vice-presidente portista, foi também chamado a prestar declarações, após indeferido um requerimento pelo FC Porto para que não tivesse de o fazer, por se tratar de um representante legal do clube.
O coletivo de juízes não viu nesse facto de um impedimento legal para que se apresentasse em Tribunal na qualidade de testemunha e o dirigente, que marcou presença na AG com o presidente André Villas-Boas, revelou as comunicações que teve Henrique Ramos depois dos incidentes.
"Tinha uma chamada de Henrique Ramos durante a AG e mandei-lhe mensagem no dia seguinte a perguntar se podia devolver a chamada. Falei com ele em alta voz, para que o André [Villas-Boas] também o pudesse fazer. Henrique Ramos parecia ligeiramente embriagado, a chamada durou cerca de 15 ou 20 minutos. Queríamos saber se ele estava bem e também sobre o que se tinha passado na AG", detalhou.
O vice-presidente negou ainda ter visto qualquer agressão de Bruno Branco no momento em que Villas-Boas falou à comunicação social durante a AG.
Por hoje, na primeira sessão em que foram chamadas a depor testemunhas de defesa, as diligências estão encerradas, e o julgamento retoma na terça-feira, dia 03 de junho.
Os 12 arguidos da Operação Pretoriano, entre os quais o antigo líder dos Super Dragões Fernando Madureira, começaram em 17 de março a responder por 31 crimes no Tribunal de São João Novo, no Porto, sob forte aparato policial nas imediações.
Em causa estão 19 crimes de coação e ameaça agravada, sete de ofensa à integridade física no âmbito de espetáculo desportivo, um de instigação pública a um crime, outro de arremesso de objetos ou produtos líquidos e ainda três de atentado à liberdade de informação, em torno de uma AG do FC Porto, em novembro de 2023.
Entre a dúzia de arguidos, Fernando Madureira é o único em prisão preventiva, a medida de coação mais forte, enquanto os restantes foram sendo libertados em diferentes fases.
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