O dia de ontem no António Coimbra da Mota podia ser quase considerado um déjà vu para os mais distraídos. Não tenho grandes dúvidas de que o vosso avô, ao pegar no jornal desportivo de hoje e ao ver a manchete 'Benfica vence Estoril', vá procurar a data do mesmo para confirmar se é o jornal de 6 ou 9 de novembro.
O jogo foi o mesmo, o vencedor foi o mesmo, o que mudou foi o resultado final. Passamos de uma carga de lenha das antigas para um resultado magrinho como o Manuel Marques.
Este jogo fica marcado por duas traições por parte de dois jogadores estorilistas. Dois aspirantes a Judas, tivesse tido Jesus dois amigos assim e a esta hora ainda estava na gruta a pedir para sair.
Falamos obviamente de Francisco Geraldes e de Dani Figueira.
Ao intervalo, não deviam ter dito ao Francisco Geraldes que o Pedro Chagas Freitas lançou um novo livro. O Francisco, ávido por leitura como o Pinto da Costa por brasileiras, já nem pensou em mais nada. À primeira oportunidade expulsou-se do jogo e a esta hora deve estar sentado com as pernas cruzadas a meditar à porta de uma Fnac, esperando que esta abra graciosamente as portas para poder comprar um livro que lhe vai dar imensos conselhos sobre vida e amor.
No caso de Dani Figueira, as coisas foram diferentes. Depois de 66 minutos a defender como Benji na série animada 'Tsubasa', o João Mário tem o desplante de fazer um cruzamento daqueles, fácil, mesmo oferecido, sem vontade nenhuma, mesmo à modo Fernando Santos na selecção.
Um homem aguenta muita coisa, mas ser gozado assim não, e o jovem guardião português perante tal desrespeito socou a bola sem pensar, quem não o faria?
Teve o azar da bola sobrar para o David Neres, que a cavalo dado não olha o dente, no caso dele nem os dentes deve conseguir ver e marcou um belo golo num gesto acrobático. Uma espécie de bicicleta BMX misturada com uma escorregadela numa casca de banana.
Estava feito o resultado. O Estoril, apesar do esforço, não conseguiu derrubar, ao segundo round, o Benfica, que segue para os oitavos de final da Taça de Portugal.
Já agora, o novo livro do Pedro Chagas Freiras chama-se "A raridade das coisas banais". E meus amigos, banal nos dias de hoje é o Benfica de Roger Schmidt ganhar.
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