Francisca Veselko: "Não tenho pressão, sei que estou a fazer as coisas certas"

Ainda não é oficial, mas é oficioso. Francisca Veselko já está garantida no Challenger Series (CS), circuito de qualificação para o Championship Tour (CT).

Kika Veselko é segunda do ranking do Qualifying Series 2024-2025, circuito regional de qualificação para o CS, cuja quinta e última etapa decorre na Costa de Caparica, 15-19 de abril.

Os 1000 pontos na Caparica (QS1000) em disputa na prova feminina e os 6700 pontos que leva para a Caparica, e a vantagem para as demais, garantem-lhe o bilhete para requalificar-se e integrar o lote do top-4 de surfistas femininas com lugar reservado no CS 2025.

Teresa Bonvalot (5.ª), vencedora no ano passado da etapa portuguesa, necessita de um resultado sólido para requalificar-se. Na prova masculina (QS3000), Afonso Antunes (3.º da hierarquia) e Guilherme Ribeiro (19.º) lutam por um lugar entre as sete vagas disponíveis. Gui Ribeiro irá surfar na “sua” praia, local (praia do Paraíso) onde carimbou a presença no CS 2024.

A palavra consistência

O SAPO Desporto falou com Francisca Veselko, um dos atletas presentes hoje na conferência de imprensa de apresentação da 10.ª edição do Caparica Surf Fest e que contará com o líder do ranking masculino, Jorgann Couzinet, Frederico Morais (ex-CT), já apurado para o CS, Teresa Bonvalot e Janire Gonzalez Etxabarri.

No ano passado, Veselko terminou o CS no 19.º lugar, longe da luta pela qualificação para o circuito de elite da Liga Mundial de Surf (WSL).

“Simplesmente, foi um ano um bocadinho difícil, um bocadinho diferente, não me adaptei muito nas etapas, estive sempre um bocadinho perdida”, recordou ao SAPO DESPORTO, Kika Veselko.

“O free surf estava a correr bem, tudo o que estava a fazer, as minhas rotinas, a minha vida normal, mas estive um bocadinho sem perceber o que é que gostava e não gostava. Mas, agora, já estou encontrada com as pranchas e já estou com tudo muito mais organizado”, garantiu.

Cumprido o off season no Brasil, Austrália e Havai, o clique no ano de 2025 ocorreu na etapa do Qualifying Series que venceu com distinção em Marrocos (Anchor Point).

“Consistência. É algo que tenho vindo a trabalhar ao longo dos anos”, assumiu. “Sou uma surfista de dar manobras fortes, sempre dei muito manobras isoladas e estava a faltar-me, na onda, misturar um pouco, conseguir treinar mais a combinação de manobras e ter essa consistência, que é essencial”, realçou.

E é nessa consistência que, segundo a surfista de Carcavelos, reside a diferença. “Não basta um bom resultado para entrares, tens que ser consistente ao longo do ano. São muitas etapas, mares completamente diferentes, faltava-me arranjar uma prancha que funcione bem em mar complicado, porque a maior parte das etapas têm ondas difíceis e é preciso saber surfar mar mau, algo que trabalho bastante”, revelou.

“Quando for para acontecer, vai acontecer”

Requalificada para o Challenger (início em junho, em Newcastle, Austrália) antecâmara do CT, o circuito dos sonhos e ambições de todo e qualquer surfista, Francisca Veselko mantém a serenidade. “Está tudo encaminhado, estou positiva e acho que pode ser um bom ano, mas é não pôr a cabeça à frente dos bois”, avançou.

“Tenho pensado muito, tenho vindo a conseguir, cada vez mais, viver no presente. Visualizo muito, quero muito, mas acho que é muito importante estar presente, aproveitar o momento presente, etapa a etapa e não andar com essa ansiedade de quando é que vai acontecer, será que vai acontecer”, descreveu.

“Não tenho pressão, sei que estou a fazer as coisas certas. Quando for para acontecer, vai acontecer, seja este ano ou no próximo”, antecipou.

Para reforçar o pensamento, socorre-se do exemplo do marroquino Ramzi Boukhiam, qualificado à porta dos 30 anos depois de várias temporadas a lutar por um lugar. “Cada pessoa qualifica-se com a sua idade e quando for para acontecer, vai acontecer”, realçou a campeão mundial júnior da WSL.

Regressa à vitória na etapa marroquina e ao momento de viragem. “Por mais que o ano passado tenha sido um ano difícil, ganhar a etapa em Marrocos, demonstra que continuas com resiliência e se acreditares no processo, estiveres à tua volta de pessoas que confiam em ti, que te alimentam de uma forma positiva, treinadores, família, psicólogo, pessoas que te rodeias no dia a dia, grupo de amigos, acho que tudo dá certo, e o caminho é para a frente, sem dúvida”, frisou.

Por fim, deixa uma promessa para a temporada. “É continuar a lutar, ser consistente, sabemos que são mais derrotas do que vitórias, mas é como nos levantamos que faz a diferença”, rematou.