O ano de 2024 no automobilismo ficou marcado pelo tetracampeonato seguido de Max Verstappen na Fórmula 1 e pelo primeiro título de Jorge Martín em MotoGP, depois de ter sido vice-campeão em 2023.
No ano que agora vai terminar, alguns portugueses brilharam em provas além fronteiras.
Na prova rainha do automobilismo, Max Verstappen chegou a dar a ideia que o seu quarto título de campeão do Mundo de Fórmula 1 seria mais um passeio, depois de um início de época fulgurante. O neerlandês venceu sete das primeiras 10 corridas da temporada (Bahrain, Arábia Saudita, Japão, China, Emilia Romagna, Canadá e Espanha) e cavou um fosso enorme na liderança.
"Ele mereceu vencer, fez uma melhor temporada do que eu. Merece mais do que qualquer um. Não tem fraquezas. Quando tem o melhor carro, domina e, mesmo quando não tem, está sempre lá na luta e faz a vida difícil a toda a gente", reconheceu Lando Norris
Mas depois seguiram-se 10 corridas sem qualquer vitória, em que apenas foi ao pódio quatro vezes (três segundos lugares, na Grã-Bretanha, Países Baixos e Singapura, e um terceiro, nos Estados Unidos). A subida de forma da McLaren levou a equipa de Woking, Reino Unido, a ultrapassar a Red Bull em termos de performance, aproveitado por Lando Norris para se aproximar de Max.
Foi nessa altura que veio ao de cima a inteligência do neerlandês. A sua maturidade em pista e a análise de cada situação permitiu-lhe minimizar os estragos para a sua equipa, conquistando pontos importantes, mesmo em situações em que a Red Bull estava atrás da McLaren, Ferrari e mesmo da Mercedes. Verstappen mostrou calculismo e serenidade para tirar o melhor do carro e amealhar pontos importantes.
"Tivemos um começo incrível, mas depois sentimos dificuldades. Mantivemo-nos unidos, conseguimos algumas melhorias e hoje conseguimos o quarto título, que nunca pensei ser possível", admitiu o piloto neerlandês via rádio, quando foi consagrado tetracampeão do Mundo em Las Vegas com um 5.º lugar, numa corrida marcada pela estreia do português Rui Marques como diretor de prova.
Essa foi das poucas vezes que se viu o lado emocional de Max Verstapen, sempre gélido nas suas reações. Assim que cruzou a linha de meta, numa prova dominada pela Mercedes (Russell 1.º, Hamilton 2.º), Max não conteve a emoção na mensagem via rádio para a sua equipa.
"Oh meu Deus, que temporada", exclamava através do rádio, na antepenúltima corrida do ano.
Veja as melhores fotos da corrida de Las Vegas
"Ele mereceu vencer, fez uma melhor temporada do que eu. Merece mais do que qualquer um. Não tem fraquezas. Quando tem o melhor carro, domina e, mesmo quando não tem, está sempre lá na luta e faz a vida difícil a toda a gente", reconheceu Lando Norris, o único que lhe deu luta até ao final. O britânico ajudaria a McLaren a vencer o título de construtores, 26 anos depois da conquista de 1998.
Com 'apenas' nove vitórias nas 24 corridas do ano, o piloto da Red Bull, conhecido por 'Mad Max', numa referência à personagem do ator Mel Gibson no filme homónimo, igualou o francês Alain Prost e o alemão Sebastian Vettel, que também têm quatro, ficando a um dos cinco do argentino Juan Manuel Fabgio e a três do alemão Michael Schumacher e do britânico Lewis Hamilton, ambos com sete.
O ano marcou ainda a despedida de Lewis Hamilton da Mercedes, onde conquistou seis títulos de pilotos. O britânico vai correr pela Ferrari no próximo ano.
Jorge Martin bate Peco Bagnaia no melhor campeonato do Mundo de MotoGP dos últimos anos
Em MotoGP, a época ficou marcada pelo primeiro título do espanhol Jorge Martín, da Ducati, o primeiro piloto campeão do Mundo numa equipa independente desde a criação da categoria MotoGP, em 2002, cujas motas de arquitetura a quatro tempos vieram substituir as brutais motas de 500cc de cilindrada a dois tempos. 'Martinator' igualou assim o feito do emblemático Valentino Rossi, que em 2001 foi campeão mundial da categoria 'rainha' estando numa equipa independente, então na Nastro Azzurro Honda.
