César Chantal. Este é o nome do último piloto a não resistir aos perigos da Ilha de Man TT, a mais perigosa corrida do Mundo. Chantal foi a 263.ª pessoa a perder a vida na famosa prova britânica.

O piloto de francês de sidecars sofreu um grande acidente na primeira corrida do passado sábado e morreu. O seu compatriota Olivier Lavorel ficou ferido. Chantal ainda foi transportado para o Aintree Universitary hospital em Liverpool mas não resistiu aos ferimentos.

Para Chantal, era um sonho poder correr em Man. Gilles Chantal, pai de Chantal, contou que o sonho do filho era correr ali. Cumpriu o sonho mas de lá não saiu com memórias para contar.

A organização começou por informar que teria sido Olivier Lavorel a morrer, na sequência do acidente, mas logo voltou atrás para corrigir a informação.

"Foi levado a cabo um procedimento de identificação inicial usando os procedimentos normais e parece que houve uma identificação errada. Acreditamos que foi César Chantal quem morreu no acidente de sábado, 04 de junho. Olivier continua em estado crítico e a receber tratamento. As famílias dos dois pilotos já foram informadas. Com o devido tempo, levaremos a cabo uma exaustiva revisão dos processos de identificação dos pilotos", pode-se ler num comunicado da organização.

César Chantal foi a terceira morte registada em sete dias nas provas na Ilha de Man, em Inglaterra. Antes, Mark Purslow, piloto de 29 anos, morreu durante a qualificação. Na segunda-feira foi Davy Morgan, na sequência de um acidente nas curvas cegas e perigosas de Man. Morgan, de 52 anos, conhecia a ilha como a palma das suas mãos, ou não tivesse corrido ali durante 22 edições. De pouco lhe valeu.

Apesar de três mortes em sete dias, nada pára as provas na Ilha de Man.

Man: a ceifar vidas desde 1910

Correr em Man não é para qualquer um. Há quem fala em coragem para definir os que se decidem arriscar pelas curvas da ilha. Outros falam em imprudência.

Quem vai, sabe ao que vai.

Depois de dois anos de ausência, devido a pandemia de COVID-19, o motociclismo voltou a famosa ilha britânica, um pedaço de terra no mar da Irlanda.

Mas esta não é uma corrida qualquer. Dividido em seis categorias, a prova é mais um contrarrelógio, em que os pilotos partem com diferenças de dez segundos entre eles, tal como num contrarrelógio no ciclismo. Quem é mais rápido, apanha o da frente, o que aumenta os riscos e perigos de uma queda nas manobras.

Na semana passada, com os primeiros treinos antes das provas do fim de semana, houve pilotos a ultrapassar a barreira dos 320 km/hora nas 264 curvas das estradas de aldeias e montanhas da ilha britânica. De acordo com dados do jornal 'The Telegraph, demora 55 minutos a fazer o circuito de carro. O recorde do circuito, de 60,7km, pertenceu a Peter Hickman (cinco vitórias), com o tempo de de 17 minutos (16m42,7s), a uma velocidade média de 218km/h.

Para este regresso às provas em Man, a organização esperava 50 mil visitantes, devotos dos perigos da ilha. Muito deles fazem peregrinação há vários anos para viver as suas duas semanas preferidas do ano.

Apesar das melhorias feitas, como um menor número de pilotos em algumas corridas, a retirada da qualificação em pares, a introdução de um sistema de localização por GPS e um sistema eletrónico de bandeira vermelha, as corridas de Man continuam a ser as mais perigosas do Mundo.

De recordar que a prova decorre nas ruas da ilha, o que coloca questões de segurança já que esta não é uma pista, são as estradas da ilha.

De acordo com dados da imprensa inglesa, são já 263 os mortos registados desde que começou a Ilha de Man TT, em 1910, prova disputada na região autónoma do Reino Unido.

Estamos a falar da mais clássica e mais antiga prova de resistência do motociclismo.