O Ministro da Economia e Transição Digital assumiu hoje que o Governo “não sabe” quando os adeptos vão poder regressar aos estádios de futebol, mas garantiu que “estão a ser criadas condições para um contexto que será difícil”.
Na conferência ‘Futebol Profissional e Economia Pós COVID-19’, promovida pela Liga Portuguesa de Futebol Profissional (LPFP), em Oeiras, Pedro Siza Vieira disse entender as pretensões da Liga e dos clubes para que as bancadas possam ter público, mas sublinhou que ainda “não há resposta” para essa ambição.
“Esse é um processo que está dependente da evolução das condições sanitárias. Estamos focados em dar passos seguros que permitam controlar o contágio e de forma a que o sistema de saúde esteja sempre à altura de poder dar uma resposta eficaz”, disse.
De acordo com o governante, “é muito importante” que não se tomem decisões em que depois haja a “necessidade de voltar atrás”.
“Queremos que o próximo campeonato se inicie e decorra até ao fim sem interrupções. O pior que podia acontecer seria tomarmos uma decisão de maior liberdade e mais tarde termos de voltar atrás”, disse, admitindo que a ausência de adeptos nos estádios de futebol traz “consequências económicas graves” para o setor.
Pese embora as dificuldades económicas do futebol, Pedro Siza Vieira deixou elogios ao percurso feito e à resposta que o setor deu aos desafios colocados pela pandemia de covid-19.
“Tal como fez a economia em geral nas últimas décadas, também o futebol apostou na qualificação dos recursos humanos, no apuramento de talento, numa aposta muito maior no conhecimento e inovação, o que lhe permitiu crescer em competitividade e trouxe uma melhoria muito significativa do desempenho”, adiantou o ministro da Economia e Transição Digital.
Quanto ao caminho a seguir, o governante desafiou os agentes do futebol a terem um olhar crítico e a aproveitarem este período para corrigirem erros do passado.
“Algumas das desvantagens da nossa economia também se refletem no futebol: a pequena escala do nosso mercado traz dificuldades em atrair recursos e investimento. É preciso ter escala e mercado para que não se limite a ambição das nossas empresas. Há também um défice crónico de capital, uma subcapitalização dos agentes económicos que limita a competitividade. São fragilidades da nossa economia que a pandemia tornou mais evidentes”, admitiu.
Para o futebol, o ministro pediu que se mantenha o “esforço articulado”, pois “continuará a haver muitas limitações à forma como a atividade se desenvolve”, o que “inevitavelmente criará dificuldades adicionais para algumas empresas”.
“É tempo de encarar alguns problemas estruturais do futebol de forma mais decidida, vencendo constrangimentos que em tempos normais seríamos tentados a adiar. Estes tempos exigem determinação para verificar de que forma podemos construir uma economia mais resistente, empresas mais produtivas e competitivas”, prosseguiu o ministro.
A finalizar, deixar um desafio: “É o tempo de pensar fora da caixa, ir mais longe, com novas ideias. Essa é a mais importante questão que temos pela frente”.
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