O piloto Armindo Araújo (Skoda) tenta este fim de semana que Portugal tenha um campeão nacional de ralis em 2024, numa luta a dois com o norte-irlandês Kris Meeke (Hyundai i20), que os regulamentos impedem que seja declarado campeão.
Alcobaça acolhe o Rali Vidreiro, a oitava e última prova do Campeonato de Portugal de Ralis (CPR), com Meeke a partir com uma vantagem real de oito pontos face ao rival de Santo Tirso. O piloto da Hyundai soma 157, mas terá de descontar o pior resultado (10 pontos na Madeira), somando uns reais 147.
Já Armindo Araújo, sete vezes campeão nacional (2003, 2004, 2005, 2006, 2018, 2020 e 2022), é segundo na classificação à partida para esta prova de asfalto, com 139 - ficou em branco no Rali da Água, em Chaves, ronda anterior, devido a um despiste, pelo que desconta zero pontos (tantos quantos os somados no pior resultado da temporada).
Ricardo Teodósio (Hyundai i20), que ocupa a terceira posição, tem 84 pontos e já não tem possibilidades matemáticas de revalidar o título conquistado em 2023, quando reeditou os feitos de 2019 e 2021.
Atendendo a que um estrangeiro não pode conquistar o título de campeão nacional, o cetro poderá ser entregue ao melhor português do CPR, ou seja, Armindo Araújo.
No entanto, a Federação Portuguesa de Automobilismo e Karting (FPAK) entende estar impedida de o fazer pelo Regime Jurídico das Federações Desportivas (RJFD), que determina que, “no caso de modalidades individuais, não podem ser atribuídos títulos a cidadãos nacionais”.
“Decorre do RJFD. Há federações com desportos individuais e outras com desportos coletivos. Nas individuais, o RJFD não permite que um estrangeiro seja declarado campeão nacional ou vencedor do campeonato”, afirmou o presidente da FPAK, Ni Amorim, considerando que esta legislação é “discriminatória” e contraria “os regulamentos europeus”.
E, segundo Ni Amorim, a FPAK “não pode ir contra a lei ou perde o estatuto de utilidade pública”.
Ao norte-irlandês basta terminar à frente de Araújo para garantir a primeira posição.
Já Armindo Araújo tem de conquistar nove pontos ao britânico (em caso de empate, a vantagem pende para o piloto da Hyundai, que soma cinco triunfos contra dois do português). Para isso, no melhor dos cenários, tem de vencer e esperar que Meeke termine abaixo do segundo lugar (terceiro ou pior) e não pontuar na ‘power stage’ (os três mais rápidos recebem três, dois ou um ponto).
Se Armindo Araújo for segundo (20 pontos), só será campeão se Meeke ficar abaixo de sexto (10 pontos), ou se for segundo, vencer a ‘power stage’ e o norte-irlandês não for além do quinto lugar (12 pontos).
Ainda será campeão se vencer a corrida e a ‘power stage’ (28 pontos) e Meeke terminar em terceiro (17 pontos) ou abaixo e não pontuar na ‘power stage’.
Na pior das hipóteses, no caso de Meeke não pontuar, Araújo precisa de terminar pelo menos na oitava posição (somando seis pontos) e vencer a ‘power stage’ (três pontos) para arrecadar o seu oitavo título.
“Partimos para o último rali do ano com motivos suficientes para fazermos uma grande festa de final de temporada. Fomos, durante todo o campeonato, a dupla nacional mais forte, e esse estatuto já ninguém nos tira. Sou o único piloto português com possibilidade de ser campeão e, como é obvio, gostávamos muito de juntar ao título de navegadores o de pilotos”, afirmou o piloto de Santo Tirso.
A baralhar estas contas, já de si complicadas, está outro pormenor regulamentar: para os pontos da ‘power stage’ serem atribuídos, é preciso que os 25 primeiros da classificação cumpram esta que é a derradeira especial da prova.
O Rali Vidreiro conta com 110 quilómetros divididos por nove especiais cronometradas, três na sexta-feira e seis no sábado, com epicentro em Alcobaça, naquela que é a oitava e última prova do CPR.
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