Depois do Grande Prémio do México, é tempo de fazer um balanço sobre aquilo que tem sido o campeonato de 2024. Esta temporada está mais competitiva e renhida, principalmente pelo facto da Red Bull ter diminuído o seu desempenho, permitindo que Verstappen não dominasse, como tem sido habitual, e mais equipas surgissem fortes.
Faltam mais quatro corridas para o final da temporada e possivelmente só perto da última prova é que existirá um campeão anunciado. O duelo entre Verstappen e Norris tem dominado as corridas e fazem-se apostas quanto a uma possível vitória à justa do neerlandês ou uma sorte de "principiante" do inglês. A próxima corrida, na casa de Ayrton Senna, antecipa as últimas três provas do campeonato, em Las Vegas, Qatar e Abu Dhabi, que recebe mais uma vez a derradeira batalha entre os pilotos.
Norris parece não querer ganhar e Verstappen agradece
Há algum tempo que a Fórmula 1 não tinha uma temporada tão disputada- Entre Max Verstappen e Lando Norris existe um vencedor mais provável do que o outro, mas nada está decidido a quatro corridas do fim. Max Verstappen tem tido uma época conturbada, marcada por algumas polémicas possivelmente motivadas pela perda de hegemonia da Red Bull. O piloto neerlandês parece que regressou às épocas em que corria atrás de Lewis Hamilton e reavivou o seu lado mais competitivo e até agressivo.
Tem sido implacável com a FIA, com a própria equipa e com o seu rival direto, Lando Norris.Se Verstappen achou que iria arrasar em mais uma temporada, enganou-se. Apesar de se manter na liderança com 362 pontos, o neerlandês tem estado afastado do primeiro lugar do pódio e parece um pouco desesperado por se manter à frente de Norris em cada corrida.
Só no último fim de semana, Lando Norris recuperou 11 pontos e os dois estão agora separados por 47 pontos. Norris tem recebido algumas críticas pelo facto de parecer demonstrar alguma passividade na hora de enfrentar Verstappen. O que é certo é que o inglês conduz o melhor carro da grelha de partida e, ainda assim, não consegue diminuir significativamente a distância para Max, nem vencer em grande parte das corridas.
Nas últimas seis provas, Norris só venceu duas delas, chegando a deixar o lugar mais alto do pódio para o seu companheiro de equipa. Uma das razões que, em momentos, poderá ter deixado o inglês mais longe do título de campeão foi o facto de a McLaren não ter bem definido quem é o piloto principal da equipa, sendo indiferente à possibilidade de Norris poder ser campeão.
Outro piloto que continua a ser candidato à vitória do campeonato, matematicamente, é Charles Leclerc. O monegasco ocupa a 3.ª posição com 291 pontos, a 79 pontos de Max Verstappen, e está a ser recompensado por uma temporada consistente em que terminou praticamente todas as corridas no top 5.
Contudo, a tarefa não se afigura fácil, ou quase impossível, mas o piloto já afirmou que enquanto as contas estiverem a seu favor, fará tudo para chegar ao troféu de campeão. Oscar Piastri e Carlos Sainz disputam o 4.ª lugar com 11 pontos de diferença e podem ser determinantes na conquista de pontos para o Mundial de Construtores.
Hamilton, Russell e Perez estão afastados do 4.º lugar, mas podem, entre eles, alternar posições. Em contrapartida, é importante realçar que é notório o fosso que existe com os restantes pilotos, já que o primeiro “dos outros” a aparecer é Fernando Alonso que tem menos 88 pontos do que Perez (150 pontos).
Red Bull não ameaça, Ferrari dá sinais de vida e McLaren concentra-se na vitória
A queda da Red Bull deixou outras equipas com vontade de aparecer e tornar assim o campeonato mais competitivo.
A McLaren renasceu a meio da temporada e quis assustar a Red Bull. Foram devagar, devagarinho, e têm agora um super carro capaz de ganhar corridas e subir ao topo dos construtores.
