Terminou hoje em Miyazaki o ISA World Surfing Games 2019, campeonato que fará história do surf mundial e que terá Frederico Morais e a seleção nacional como alguns dos seus principais protagonistas. Depois de, na véspera, Kikas ter obtido a tão ambicionada vaga olímpica para Portugal, depois de uma jornada épica em que levou de vencida alguns dos maiores nomes do surf mundial da atualidade, Frederico acabou por ser batido, por margem mínima, na penúltima bateria das repescagens, muito perto de lutar por um lugar na final, vencida pelo brasileiro Ítalo Ferreira.
Para registo, Frederico foi eliminado em terceiro lugar, com 12.53, enquanto o segundo da bateria, o japonês Shun Murakami teve um score total de 12.57 e o vencedor do heat, o marroquino Ramzi Boukhiam somou 13.64. Por curiosidade, Shurakami acabaria por chegar à final, ficando em quarto lugar, atrás de Ítalo, do norte-americano Kolohe Andino e do brasileiro Gabriel Medina.
No final, Frederico Morais confessou-se algo insatisfeito por não ter ido mais longe na competição, mas consciente que o "o principal objetivo" estava cumprido: "Claro que o principal objetivo era o acesso aos Jogos Olímpicos, mas tinha na cabeça o que queria atingir e onde queria chegar. Infelizmente, não consegui alcançar a final mas sinto-me super feliz com o feito alcançado e mais otimista e preparado para o resto da temporada", disse o surfista à sua assessoria de imprensa.
Já o selecionador nacional, David Raimundo, e o presidente da Federação Portuguesa de Surf, João Aranha, tal como a restante comitiva, já só celebravam a conquista de um lugar nos Jogos Olímpicos.
"É o meu momento mais alto enquanto selecionador. Já conquistámos dois Europeus e três segundos lugares consecutivos em Mundiais mas conseguir o lugar olímpico é um sonho para mim e para todos nós. É evidente que queríamos já garantir a vaga masculina e a feminina mas conseguir este feito no Mundial ISA mais difícil, mais participado e competitivo de sempre é muito gratificante", declarou o técnico nacional David Raimundo.
O presidente João Aranha já pensa nas repercussões desta presença olímpica e no que isso representa para todo o surf nacional: "Na verdade, não sabemos o que vai acontecer, além do aumento dos programas olímpicos. Mas a verdade é que entramos na elite das elites. O torneio de surf olímpico vai ter 20 atletas e Portugal, para já, vai ter um deles. É um marco na História do surf nacional e mundial e seria bom que o Governo aproveitasse este momento para reconsiderar a aprovação de um decreto-lei caduco que diz respeito ao financiamento das federações e, especificamente, à remuneração dos seus quadros. Estamos a lutar pela profissionalização dos quadros de gestão e embora tenham dado um passo na direção certa, ainda estamos muito longe do ideal", atirou.
Finalmente, em jeito de despedida deste campeonato histórico, e em reação às muitas mensagens recebidas através das redes sociais e dos ecos que, entretanto, chegaram ao Japão, Frederico Morais quis deixar uma mensagem: "Aqui vamos tendo alguma noção do impacto deste feito em Portugal e é ótimo saber que estamos a fazer um bom trabalho para o surf português e para o Desporto em geral. Com esta qualificação olímpica quis alimentar os sonhos das nossas crianças e mostrar que com trabalho, esforço e dedicação, tudo é possível", sublinhou.
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