
Hoje dia 9, pelas 23h30 (menos uma hora nos Açores), o mundo irá parar. Não, não vamos entrar no horário de inverno. Vai parar porque temos Super Bowl, a final da NFL (National Football League), a liga de futebol americano e cujo vencedor se torna “campeão mundial” ... se partirem do princípio de que o mundo é “só” a América.
Este ano, os Philadelphia Eagles defrontam os Kansas City Chiefs, bicampeões em título, a caminho do 1o tricampeonato da história da NFL, a melhor equipa da década, com o melhor jogador da atualidade, Patrick Mahomes, mas que para muitos se resume à “equipa do namorado da Taylor Swift”. É como dizer que o Al Nassr é a equipa do namorado da Georgina.
Trata-se do evento desportivo com maior audiência televisiva dos EUA. Claro que, em termos de audiência, não está ao nível de uma final do Mundial, de um “El Clásico” ou de qualquer jogo do Santa Clara*, mas não deixa de ser um dos momentos do ano, tendo a mesma relevância de uma noite dos Óscares ou daquela vez que o Santa Clara foi à Conference League.
E, apesar de confuso para muitos, eu, que sou vosso amigo, explico. (Não é por me estarem a pagar, é porque sou mesmo vosso amigo!).
O Futebol Americano são 11 contra 11, e cada equipa tenta transportar uma espécie de “supositório”
castanho para a área do adversário enquanto a outra tenta atropelá-los/abalroá-los/assassiná-los.
É uma mistura de râguebi, luta de gladiadores e ausência de amor à vida. É liiiindo.
É de cortar a respiração. Literalmente. É um desporto intenso na medida que podes acabar nos
cuidados intensivos. Mas não é um desporto violento. No fundo é como o concerto da Taylor Swift. Andam aos encontrões por causa de bijuteria. Na Taylor por causa das pulseiras da amizade. No
Super Bowl por causa dos anéis de campeão.
“Ahhh não consigo ver, tá sempre parado...”, diz o leitor num claro tom de desprezo pelo trabalho destes atletas, mas sobretudo pelo meu, que tirei tempo da minha vida pessoal para estar aqui a elucidá-lo.
O futebol americano, é tudo menos parado. Cada pausa é rentabilizada ao máximo, quer para o espectador no estádio, que é entretido com performances de “cheerleaders”, “kiss cams”, “giveaways”, quer para o telespectador que é alimentado com “reacts” ao jogo, “close ups em famosos” e muita publicidade.
E no Super Bowl, isso é levado ao extremo. É o evento com a publicidade mais cara dos EUA. Cada 30 segundos de “commercial” pode custar mais de 7 milhões de dólares.
É uma espécie de “rapidinha da publicidade”. Todas as grandes marcas mundiais apostam as suas fichas, na esperança de ser memoráveis, e que o consumidor volte para mais. Há inclusive “competições” sobre qual o melhor anúncio. É como se numa final da Champions a discussão for: “Quem esteve melhor? A Heineken ou a Mastercard?”
E no intervalo temos o grande momento da noite, o Halftime Show. Este ano a honra ficará a cargo do rapper Kendrick Lamar, que esta semana venceu cinco Grammys e um “beef”. A expectativa é enorme e para muitos o único motivo válido para estar acordado às 2 da manhã num domingo quando o despertador toca para ir trabalhar antes das 7h. Quem não deve estar tão entusiasmado é o Drake, ou pelo menos, “Not like us”.
Para além dos “artistas do campo”, as bancadas estarão repletas de estrelas de Hollywood como o Di Caprio, do Youtube como iShow Speed, do Desporto como Lebron James e até estrelas do “nosso” futebol, como Lionel Messi. Já não se via tanto famoso junto desde as festas do Puff Daddy.
No fundo, o futebol americano é 11 contra 11, e, no final, ganha o espetáculo.
(*) João Nuno Gonçalo é um humorista de 28 anos, diagnosticado com Açorianite Aguda. É médico, mas defende que rir não é o melhor remédio. No que toca a Antecedentes Pessoais destacam-se o facto de ser músico, e ainda comediante assumido desde 2019, sendo que a par do Stand Up Comedy é membro do grupo de sketches "Os Cavaleiros da Távola de Queijos", guionista, criador do Podcast "Fala Agora" e lança vídeos semanais que ultrapassam já os milhões de visualizações no Instagram e Tiktok.
No YouTube pode encontrar os seus espetáculos a solo Nome Próprio (2022) um espetáculo muito autocentrado no seu próprio nome e origem familiar e Herói da Pandemia (2023) onde aborda o papel fulcral que teve em derrotar a COVID19, bem como outros espetáculos.
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