A Liga MEO Surf, circuito nacional que apura os campeões nacionais, arranca na Figueira da Foz, praia do Cabedelo, de 28 a 30 de março e termina sete meses depois, em Peniche, de 24 a 26 de outubro, em Supertubos, onda que integra o calendário do circuito de elite da Liga Mundial de Surf (World Surf League).
Porto, Matosinhos, de 25 a 27 de abril, Ericeira, Ribeira d’Ilhas, de 16 a 18 de maio, e Açores, Ribeira Grande, de 13 a 15 de junho, esta última a marcar a pausa de verão, completam o mapa do circuito organizado pela Associação Nacional de Surfistas (ANS).
As cinco etapas (Costa Nova, Ílhavo, é um evento especial feminino), das quais quatro entram nas contas para apuramento dos campeões, repetem o desenho traçado nos últimos anos no calendário da 1.ª divisão do surf português, onde os Açores continuam a ser a única paragem fora do eixo que liga Ericeira a Matosinhos.
Guilherme Ribeiro aponta ao tri
Guilherme Ribeiro e Teresa Bonvalot, campeões nacionais em título, entram na 15.ª edição da Liga MEO Surf vestidos com a licra amarela Go Chill.
“Gui” Ribeiro, 23 anos, campeão em 2022 e 2024, espreita o terceiro título para entrar numa galeria de surfistas onde cabe Frederico Morais, ex-Circuito Mundial, atualmente a tentar o regresso à elite mundial, e os já retirados José Gregório e João Antunes, pai de Afonso Antunes.
“É um número de títulos que quero chegar e espero que seja já este ano”, disse o surfista da Costa da Caparica (ASCC) ao SAPO Desporto à margem da conferência de imprensa de apresentação da Liga MEO Surf, que decorreu na Quiksilver Boardriders Ericeira, na Ericeira, Mafra.
“Sinceramente não sabia que o Kikas é tricampeão nacional. Olho mais no tri para o João Antunes, tricampeão da Costa”, confessou Guilherme Ribeiro, um dos rostos da nova geração do surf nacional que tem animado, nos anos recentes, a competição masculina, que conheceu três campeões nos últimos quatro anos: Frederico Morais, em 2020, Vasco Ribeiro, no ano seguinte (suspenso pelo período de três anos, até 2026, por ter recusado um teste de dopagem) e Joaquim Chaves, em 2023.
Teresa contra Teresinha
Teresa Bonvalot, 25 anos, pentacampeã nacional em 2014, 2015, 2020, 2022 e 2024, parte à procura da meia dúzia de títulos nacionais, número ainda distante dos 11 da recordista Patrícia Lopes.
“Os títulos acabam por ser uma consequência dos objetivos que ponho em cada prova que entro”, sublinhou a surfista do Sporting Clube de Portugal, que tem intercalado, nos últimos cinco anos, com Francisca Veselko, a subida ao mais alto lugar do pódio nacional.
Sem saber se disputará todas as provas em Portugal, por força dos compromissos internacionais do Qualifying Series (QS), circuito regional de qualificação, e Challenger Series (CS), circuito secundário da Liga Mundial de Surf (WSL), deixa a promessa repetida anualmente: “Nunca entro num evento para perder, não gosto de perder nem a feijões.”
“A minha maior adversária sou eu. É mesmo real, quer seja a competir, quer seja noutras adversidades que temos a nível pessoal ou profissional. Se não puxar por mim, se não tentar ser melhor todos os dias, ninguém o fará por mim. Por isso, sou a minha maior adversária, nós todos somos os nossos maiores adversários”, frisou.
“Relembrar isso acaba por acalmar, de certa forma, o coração”, acrescentou, ao antecipar um duelo “Teresa contra Teresinha” na Liga MEO Surf, circuito onde elege a Figueira como a etapa de “ótimas memórias”.
Ordonhas e Gabriela à espreita
À espreita, e a correr por fora nas contas do título nacional, apresentam-se dois novos rostos da nova geração: Francisco Ordonhas e Gabriela Dinis.
Terceira classificada na temporada passada e vice-campeã em 2023, Gabriela Dinis, da Quinta dos Lombos, Carcavelos, parte com ambição de escalar à ponta do pódio nacional.
“O que me tem faltado tem sido a consistência e quero mantê-la este ano para que me permita alcançar o primeiro lugar”, assumiu a surfista de 20 anos. “A disciplina e a consistência” são, para a aluna de Engenharia Biomédica, a chave do sucesso de um surfista de competição. “A motivação, essa, vai e vem”, explicou.
Francisco Ordonhas, 19 anos, admite “erros no ano passado” no circuito nacional. Para ultrapassar, quer replicar a “consistência alcançada lá fora”, no Europeu, onde foi campeão europeu júnior em 2023, e nos mundiais juniores, onde foi nono classificado.
O foco do atleta dos Lombos está na intromissão na luta pelo título. “Tenho treinado para isso e, se fizer o que tenho feito nos campeonatos lá fora, consigo”, antecipou.
O exame final
“Acreditamos que estamos com uma estrutura de Liga bastante equilibrada. Não conseguimos ir a todas as regiões do país, mas acredito que temos um calendário desportivo sólido”, referiu Francisco Rodrigues, presidente da Associação Nacional de Surfistas (ANS), responsável por organizar uma das melhores ligas mundiais.
“A Liga brasileira e a japonesa são as ligas mundiais com uma estrutura consolidada como a nossa”, comparou.
“Em Portugal, fala-se muito de outro tipo de eventos e competições no surf, e por vezes esquecemos a missão nobre da Liga, que é projetar as Teresas, os Guilhermes, os Ordonhas e as Gabrielas, que é um dos nossos desígnios”, sublinhou.
“Acaba por ser na Liga que temos o exame final”, catalogou. “É aqui que o Francisco Ordonhas e o Guilherme vão dizer quem é o melhor, que o Jaime Veselko, melhor júnior da Liga, lhes vai dificultar a vida, que a Teresa e a Gabriela disputam vitórias e repetem heats a nível internacional. É aqui que é o exame final”, reiterou.
Evento em França e a ida ao Algarve dos juniores
A Liga MEO é também sinónimo de prémios especiais: o Allianz Triple Crown, que premeia os melhores surfistas na soma das paragens na Figueira da Foz, Ericeira e Ribeira Grande. O Prio Best Wave premeia a melhor onda em cada etapa. A competição feminina tem honras de exclusividade no Bom Petisco Girls Score. Há ainda a melhor performance desportiva no Waversby Round e prémios reservados aos melhores surfistas locais nas etapas da Figueira da Foz, Ericeira, Ribeira Grande e Peniche.
Um dos aliciantes e novidade da edição 2025 é a possibilidade de os líderes do ranking, após a etapa dos Açores, entrarem no Quiksilver Fest 2025, evento especial em Hossegor, França, previsto para setembro e que reúne alguma da nata do surf mundial.
“O caminho da Liga MEO Surf é também criar oportunidades para os surfistas portugueses”, disse ainda o presidente da ANS.
Regressando às competições internas, “em termos de calendário da ANS colmatamos este ano uma lacuna e teremos uma competição no Algarve, em Portimão, que recebe a primeira etapa do Júnior Tour, a 8 e 9 de março”, revelou.
A competição aberta a surfistas mais novos aterra no Porto e Matosinhos, a 3 e 4 de maio, Aveiro, a 21 e 22 de junho, e termina em Santa Cruz, a 26 e 27 de julho.
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