O português João Ferreira (Mini) admite que ambiciona “ganhar o [Rali] Dakar” no futuro, mas que, para isso, ainda precisa de “ganhar experiência” na mais mítica prova do todo-o-terreno mundial.

Em declarações à agência Lusa no dia de descanso da 47.ª edição da competição, que se disputa de 03 a 17 de janeiro, na Arábia Saudita, o piloto leiriense admite que gostaria de vencer.

“Quero um dia ganhar o Dakar. Este ano só com muita sorte nossa e muito azar dos outros é que isso pode acontecer. Admito que ainda não tenho as capacidades para isso. Mas estou a trabalhar para, num futuro próximo, sermos candidatos à vitória”, disse o piloto de 25 anos, 11.º classificado da categoria Ultimate, à qual só chegou este ano, depois de duas participações com veículos ligeiros em 2023 e 2024.

Em 2024 sagrou-se campeão nacional e europeu de todo-o-terreno e venceu a Taça do Mundo de Bajas aos comandos de um MINI JCW preparado pela equipa X-Raid. “Sinto-me mais seguro e mais confiante”, garantiu.

Sobre a viatura utilizada anteriormente, João Ferreira lembra que “tem menos 200 cavalos, com uma velocidade máxima de 125 km/h e pesava uma tonelada”. “Já este carro [MINI] pesa duas toneladas, tem 400 cavalos e pode atingir uma velocidade máxima de 170 km/h", contou.

João Ferreira garante que essa velocidade máxima “atinge-se muitas vezes, muitíssimas”. “Os carros até dão mais, mas estamos limitados a 170 km/h pelo regulamento, por uma questão de segurança”, explica.

Agora que chegou a meio da prova na 11.ª posição da categoria principal, o piloto português procura chegar a um lugar entre os 10 primeiros.

“Adorava acabar o meu primeiro Dakar nos carros no top-10. Pode parecer pouco ambicioso, mas, se olharmos para a lista de inscritos, vemos 20 pilotos super-rápidos, que já ganharam etapas”, disse.

Por isso, acredita que “um 10.º lugar é possível”. “Temos ritmo para andar no top-5, top-10, como já demonstrámos. É esperar que não tenhamos muitos problemas”, frisou.

Até porque este, na sua opinião, “sem dúvida que é um Dakar mais duro”.

“Na categoria em que estou agora, os carros são mais exigentes fisicamente e, também, mentalmente, porque andamos muito mais depressa. Tivemos logo nesta primeira semana a etapa maratona e a etapa de 48 horas. Portanto, não foi uma semana fácil”, frisou.

Apesar de este ano o percurso ser “mais ou menos o mesmo” do que nas cinco edições anteriores em que se realizou na Arábia Saudita, “o que acontece é que a organização depois toma um caminho, mais para a esquerda ou mais para a direita, que pode ser mais ou menos difícil”. “E este ano carregou-nos de dificuldade”, garante João Ferreira.

O piloto português explica que “há muito mais pedra e valas”. “E fizeram etapas muito longas, todas com mais de 400 quilómetros, o que aumenta a dificuldade”, disse ainda. Por isso, sabe que, para vencer, “falta experiência”.

“O TT é uma modalidade que exige muita experiência, sobretudo de deserto. Nas Bajas já consigo andar ao nível dos melhores do mundo, mas, no deserto, falta-me a experiência de saber quando, em situações difíceis, é preciso baixar o ritmo”, explicou.

Em causa está, sobretudo, “saber quando acelerar menos”.

“Saber quais as zonas em que tem de se andar devagar e quais aquelas em que é preciso saber andar depressa. Passar depressa, mas com o carro a bater por todo o lado é fácil. O segredo é saber andar depressa, mas sem estragar o carro e sem cometer erros”, explicou o piloto da X-Raid, que admite ter “feito alguns erros nesta primeira semana”. “Mas fazem parte da aprendizagem”, conclui.

Sábado disputa-se a sexta das 12 etapas da 47.ª edição do Rali Dakar, que liga Hail a Duwadimi, a maior deste ano, que inclui 605 quilómetros cronometrados.