Já soma 566 pontos e só depende de si para liderar até Abu Dhabi e levantar o troféu de campeão. Tem mais 29 pontos do que a Ferrari que se tem aproximado a passos largos da equipa inglesa. Nas últimas seis provas, a McLaren venceu três corridas, conseguindo dois pódios com os dois pilotos presentes.
A Ferrari tem deixado boas impressões nas recentes provas, principalmente depois de conseguir dois triunfos consecutivos nos dois últimos Grande Prémios. A Red Bull parece já ter perdido a luta pelo título e só não corre riscos de ficar de fora do pódio porque a Mercedes está muito distanciada.
A equipa de Hamilton e Russell está na 4.ª posição com 366, a 146 pontos da Red Bull, e tem apresentado prestações medianas ao longo da temporada. Uma das razões pode estar assente no facto de o monolugar estar a ter desempenhos muitos diferentes, em corrida e treino, comparativamente com os resultados na qualificação. Essa tem sido uma das frustrações de Lewis Hamilton que revelou que o carro "mudou completamente" nas sessões de qualificação. Também no Mundial de construtores é percetível o decréscimo de qualidade em relação às outras equipas, uma vez que a Aston Martin surge no 5.º lugar, a 280 pontos da construtora alemã.
Já lá vai o tempo em que a Red Bull tinha asas
A construtora austríaca dificilmente vai conseguir voltar à liderança do Mundial de Construtores. Nas últimas corridas tem estado numa evidente quebra e até já perdeu a 2.ª posição para a Ferrari. Não vencem uma corrida há 11 grandes prémios, desde o GP Espanha (21-23 junho).A equipa liderada por Christian Horner tem agora 512, menos 25 pontos do que a escuderia italiana.
A vitória de Carlos Sainz e o terceiro lugar de Charles Leclerc ajudaram a Ferrari a somar 40 pontos, enquanto que a Red Bull só contou com os oito pontos do piloto neerlandês, já que Pérez terminou na última posição.
Outra das questões que tem dificultado a pontuação da Red Bull é Sergio Perez. O piloto mexicano há muito que não é capaz de acompanhar o seu colega de equipa, provocando algumas tensões quanto à sua continuidade na equipa.
É quase certo que o checo não vai sair até ao final da temporada, até porque restam apenas quatro provas. Nas últimas seis corridas, o piloto mexicano só angariou 20 pontos, enquanto que Verstappen conseguiu 59 pontos durante o mesmo período. Os rumores de uma possível saída de Sergio Perez surgiram noutra fase da temporada, mas parecem ter ficado na gaveta até ao fim de semana passado. Depois de em casa o mexicano ter terminado no último lugar, com um desempenho fraco, a Red Bull voltou a ser questionada sobre a continuidade de Perez, afirmando que "chega a um momento em que decisões difíceis precisam de ser tomadas".
Christian Horner, chefe da equipa austríaca, ainda fez questão de admitir que no México existiram vários problemas com o carro e que a falta de aderência foi uma constante durante as 71 voltas. Quando questionado sobre o título de construtores, Horner pareceu deitar a toalha ao chão: "Acho que será muito difícil. Nunca desistimos. Vamos dar o nosso melhor. Obviamente, precisamos dos dois carros a pontuar. A Ferrari voltou a pontuar bem e, em termos do Mundial, certamente estamos atrás".
Relativamente à qualidade do monolugar, tudo fazia prever que a Red Bull iria voltar a ter um ano dominador e que Verstappen não iria dar hipóteses aos seus adversários, mas não foi isso que aconteceu. Os dois pilotos começaram por ter dificuldades em conduzir o carro e baixaram as suas posições, em especial Sergio Perez. Em contrapartida, a McLaren melhorou com as afinações feitas ao carro e a Red Bull ficou para trás e nunca mais se endireitou. Um dos mais críticos foi Max Verstappen que rapidamente se fez ouvir e deixou algumas alfinetadas à equipa. "Da forma como estamos agora, somos maus em todo o lado, precisamos de mudanças. No ano passado, tínhamos um grande carro, o carro mais dominante da história, e basicamente transformámo-lo num monstro. Não há desculpas", comentou Max depois do GP Monza.
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