Há nomes que marcam gerações e desportos mesmo que a sua passagem tenha sido mais curta do que o esperado, Ayrton Senna da Silva, é um desses nome, e que nome. Ao lado de figuras como Michael Schumacher, Alain Prost, Niki Lauda, Sebastian Vettel, Lewis Hamilton ou Max Verstappen, o piloto brasileiro tem eternizado um lugar 'nos melhores dos melhores' da Fórmula 1.

Há 30 anos, no Grande Prémio de San Marino, no dia 1 de maio de 1994, falecia Ayrton Senna. O acidente de um dos astros do desporto motorizado parou Portugal, Brasil e o mundo, afinal, morria uma lenda.

As melhores imagens da carreira de Ayrton Senna

Com passagens pela Toleman, pela Lotus e pela McLaren, foi na equipa britânica que alcançou os seus preciosos três títulos de campeão mundial de Fórmula 1, em 1988, 1990 e 1991. Mas, quase dez anos depois de ter ingressado na categoria rainha do automobilismo Senna queria mais: uma nova aventura. Em 1994, o brasileiro ingressou na Williams e, nada correu como planeado...

Ainda a ambientar-se a um novo carro, muitas foram as dificuldades do piloto brasileiro nas primeiras corridas da temporada.
A ambição do quarto título na Fórmula 1 começava a ficar mais longe, uma vez que, logo nas primeiras duas corridas foi obrigado a abandonar por problemas no monolugar.

A terceira etapa da época viria a ficar marcada por um dos fins de semana mais negros da Fórmula 1. Os treinos livres de sexta-feira ficaram marcados pelo aparatoso acidente de Rubens Barichello que acabou por ter de ser hospitalizado com pequenas fraturas. No sábado, a sorte não foi a mesma para Roland Ratzenberg que após um acidente acabou mesmo por falecer no local.

A apreensão e choque dos pilotos levaram a que estes se reunissem para pedir mais segurança para o GP, com Ayrton Senna a ser uma das vozes mais ativas e chegando mesmo a ponderar não participar na corrida.

Mas, quando decorria a sétima volta da corrida, o piloto brasileiro acabou por perdeu o controlo do carro na curva Tamburello e bateu no muro a mais de 200km/h, apesar de ainda ter sido transportado para o hospital, Ayrton Senna acabaria por morrer, aos 34 anos de idade, a fazer o que mais gostava: correr.

O momento acabou por chocar uma geração inteira, principalmente, porque o Grande Prémio de San Marino estava a ser transmitido em grande escala nas televisões nacionais, como foi o caso de Portugal.

O adeus a uma lenda:

O corpo de Senna acabou por ser levado para o Brasil e durante o cortejo do caixão do Aeroporto de Guarulhos até à Assembleia Legislativa, onde se realizou o velório, que durou aproximadamente 24 horas, até ao cortejo final desde a Assembleia até o Cemitério do Morumbi, cerca de três milhões de pessoas estiveram presentes para dizer o último adeus ao herói brasileiro. As despedidas ao tricampeão mundial tiveram direito a transmissão televisiva a nível mundial.

Foram decretados três dias de luto nacional e o caixão com a bandeira do Brasil e o icónico capacete amarelo de Senna foi transportado pelos pilotos Emerson Fittipaldi, Gerhard Berger, Rubens Barrichello, Michele Alboreto, Damon Hill e Alain Prost.

Senna, o 'rei' da chuva que conquistou Portugal

Para além de ser um herói brasileiro, Senna tinha uma ligação especial com Portugal, principalmente depois de em 1985, o piloto ter vencido o Grande Prémio no Estoril, a sua primeira vitória na categoria rainha do automobilismo.

O Estoril foi palco da segunda etapa do Mundial de Fórmula 1 e, logo no sábado, o piloto brasileiro mostrou ao que vinha e conquistou a pole position com uma volta em 1:21.007, ainda em piso seco, e conquistou a sua primeira 'pole' da carreira.

Mas, foi num dia bastante chuvoso e no piso molhado - que Senna tanto gostava - que Ayrton teve a sua primeira vitória, numa prova que acabou por ser muito acidentada, já que dos 26 pilotos apenas seis chegaram ao fim, e apenas 67 das 70 voltas previstas foram previstas, já que foram atingidas as duas horas de provas.

Senna deu uma 'masterclass' do que é conduzir com chuva, ao dobrar sete dos oito pilotos que terminaram a corrida.

Assim foi o último GP de Portugal em Fórmula 1, realizado em setembro de 1986
Ayrton Senna, Alain Prost, Nigel Mansell e Nelson Piquet a posarem para a fotografia antes do Grande Prémio de Portugal, em Formula 1, no Circuito do Estoril, em 1986 @(Photo by Dominique FAGET / AFP) créditos: AFP or licensors

Também era em Portugal que Senna acabava por passar muitos momentos na sua casa no Algarve, na Quinta do Lago.

O nascer de um herói da Fórmula 1:

No dia 21 de março de 1960, no bairro de Santana, em São Paulo, nascia Ayrton Senna. Desde de cedo que a paixão pela velocidade tomou conta do brasileiro e, com apenas quatro anos, começou a competir com um kart construído pelo pai, e que o motor era retirado de um cortador de relva. As corridas deixaram muito rapidamente de ser apenas uma brincadeira e, aos 21 anos, Senna rumou à Europa para competir.

Depois de assegurar o título de campeão da Fórmula Ford 1600 no Reino Unido e do campeonato de Fórmula 3 inglesa, aos 24 anos Senna começou a jornada na Fórmula 1. As atenções foram se virando para um jovem piloto brasileiro que ia espalhando magia pelas pistas por todo o mundo. Foram 41 vitórias, três títulos mundias e muitos recordes que persistem até aos dias de hoje.

Podem ter passado 30 anos, mas Ayrton Senna superou gerações. É um nome icónico e uma das personalidades icónicas da Fórmula 1, por essa mesma razão, o mundo volta a prestar homenagem a Ayrton. Interlagos vai receber mais de 10 mil messoas no Ayrton Senna Racing Day, em Miami, durante o Grande Prémio, o artista Eduardo Kobra vai ainda inaugurar um mural do piloto, em Las Vegas, a esfera estará iluminada com as cores do capacete de Senna e em Turim uma exposição de carros e equipamentos não deixa esquecer o legado do brasileiro.

Também a Netflix não esqueceu o piloto e divulgou, na terça-feira, o primeiro trailer da minissérie, 'Senna', que relembra a história dentro e fora da pista do tricampeão de Fórmula 1.