
Aos 26 anos, Luís Perloiro alcançou a primeira vitória na Liga MEO Surf no Allianz Figueira Pro - https://www.instagram.com/p/DH1PSK4IhE8/ -, etapa inaugural da 1.ª divisão do surf português. Por essa razão, vestirá, pela primeira vez, a licra amarela de competição após mais de 10 temporadas (estreia em 2012) no circuito que apura os campeões nacionais.
“Finalmente”, foi a palavra escolhida por “Lula” antes de entrar no Sommersby Porto Pro, 25 a 27 de abril, em Leça da Palmeira, 2.ª paragem da temporada.
Acusará a pressão do momento por usar a licra Go Chill? “Só sei no dia”, respondeu ao SAPO DESPORTO. Um dia que podia já ter acontecido caso tivesse sido bem-sucedido nas outras duas finais (Cascais e Carcavelos) que alcançou na Liga MEO.
“Obviamente, não posso estar aqui a mentir, vou entrar com um certo peso, mas estou confiante que vai ser pouco, porque quero apanhar boas ondas, divertir-me, surfar bem e não estou muito preocupado com o resultado”, descreveu o estado de espírito para enfrentar a 20.ª edição da prova nortenha.
“Acho que vou entrar com aquela sensação de que ganhei a primeira (etapa), pelo menos tenho que passar o primeiro heat, depois o seguinte e vou procurar, se calhar, outra vitória”, adiantou. “Vai ser um bocado inconsciente esse processo, mas o que está mais presente, pelo menos de uma forma consciente, é mesmo divertir-me ao máximo e fazer boas ondas”, esclareceu.
O free surf e as viagens no mapa
Perloiro, surfista do Sporting Clube de Portugal, enveredou pelo free surf e é normal vê-lo nas ondas da Irlanda com o amigo inseparável, Pedro Boonman - https://www.instagram.com/pedroboonman/, a surfar no Rio Tejo - https://www.youtube.com/watch?v=ffUUIhfFZ8A ou vestir-se de personagens em pequenos filmes e curtas reproduzidas nas redes sociais - https://www.youtube.com/watch?v=F89oakZvnaM
“Nos últimos anos, o meu maior foco não é a competição, mas não deixo de gostar de competir e de querer ganhar”, frisou ao referir-se às escolhas feitas que o obriga a um modo de vida que envolve “viagens e busca pelas boas ondas do mundo”, avançou.
“Portanto, foi como um bónus na minha carreira, neste processo que, no fundo, tenho estado a desenvolver. Mas foi um bónus que me deixou muito feliz”, confessou.
Fez, e continue a fazer, o Qualifying Series (QS) circuito regional de qualificação. Nunca ganhou uma etapa, embora tenha conseguido “resultados interessantes”, relembrou.
Explica que este não foi e não é o caminho escolhido. Para andar na alta-roda do surf internacional, “é preciso uma motivação muito grande e uma entrega enorme. Temos o exemplo do Kikas (Frederico Morais). Tem a motivação para o processo de treino e uma entrega sobrenatural que é necessária para fazer este tipo de resultados internacionais com consistência”, explicou.
“Não tenho essa motivação, talvez porque aquilo que me move não é tanto a competição diretamente, é mais o surf em si”, revelou. Por isso, com naturalidade, em 2025, as etapas do QS “não será uma prioridade”, nem o vai “atacar com o objetivo de qualificar-me para o Challenger Series (circuito de qualificação)”, definiu.
“Vou priorizar a Liga e as viagens”, colocando no mapa “Cabo Verde ou Angola, perto da Namíbia” como destinos prováveis da próxima paragem fora de águas portuguesas.
Da Física para a Gestão
Surfista profissional, Luís Perloiro não descurou os estudos. Feito o 12.º ano, “entrei no Técnico, em Engenharia Física”, recordou. “Na altura, estava muito focado nas competições, só fiz uma aula, de Cálculo, e percebi que não dava para conciliar com o surf e o tempo que dependia em viagens e acabei por congelar a matrícula”, recordou.
Entretanto, novo cálculo entra nas suas contas para a vida. “Há dois anos, fiz transferência para a universidade Europeia. Estou no curso de Gestão, em pós-laboral, todos os dias da semana, das nove às onze. De certa forma, é pesado, especialmente quando estou em exames, mas consigo surfar praticamente o mesmo”, informou.
Adianta as razões da mudança. “A decisão foi também para preparar aquilo que vai ser a minha vida depois de não conseguir surfar mais, ou que o surf não me traga rendimentos suficientes. Mas, acima de tudo, sentia que queria estudar alguma coisa”, confidenciou. “Fosse o que fosse, para pôr a cabeça a mexer”, manifestou.
“Relacionado com este tipo de projetos de free surf e viagens, tenho de vendê-los, e, de certa forma, gerir uma imagem, vender uma imagem, que é a minha imagem. O curso tem coisas que me podem e que me têm ajudado”, rematou.
Comentários