O presidente da Federação Internacional de Motociclismo (FIM), o português Jorge Viegas, disse hoje esperar consagrar Miguel Oliveira, em Mugello, no Grande Premio de Itália de MotoGP, reconhecendo que o piloto da KTM está numa encruzilhada.

“Ele tem capacidade, mas para se chegar a campeão do mundo, que é o que desejamos, é preciso uma conjugação de fatores enorme, que o piloto esteja em forma, que não tenha acidentes que lhe roubem pontos e, sobretudo, ter uma mota para ganhar. O Miguel, este ano, tem tido algum azar, e por outro lado, a mota não tem estado à altura do talento dele”, afirmou Jorge Viegas.

No entanto, à margem da conferência 2Build, em Cascais, o dirigente do organismo que rege o motociclismo mundial atribuiu a maior quota de responsabilidade a Miguel Oliveira, durante as corridas.

“O Miguel tem de fazer pela vida, quando se está no circuito não há ninguém para ajudar, é ele e a mota, portanto tem de tomar as melhores opções. Agora, em Mugelo, onde já ganhou noutras categorias, e parece que vai estar a chover, e ele se calhar ganha – ele é dos melhores pilotos em pisos molhados -, se calhar vou entregar-lhe o prémio no domingo”, vaticinou.

O piloto natural de Almada, de 27 anos, ocupa o 11.º lugar do Mundial, com 43 pontos, a 59 do francês Fábio Quartararo (Yamaha), detentor do título e líder do campeonato.

“Continuo a dizer que o Miguel é um dos melhores pilotos do mundo, salvo erro é um dos cinco do MotoGP que já venceram quatro corridas, e não é por acaso. Acho que ele está numa encruzilhada da carreira dele, tem de tomar uma opção, porque não assinou o contrato com a KTM até agora, tem o contrato para assinar há já algum tempo, por isso, ou assina pela KTM ou tenta encontrar outra equipa, mas eu não sei mesmo o que pretende, nem se já decidiu”, referiu.

Jorge Viegas participou na conferência 2Build, sobre a ligação do mundo empresarial ao desporto, dando o exemplo do motociclismo e, em particular, da forma como se consegue angariar adeptos e praticantes.

“Só há duas maneiras de aumentar o número de praticantes. Ou alargamos a base, captando muitos miúdos para a prática do motociclismo, o que não é fácil em Portugal, ou temos um herói, que é o caso do Miguel, havendo depois o fenómeno da imitação e querem seguir a carreira por causa dele”, explicou.

O presidente da FIM identificou dificuldades em algumas das sete disciplinas do motociclismo.

“Nem sempre há gerações de pilotos com muito talento, mas, em termos quantitativos, estamos na média europeia. Nós temos sete disciplinas diferentes, e cada país tem a sua especificidade, e aquela que tem mais praticantes será o motocrosse, e que está bem em Portugal, apesar de estarmos numa geração sem nenhum Rui Gonçalves ou um Paulo Gonçalves, que chegaram a campeão da Europa e vice-campeão do mundo, respetivamente”, rematou.