Em Vila Nova de Gaia, no distrito do Porto, há uma escola de futebol cujo objetivo não é criar Ronaldos, mas sim incluir crianças e jovens de contextos desfavorecidos ou com necessidades especiais, descreveu hoje o responsável.
Chama-se Escola Municipal de Futebol, é fruto e uma parceria entre a câmara municipal e a Associação Talentos de Campeão e os treinos decorrem duas vezes por semana nas instalações do Colégio de Gaia.
Dedicada a crianças e jovens, rapazes e raparigas, dos 4 aos 15 anos, a Escola Municipal de Futebol de Gaia foi criada há 10 meses e conta com 60 inscritos. Já há “olheiros” de clubes à procura de talentos nesta escola, mas esse nem é o principal objetivo do projeto.
“A missão principal é ser solidário e inclusivo e permitir a aprendizagem do futebol, procurando incluir toda a gente, particularmente aqueles que são mais desfavorecidos e que têm mais necessidades sejam de índole social ou de integração ou necessidades adicionais der suporte”, descreveu o vice-presidente da Associação Talentos de Campeão, Daniel Duarte.
Em declarações à agência Lusa, o responsável, que é quem gere este projeto e faz a ligação com a Câmara de Gaia, contou que “até já foram identificados e integrados em clubes oito ou 10 miúdos que mostraram muito jeito”, mas o objetivo principal é “proporcionar desporto a todos”.
“Inclusão é juntar pessoas de diferentes estratos sociais, dar acesso aos mais desfavorecidos, incluir crianças com necessidades especificas e especiais, mas também dar a possibilidade a quem gosta de praticar, mas não tem acesso a clubes - porque esses, e bem, dedicam-se à competição - de também praticar”, descreveu.
Salvaguardando que a escola não se restringe ao treino, Daniel Duarte frisou que neste projeto “se procura, acima de tudo, garantir princípios e valores que possam ser determinantes na formação das crianças e jovens”.
À Escola Municipal de Futebol de Gaia chegam crianças e jovens sinalizados através dos diferentes escalões de apoio da câmara e das respostas da rede social do concelho, bem como miúdos que estão acolhidos em instituições de solidariedade social e casas de acolhimento.
O projeto foi apresentado a cada instituição e até foi dessa apresentação que surgiu a ideia e alargar “num futuro próximo” o projeto a crianças com necessidades adicionais de suporte, nomeadamente crianças com deficiência.
“Já temos situações ligeiras incluídas, crianças que praticam juntamente com todos. E estamos a trabalhar com as instituições que têm crianças com necessidades adicionais de suporte com algum grau de profundidade para constituir uma turma. Já surgiu a necessidade. Não existe resposta social desportiva para estes casos, para estas idades. Os clubes dinamizam atividades para jovens adultos”, contou Daniel Duarte.
Outro dos objetivos o projeto é reforçar as vagas no futebol feminino a partir de janeiro.
“As coisas têm de ter sustentabilidade para irmos, aos poucos, aderindo a novos desafios. Há uma grande procura do projeto e parece-nos haver necessidade de garantir mais vagas”, resumiu.
Numa escola de futebol onde os atletas são treinados por professores, as famílias são convidadas a participar em eventos temáticos e os jogadores com melhor aproveitamento escolar são valorizados, “todos têm acesso ao futebol, mesmo quem não tem apetência para a prática da modalidade, mas gosta de praticar”.
A inscrição é gratuita, cabendo à autarquia dar um apoio financeiro anual à Associação Talentos de Campeão para aquisição de equipamentos, pagamento de salários e apoio médico e despesas com alojamentos, transportes e refeições.
Em informação enviada à Lusa, a Câmara de Gaia descreveu este projeto como “o novo paradigma de integração social” e elogiou o seu “sucesso”, apontando como lema da iniciativa “Desporto para todos”.
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