Num ano em que o título foi disputado até a última corrida, o espanhol natural de Madrid fez da regularidade a chave para o título, num ano em que Francesco Bagnaia, 2.º, somou 11 vitórias, marco que ninguém atingia desde Marc Márquez, em 2019. Apenas o espanhol tem mais triunfos numa mesma temporada (13 em 2014 e 12 em 2019), igualando o número conseguido por Valentino Rossi em 2002 e 2005.
A estes 11 triunfos ao domingo, Bagnaia soma sete em corridas sprint de sábado, que, ainda assim, foram insuficientes para conquistar o título. Jorge Martín, que ganhou três corridas principais (Portugal, França e Indonésia), venceu também sete corridas sprint, chegando aos 508 pontos no campeonato.
Bagnaia, que em 2023 fora campeão mundial com 467 pontos, somou este ano 498, ficando a 10 do título, que seria o terceiro consecutivo. “Ele mereceu o que aconteceu. Este dia é para ele, por isso não vou dizer mais nada”, sublinhou o italiano, no final.
Jorge ‘Martinator’ Martin celebrou o campeonato ao melhor estilo do filme Exterminador Implacável, com uma máscara de robô tal como a do filme protagonizado por Arnold Schwarzenegger.
"É incrível. Nem sei o que dizer. Comecei a chorar. Foi uma corrida muito emocional. Foi uma longa caminhada, com muitas quedas, muitas lesões", lembrou Martín.
Foi uma espécie de resposta de Jorge Martín, ele que em 2023 perdeu a luta com Peco Bagnaia. A impetuosidade levou-o a cometer erros que provocaram quedas e lhe custaram muitos pontos. Apesar das quatro vitórias ao domingo e nove em corridas sprint, falhou o título mundial, perdido para Bagnaia, que se sagrou bicampeão.
Aprendeu a lição e, em 2024, apresentou-se mais forte psicologicamente, cometendo menos erros, mas voltou a ser preterido no salto para a equipa oficial, agora pelo compatriota Marc Márquez. Agastado, optou por deixar mesmo o universo da Ducati e assumir um lugar na estrutura oficial da Aprilia a partir de 2025.
O português Miguel Oliveira teve uma época para esquecer, com muitas quedas e muitas lesões que o afastaram de várias provas. O 'Falcão' de Almada fechou o campeonato com um 12.º lugar pela Trackhousem ele que em 2025 vai correr pela à Pramac Yamaha.
No Moto 2 o título foi para o japonês Ai Ogura e no Moto 3 quem venceu foi David Alonso, primeiro piloto colombiano a sagrar-se campeão mundial de Grandes Prémios em qualquer classe. Nos Superbikes o campeão foi o turco Toprak Razgatlioglu.
Ainda no mundo do automobilismo, o ano arrancou com Carlos Sainz a conquistar o mítico Dakar nos automóveis, igualando assim o feito do finlandês Ari Vatanen com quatro triunfos. Nas motos venceu o norte-americano Ricky Brabec, ele que repetiiu o triunfo de 2020, dando assim à Honda o terceiro triunfo nas motas no Dakar. O terceiro triunfo da Honda foi, também, o terceiro de Ruben Faria enquanto diretor desportivo da marca nipónica. Ruben Faria levaria a Honda a vencer, em 2024, o primeiro Mundial de motas elétricas.
Destaque ainda na prova, que decorreu na Arábia Saudita, para os quatro triunfos em etapas, todos nos SSV, do português João Ferreira, navegado por Filipe Palmeiro. Aliás, 2024 seria de glória para João Ferreira, ele quer conquistou a Taça do Mundo de todo-o-terreno em automóveis, 21 anos depois de Carlos Sousa ter conquistado o troféu, venceu também, com Filipe Palmeiro, o nacional de todo-o-terreno em automóveis (Mini).
Nas duas rodas, o portuense Pedro Bianchi Prata (Honda) sagrou-se campeão mundial de veteranos.
Depois do Dakar 2024 no início do ano, Al-Attiyah nos carros e e Ross Branch nas motos viriam a sagram-se campeões mundiais de todo-o-terreno.
O campeonato do Mundo de Ralis (WRC) foi conquistado pelo belga Thierry Neuville (Hyundai), neste que é o seu primeiro título. O belga de 36 anos conseguiu finalmente o tão desejado título, depois cinco segundos lugares, em 2013, 2016, 2017, 2018 e 2019. Já a Toyota garantiu o título de Construtores pela oitava vez.
A nível interno, o Campeonato de Portugal de Ralis de 2024 foi conquistado por Kris Meeke, à frente de Armindo Araújo.
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