Em perigo constante desde que os talibãs assumiram o controlo do Afeganistão, dezenas de jogadoras da seleção de futebol conseguiram deixar o país no passado dia 24 de agosto, com o apoio do governo da Austrália. No entanto, revela a agência Associated Press, decorre ainda uma tentativa internacional de resgatar as restantes atletas que ficaram no Afeganistão, além dos seus familiares e dos funcionários da federação de futebol.

Com a tomada de poder por parte dos talibãs, a 16 de agosto, muitas mulheres desportistas no Afeganistão fugiram das suas residências, esconderam-se em casas de familiares ou amigos. Outras deixaram de sair à rua. Porquê? Apenas pelo simples facto de quererem praticar desporto.

"Motivar jogadoras a não desistirem, nem quando houve tiroteios. Foi duro", afirmou Khalida Popal, antiga capitã e umas das fundadoras da seleção feminina do Afeganistão. Foi precisamente Popal quem anunciou, na última semana, que pelo menos 75 jogadoras e "alguns familiares" conseguiram sair do país.

Khalida Popal, ex-capitã da seleção feminina de futebol do Afeganistão
Khalida Popal, ex-capitã da seleção feminina de futebol do Afeganistão Khalida Popal, ex-capitã da seleção feminina de futebol do Afeganistão créditos: AFP

Atualmente radicada na Dinamarca, a ex-capitã tem sido uma das figuras mais ativas na organização da expatriação de jogadoras ameaçadas pelos talibãs. Farkhunda Muhtaj, atual capitã da seleção afegã, a viver no Canadá, tem estado em contacto com as atletas que ainda não conseguiram escapar. “Elas estão de rastos. Sem esperança” conta Muhtaj à Associated Press.

Nos últimos dias, revela a mesma fonte, fizeram-se cinco tentativas de salvar as futebolistas. Tentativas que viriam a falhar quando um bombista se fez explodir no aeroporto de Cabul, onde se refugia grande parte da população afegã com ligações ao Ocidente, causando a morte de 169 afegãos e 13 militares norte-americanos.

Outro dos fatores que complica o resgate destas jovens é o tamanho do grupo: 133 pessoas, incluindo as 26 atletas da equipa juvenil, assim como os seus familiares, nomeadamente crianças. Muitos não têm passaporte ou outro tipo de documentação necessária para viajar para fora do país.

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Robert McCreary, antigo congressista e membro da administração de George W. Bush, revelou que países como Austrália, França e Qatar já se voluntariaram para ajudar na missão de resgate, intitulada 'Operação Bolas de Futebol'.

"São jovens mulheres incríveis que deviam estar a jogar futebol ou com as suas amigas. Aqui estão numa situação muito perigosa por não terem feito mais do que praticar desporto (...) Acredito que o mundo estará mais atento e vamos receber muitas ofertas para as acolher", disse McCreary.