O ex-recordista mundial da maior onda surfada Garrett McNamara destacou as excelentes condições com que contou a prova da Nazaré, do circuito mundial de ondas gigantes, que hoje decorreu na Praia do Norte.
"Logo de manhã o mar estava muito bonito, com boas condições, limpo e 'glass' (sem vento), mas os competidores não estavam a sobreviver, estavam a surfar. Contudo, à medida que a prova avançou, as ondas cresceram e ficou épico", realçou à Lusa o surfista que projetou a Nazaré para o reconhecimento mundial.
Segundo McNamara, a subida progressiva do tamanho das ondas, que de manhã bem cedo rondavam os 10 metros, mas que na final do campeonato já chegavam aos 15, permitiu que os surfistas com menos experiência no 'canhão da Nazaré' conhecessem melhor as suas potencialidades, sobretudo, no que toca aos tubos, a manobra rainha do surf.
Questionado sobre as razões que o levaram a ficar de fora da competição este ano, já que foi convidado pela World Surf League (WSL), McNamara explicou que a lesão que contraiu no ombro continua a impedi-lo de treinar a 100%, pelo que preferiu deixar a sua vaga para os mais novos.
"Dão-me um lugar todos os anos, mas desde a lesão que não me sinto preparado para lutar pela vitória. Assim, prefiro dar lugar aos ‘miúdos’", atirou o experiente surfista, de 51 anos, que bateu em 2011 o recorde da maior onda surfada no mundo, precisamente na Nazaré.
McNamara lembrou que já conquistou “muita coisa” e já alcançou “todos” os seus objetivos, pelo que “só aceitaria o convite da WSL para participar nesta etapa do circuito mundial (de ondas gigantes) se sentisse que podia ganhar".
“Mas, ainda não estou acabado. Estou a trabalhar para recuperar o melhor possível. Talvez aos 55 anos esteja pronto outra vez", afirmou, bem-disposto, o surfista nascido nos Estados Unidos, mas criado no Havai, que adotou Portugal como segunda casa.
O surfista sul-africano Grant Baker venceu hoje a prova da Nazaré do circuito mundial de ondas gigantes, superiorizando-se aos adversários na grande final, que contou com os portugueses Alex Botelho e João de Macedo.
Grant Baker mostrou estar numa forma incrível na bateria decisiva e conseguiu uma pontuação total de 25,04 pontos, deixando o brasileiro Lucas Chianca (que tinha vencido a última edição da prova) no segundo posto (23,31 pontos) e o basco Natxo Gonzalez no terceiro (22,71 pontos).
Os portugueses Alex Botelho (22,06 pontos) e João de Macedo (20,87 pontos) terminaram no quarto e quinto lugares, respetivamente, ficando apenas à frente do australiano Russell Bierke (18,89 pontos), sexto classificado.
Numa final com condições ‘de sonho’ e com as maiores ondas a aproximarem-se dos 15 metros, os competidores levaram ao delírio a multidão que se deslocou à Praia do Norte para ver o ‘canhão’ a funcionar.
A Nazaré recebeu pela terceira vez uma prova deste circuito, que conta com mais duas etapas: Mavericks, na Califórnia, e Jaws, no Havai, estando o período de espera em curso até 31 de março de 2019.
O australiano Jamie Mitchell venceu a primeira edição da competição nazarena, em dezembro de 2016, e o brasileiro Lucas Chianca a da época passada, em fevereiro último.
Cada 'heat' da prova, que tem um prémio monetário de 100.000 dólares (88.213 euros, ao câmbio de hoje), opõe seis surfistas, durante 45 minutos, qualificando-se para as rondas seguintes os três primeiros colocados.
A final da prova, que prevê ainda a atribuição de um prémio de 1.000 euros para o protagonista da onda mais desafiante (que foi entregue ao surfista basco Natxo Gonzalez), teve uma duração de 60 minutos e contou com 'big riders' (surfistas de ondas grandes) de Portugal, Brasil, Espanha, Austrália e África do Sul.
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