O 'congelamento' do financiamento às federações desportivas devido à realização das eleições legislativas foi hoje classificada pelo antigo secretário de Estado socialista João Paulo Correia de “má desculpa” e “falta de respeito” do Governo com o setor.

“Este congelamento das verbas, pelo segundo ano consecutivo, é uma falta de respeito. Pelos resultados que tem alcançado nos últimos anos, o setor do desporto não merece e isso tem de ser denunciado. A nossa solidariedade e uma palavra de enorme censura ao Governo”, reagiu João Paulo Correia.

Em declarações à Lusa, o antigo governante comentava a decisão do atual Executivo em não atualizar os apoios às três principais áreas de atividade das federações, nomeadamente a organização e gestão, o desenvolvimento da atividade desportiva e as seleções nacionais e alto rendimento, com o pretexto de, em conjuntura de transição governamental, “evitar perturbações adicionais no financiamento” das atividades regulares.

“Não aumentou as verbas para o setor, nem em 2024, nem em 2025. Há seis meses, o Governo prometeu, com pompa e circunstância, um pacote de investimento de algumas dezenas de milhões de euros: volvido meio ano, o anúncio não saiu do papel”, criticou o dirigente socialista.

O candidato à Câmara Municipal de Vila Nova de Gaia recordou que, no fim de 2023, sob o seu mandato, Portugal tinha um número recorde de atletas, incluindo femininas, facto que, só por si, ditaria um aumento do financiamento às federações, o que volta a não se verificar.

“O primeiro-ministro e o Governo gostam muito de tirar fotografias com os atletas nos momentos das vitórias, mas quando são chamados a cumprir uma promessa ou a respeitarem o setor, mais uma vez, falharam”, acusou.

Lamentando uma decisão da tutela que, a seu ver, “continua a falhar com o desporto”, João Paulo Correia socorre-se dos “resultados históricos” e do aumento de praticantes para exortar as federações a “erguer a voz, protestar e denunciar” o executivo liderado por Luís Montenegro.

O socialista recusou ainda o argumento do período eleitoral para justificar a decisão, recordando que não é a primeira vez que tal acontece e as instituições continuam a funcionar normalmente.

“O Governo não pode dizer, de manhã, que está em plenitude de funções e, à tarde, quando dá jeito, dizer que está em gestão e não quer perturbar o funcionamento dos setores”, ironizou.

Questionado sobre se o pagamento destes montantes não teria a leitura inversa, de ser uma medida eleitoralista, João Paulo Correia desvalorizou, considerando que a situação atual é “desculpa indecente, inaceitável e de mau pagador”.

Várias federações contactadas pela agência Lusa confirmaram que ainda não receberam o valor do duodécimo correspondente ao mês de abril, nem as minutas dos contratos-programa para assinar.