O português Joaquim Rodrigues Jr. (Lusa) considerou hoje que os pilotos das motas arriscaram a vida na sétima etapa da 44.ª edição do rali Dakar de todo-o-terreno, neutralizada ao quilómetro 101 por questões de segurança.
Joaquim Rodrigues Jr. (Hero) fechou o dia como melhor português, na 10.ª posição das duas rodas, a 4.29 minutos do vencedor, o australiano Daniel Sanders (Gas Gas), mas concordou com a decisão da organização.
“Era uma etapa muito perigosa. Arriscávamos a nossa vida. Ainda bem que perceberam. Queixámo-nos no reabastecimento e ainda bem que cancelaram o resto do percurso. Eram as nossas vidas que estavam em causa e não valia a pena”, disse o piloto natural de Barcelos à chegada ao acampamento.
Recorde-se que Joaquim Rodrigues Jr. perdeu o cunhado, o piloto Paulo Gonçalves, na sequência de uma queda durante a sétima etapa da edição de 2020 da prova.
Já Rui Gonçalves (Sherco) fechou o dia na 17.ª posição e relatou que alguns dos perigos não estavam assinalados na carta da prova.
“A verdade é que o terreno estava bastante degradado com muitos buracos e regos devido aos carros e camiões terem feito essa mesma especial no dia anterior. Alguns dos perigos não estavam assinalados no roadbook e por isso era necessário rolar com muita precaução e por vezes sair da linha principal. Posteriormente à etapa ter sido neutralizada regressámos ao bivouac pelo alcatrão e assim terminámos a primeira semana do Dakar”, frisou.
Recorde-se que, na quinta-feira, pela primeira vez na história da prova os automóveis e as motas enfrentaram percursos diferentes, trocando entre si no dia de hoje.
Mas a passagem dos concorrentes dos automóveis e camiões e as chuvas que afetam aquela região da Arábia Saudita tornaram o percurso que hoje as duas rodas deveriam percorrer intransitável.
Assim, a organização optou por neutralizar a etapa no primeiro ponto de abastecimento, ao quilómetro 101, depois de muitas queixas dos pilotos das duas rodas relativas à segurança.
O piloto do Botswana, Ross Branch (Yamaha), foi um dos apanhados nas armadilhas do traçado, desistindo após queda que lhe provocou lesões na mão direita. Foi transportado aos serviços médicos do acampamento pela organização.
Quim Rodrigues, que tinha caído na véspera, ficando dorido das costas, espera conseguir recuperar durante o dia de descanso, este sábado.
“Agora vamos ter o dia de descanso e tentar recuperar o corpo. Ainda estou dorido. Espero sentir-me melhor. Espero ter uma segunda semana melhor”, disse o piloto da Hero.
António Maio (Yamaha), que tinha chegado em 20.º, sofreu uma penalização de 15 minutos e caiu para a 65.ª posição.
Mário Patrão foi 42.º, Alexandre Azinhais (KTM) 89.º, Arcélio Couto (Honda) 94.º, Paulo Oliveira (KTM) 100.º e Pedro Bianchi Prata (Honda) 103.º.
Na geral, Sam Sunderland tem, agora, 2.39 minutos de vantagem sobre Mathias Walkner e 5.35 sobre Daniel Sanders, que ascendeu ao terceiro lugar.
Joaquim Rodrigues Jr. é 18.º, a 1:05.5 horas enquanto António Maio caiu para 25.º, a 1:43.33 horas, e Rui Gonçalves 32.º, a 2:20.08 horas.
Nos automóveis, o argentino Orlando Terranova (BRX) foi o vencedor da etapa, num dia em que o qatari Nasser Al-Attiyah (Toyota) reforçou o comando.
Terranova concluiu os 346 quilómetros cronometrados com o tempo de 3:06.45 minutos, deixando o sueco Mathias Ekstrom (Audi) no segundo lugar, a 1.06 minutos, com o saudita Yazeed Al Rajhi (Toyota) em terceiro, a 1.49 minutos.
O francês Sébastien Loeb (BRX) sentiu dificuldades durante a etapa e perdeu 21.31 minutos, baixando ao terceiro lugar, por troca com Al Rajhi, que é, agora, segundo classificado a 50.19 minutos do catari Nasser Al-Attiyah (Toyota).
Loeb é o terceiro da geral, a 50.25 minutos do líder.
Miguel Barbosa (Toyota) foi 52.º e está, agora, na 37.ª posição.
“Foi uma etapa rápida, com muita, com muita pedra. Encontrámos dunas já mais perto do fim. As dunas foram a parte mais interessante do percurso. Todo o resto teve muita pedra. Furámos duas vezes. Tem de se andar com ‘pézinhos de lã’, mas, mesmo assim, é fácil furar. Parámos também para ajudar o piloto chinês da nossa equipa que capotou. Demos um puxão com a cinta, o que também faz parte do Dakar, este espírito de entreajuda. Já estamos a meio da prova, estamos satisfeitos por aqui estar”, disse.
Nos veículos ligeiros, Mário Franco (Yamaha) foi 27.º e caiu para 11.º da geral, a 5:40.32 horas do líder, Francisco Lopez (Can-Am).
Nos SSV, Luís Portela de Morais (Can-Am) foi 12.º, a 16.36 minutos do vencedor, o polaco Marek Goczal (Can-Am). Rui Oliveira (Can-Am) foi 32.º.
Luís Portela de Morais é, agora, nono classificado, a 2:58.57 horas do líder, o brasileiro Rodrigues Oliveira (Can-Am), enquanto Rui Oliveira é 21.º.
No sábado cumpre-se o dia de descanso da prova.
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