Enquanto que Haaland necessita de uma equipa para lhe conseguir fazer chegar a bola ao último terço, Odegaard é um dos jogadores capazes de fazer chegar a bola ao último terço. E depois do último terço? Falta a melhor decisão. Este é o fator que diferencia o bom jogador do jogador extraordinário - a sua tomada de decisão em último terço.
Ainda que longe do '10' tradicional, Odegaard é o que mais se assemelha a esta posição, principalmente pela liberdade posicional que apresenta com bola, que lhe permitem chegar com grande frequência a zonas de finalização. Umas vezes marca, nas outras assiste.
E os números? Eles são bons, mas os desatentos não tem percepção daquilo que ele consegue criar só vendo as estatísticas. Para além de ser um bom finalizador, destaca-se pelo seu último passe.
Porém, como é de conhecimento público, o Arsenal não conta com finalizadores de nível mundial no plantel: Gabriel Jesus é mais um criador de jogo do que finalizador e Nketiah está ainda longe de ser um ponta de lança que marque 30 golos por época. Se Odegaard muito cria, estes dois últimos muito falham, apesar de evidentemente conseguirem proporcionar outras mais valias para o jogo de Arteta.
No entanto, Odegaard tem algo que a grande maioria dos '10' da atualidade, também muitas vezes denominados como os '8 e meio', não têm: qualidade defensiva.
Depois de uma passagem falhada pelo Real Madrid (ainda muito precoce na sua carreira) e depois um aumento de rendimento na Real Sociedad, foi em Londres, com Arteta, que o norueguês se tornou no grande jogador que é hoje.
Percebeu que não chega ter bola no pé e que é preciso a recuperar para mais vezes fazer aquilo em que é bom. Hoje em dia sabe pressionar, é agressivo e rápido, fazendo com que consiga recuperar a posse por algumas vezes.
É o jogador mais criativo e decisivo da equipa de Arteta. Este fim-de-semana deu um festival frente ao Wolverhampton, com passes em último terço a encontrar os seus colegas que, uma vez mais, foram desperdiçando as oportunidades criadas do zero por Odegaard.
Há Bruno Fernandes (com melhores números), há Kevin de Bruyne (com constantes lesões) e um João Félix no Barcelona encantar os espanhóis, mas o '10' ou '8 e meio' mais completo da atualidade joga pelo Arsenal e chama-se Martin Oddegard.
PS: Rafael Pacheco, treinador e analista de futebol, tem nas bancas o livro 'Rogerball - O Benfica de Schmidt', onde analisa a época do Benfica em 2022/23, que levou os encarnados ao título de campeão nacional e aos quartos de final da Liga dos Campeões.
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