O consulado de Portugal em São Francisco quer estreitar as ligações entre Portugal e a Califórnia através do surf e da conservação com diversas iniciativas ligadas à sustentabilidade e economia azul, disse à Lusa o cônsul-geral.
“Como eu costumo dizer, a Califórnia é Portugal em esteroides”, disse Pedro Pinto, em entrevista à Lusa à margem da conferência “Iniciativas de sustentabilidade da indústria do surf”, em San Diego, nos Estados Unidos.
“É quatro vezes maior, [tem] quatro vezes mais população, mas há muitas semelhanças e há uma empatia natural”, considerou. “Isto é algo que nós trabalhamos para promover sinergias que são mutuamente benéficas a nível político e económico, um nível macro, mas também é importante fazer isto a nível local”.
A conferência, organizada pelo consulado e pela TMA Blue Tech, reuniu uma audiência de surfistas, académicos da Universidade da Califórnia San Diego (UCSD), onde há um centro de excelência de oceanografia, ativistas ambientais, empreendedores e estudantes.
“Foi uma ideia que nós tivemos para elevar o perfil de Portugal na Califórnia com uma questão que une as duas costas Oeste, a costa Oeste dos EUA que é a Califórnia e a costa Oeste da Europa que é Portugal”, indicou Pedro Pinto.
“A ideia era usar o surf como instrumento de consciencialização na promoção da sustentabilidade”, referiu o cônsul. “Achámos que era um caminho interessante dentro desta lógica de fazer a ponte entre Portugal e a Califórnia, que têm imensas semelhanças”.
Com as semelhanças, disse, vêm também desafios comuns. “Um deles é a proteção costeira, outro é a utilização de energias renováveis offshore”, exemplificou. “É algo que vemos cada vez mais com relevância, esta ligação entre Portugal e a Califórnia, e [queremos] também através do surf promover isso”.
Durante a conferência, foi referido o conceito de “surfonomics”, que se debruça sobre a qualidade e impacto económico dos recursos naturais e do surf, e Pedro Pinto considerou que essa é uma evolução visível em Portugal.
“Hoje em dia não só se vê muita gente a fazer surf como se veem escolas de surf e há toda uma pequena indústria à volta disso, que beneficia os restaurantes, as pessoas que alugam casas fora”, indicou.
Isso nota-se, por exemplo, no impacto da Nazaré e da sua grande onda. “Eu diria que, a seguir ao Cristiano Ronaldo, é a segunda marca portuguesa mais conhecida no mundo e por isso tem de facto relevância económica”, frisou o cônsul-geral.
Sendo a Califórnia uma referência histórica, onde surgiu o surf moderno, a intenção destes eventos é trocar experiências e comparar os dois modelos. “Um mais antigo e muito estabilizado, outro que teve uma progressão muito interessante nos últimos anos e na Europa é líder, que é Portugal”, disse.
A conferência em San Diego serviu também de pontapé de saída para a Global Wave Conference, que vai decorrer entre Peniche, Nazaré e Ericeira de 02 a 04 de outubro.
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