O tenista espanhol Roberto Bautista Agut criticou fortemente as autoridades do estado de Victoria, na Austrália, em virtude dos imperativos de quarentena impostos aos jogadores antes do Australian Open, cujo início está marcado para o proximo mês, afirmando que estar fechado num hotel é como estar numa prisão.
São já vários os jogadores, entre eles o próprio número um do mundo, Novak Djokovic, a terem questionado a necessidade de uma quarentena obrigatória em hotel, mas o responsável máximo por aquele estado australiano, Daniel Andrews, afirmou que tal era essencial de forma a travar a progressão da COVID-19.
"É como estar numa prisão, mas com WiFi", disse Bautista Agut, atual número 13 do ranking ATP, ao canal de televisão israelita 'Sport 5'.
"Estas pessoas não fazem ideia do que é o ténis e de que é preciso estar nos courts para treinar. É um desastre total. A Federação Australiana de Ténis não tem qualquer palavra, está tudo dependente do governo e dos oficiais de saúde", frisou.
Bautista Agut, que em 2019 atingiu os quartos de final da prova, admite mesmo que as atuais condições estão a condicionar mental e fisicamente os jogadores.
"É duro e penso que precisamos de uma grande força e trabalho mental. Temos de saber ser pacientes", admitiu.
O tenista terá, depois, tido noção de que as suas palavras terão sido demasiado duras, face à situação que o mundo vive atualmente, tendo recorrido à sua conta oficial no Instagram para se desculpar, dizendo ter-se tratado de uma conversa privada, que não deveria nunca ter sido veiculada pelos meios de comunicação sem o seu conhecimento ou consentimento.
"Tanto eu commo o meu treinador estamos a seguir os protocolos delineados pelo Governo Australiano e pela Federação Australiana de Ténis para evitar quaisquer riscos e garantir que podemos voltar a competir em segurança", escreveu Bautista Agut.
Responsável pelo torneio diz que maior parte dos tenistas apoia quarentena
Craig Tiley, reponsável máximo do Open da Austrália, afirmou contudo esta terça-feira estar certo de que a maior parte dos tenistas apoia a quarentena forçada a que estão sujeitos por parte do governo australiano, ainda para mais sabendo-se que há notícia de três casos de COVID-19 alegadamente ligados a participantes no primeiro torneio da época do Grand Slam.
Tiley diz que ligou a 500 jogadores para falar sobre a questão e que a "vasta maioria" se mostrou de acordo com o pesado protocolo imposto na Austrália.
"Os jogadores sabem que este é um contributo que têm de dar para poderem ter o privilégio de competir por um prize money que no total ascende a 50 milhões de euros", disse em declarações à 'Nine Network'.
Ainda assim, Tiley admitiu que os 72 jogadores que se encontram já nesta quarentena (entre eles os portugueses Pedro Sousa e Frederico Silva) estão em desvantagem em relação a outros que chegaram noutros voos e têm tido a possibilidade de treinar até cinco horas por dia. Isto porque uma série de passageiros - incluindo esses tenistas - que chegaram em três voos charter foram colocados nessa quarentena em hotel por 14 dias, sem possibilidade de treinarem no exterior.
Adaptem-se e sigam em frente, diz Victoria Azarenka
Uma das vozes que saiu em defesa dos organizadores foi Victoria Azarenka, que disse aos seus colegas tenistas para "aceitarem e adaptarem-se" aos regulamentos de saúde vigentes em Melbourne, mostrando empatia para com a comunidade local.
"Estar numa quarentena de 14 dias num quarto de hotel é difícil de aceitar, depois de todo o trabalho que desenvolvemos na pré-temporada para nos prepararmos para este primeiro Grand Slam da época. Percebo isso. Mas às vezes as coisas são assim e temos de as aceitar, adaptarmo-nos e seguir em frente", escreveu no seu Twitter.
Quem fez questão de partilhar a sua 'rotina' de quarentena, de forma bem disposta, foi Stefanos Tsitsipas.Não se pode, de facto, dizer que seja a mais aniamada....
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